A placa de ateroma se caracteriza por uma junção de fatores como alteração endotelial, disfunção lipídica e manifestações clínicas patognomônicas da doença inflamatória crônica que acomete artérias de grande e intermediário calibre, a aterosclerose.
Existem dois tipos distintos de placa ateroscleróticas (As placas ateroscleróticas apresentam dois tipos distintos), sendo elas estáveis, as que são constituídas de capa fibrosa espessa, poucas células inflamatórias e núcleos lipídicos menos salientes; e as instáveis, as quais se diferem por possuir fina capa fibrosa, intensa atividade inflamatória e núcleo lipídico saliente.
Manifestações da doença
Preferencialmente, as manifestações característica da doença se localizam (Localiza-se preferencialmente) na aorta abdominal, nas artérias coronárias, no segmento arterial ílio-femoral e na região encefálica; nas artérias carótidas internas e nas artérias do polígono de Willis, poupando as artérias dos membros superiores, as mesentéricas e renais, à exceção dos seus óstios .
O fenômeno aterosclerótico possui em sua constituição elementos como um núcleo acelular de lipídeos junto a um centro necrótico, envolto por células espumosas, detritos celulares, cristais de colesterol, cálcio, fibrina, trombos e proteínas do plasma; e ainda uma capa fibrosa extracelular junto a um tecido conjuntivo composto por células musculares lisas, linfócitos, colágeno, fibras elásticas, proteoglicanas e células de espuma, as quais representam macrófagos que englobaram quantidades de lipídeos. Essa placa quando desenvolvida completamente, possui depósito de lipídeos intra e extracelular.
A aterogênese inclui o desenvolvimento da placa de gordura, denominada placa ateromatosa quando sofre calcificação distrófica, na túnica interna da parede da artéria, devido a exposição a diversos fatores de risco os quais propiciam condições de injúria aterosclerótica ou endotelial. Este processo possui diferentes teorias com finalidade de explica-lo incluindo a teoria da resposta à retenção; teoria lipídica; teoria monoclonal; teoria da incrustação; e teoria da resposta à lesão oxidativa, sendo a última mais aceita por partir de uma lesão no endotélio vascular.
Após a lesão do endotélio, em pontos com perturbação no fluxo sanguíneo que apresentam níveis reduzidos do dilatador endógeno óxido nítrico, o qual desempenha função de inibição da vasoconstrição decorrente da ação da angiotensina ll, preservando vasodilatação, também ocorre a expressão aumentada de moléculas de adesão, junto a maior suscetibilidade para infiltração endotelial celular e macromolecular.
Os níveis das LDL plasmáticas as quais chegam ao endotélio, promovem um acúmulo dessas partículas na camada íntima arterial, e nesse local podem sofrer modificação oxidativa e outras alterações pró-inflamatórias, ou seja, ação dos mediadores inflamatórios como os monócitos. Espécies reativas de oxigênio (EROs) oxidam o LDL, que por sua vez estimulam a inflamação e promovem maior disfunção endotelial.
No interior da camada íntima, o LDL oxidado se liga aos receptores depuradores presentes nos macrófagos e células musculares lisas. Ao consumirem um excesso de partículas LDL oxidadas, os macrófagos inflam e transforma-se em células espumosas, que são precursoras da formação da placa aterosclerótica. Enquanto isso, a ação de fatores de crescimento e moléculas quimioatrativas nesse ambiente estimulam as células musculares lisas a migrarem e proliferarem, secretando assim uma matriz extracelular formando uma capa fibrosa que é essencial para a estabilidade da lesão.
Ao amadurecer a placa pode crescer expressivamente em sentido ao exterior do vaso sem invadir a luz do mesmo. Esse amadurecimento contínuo da placa resulta na formação de um núcleo necrótico o qual é resultante da morte das células espumosas, propiciando instabilidade da placa e continuidade da inflamação. Os macrófagos ativados produzem enzimas que degradam a matriz, atacando a capa de colágeno fibrosa.
Ao final, a placa instável caracterizada por uma capa fina e volumoso núcleo lipídico pode romper, expondo seu conteúdo altamente trombogênico ao plasma sanguíneo e originando um evento ateriotrombótico agudo.
Fatores de formação de manifestação aterosclerótica
Há diversos fatores que predispõem a formação da manifestação aterosclerótica, envolvendo o avanço da idade, obesidade/ hiperlipidemia, tabagismo, sedentarismo, herança genética como sexo e antecedentes familiares, estresse, radioterapia de cabeça e pescoço, além da hipertensão arterial e diabetes mellitus. Mais recentemente, outros fatores de risco foram reconhecidos, como a homocisteinemia aumentada, anticorpos anticardiolipina elevados e função plaquetária alterada (PICCINATO; CHERRI; MORIYA, 2001). Contudo, a Hipertensão Arterial e o Diabetes Mellitus são as etiologias mais encontradas em pacientes acometidos pela doença aterosclerótica.
A função fisiológica anticoagulante e anti-inflamatória do endotélio é comprometida pela doença de hipertensão, já que a mesma tem por consequência a danificação do revestimento da parede das artérias, acelerando o desenvolvimento dos ateromas, devido a um aumento da secreção de citocinas que estimulam a produção de moléculas de adesão, levando ao recrutamento de monócitos à superfície endotelial.
O Diabetes mellitus está associado a hiperglicemia, a qual induz diversas alterações no tecido vascular, podendo levar a aterosclerose, já que essa é caracterizada pelo acúmulo de gordura na parede dos vasos, sendo que esse fator pode ocorrer em ambos os tipos de diabetes, além de frequentemente estar associada ao aumento da espessura da camada íntima da artéria. É importante salientar que as situações supracitadas estão altamente relacionadas ao potencial desenvolvimento de doenças cardiovasculares.