A asma é a doença crônica mais comum observada no período da infância . Ela se manifesta por episódios de hiperatividade da traqueia e brônquios mediante a presença de estímulos, por consequência ocorre a obstrução do fluxo aéreo. Alterações na geometria e propriedades biomecânicas das vias aéreas são observadas devido a inflamação das mesmas, levando a maior produção de muco, retenção e diminuição do lúmen, ocasionando a persistência da obstrução do fluxo aéreo, que é responsável por causar sintomas como: falta de ar, tosse e episódios recorrentes de ronqueira. O que explica a severidade dos sintomas da asma em crianças é a fisiologia das vias aéreas que, por apresentarem um calibre menor, possuem menos tolerância à hiperatividade característica dessa patologia .
Considerada um grave problema de saúde pública, a asma além de evidenciar um impacto social também denota um impacto econômico, devido à sobrecarga que ocasiona aos serviços de saúde. Estima-se que 334 milhões de pessoas no mundo são acometidas com a doença. No Brasil, a patologia já foi diagnosticada em mais de 20% de crianças e jovens com a faixa etária entre 7 e 14 anos. Assim, o momento em que o indivíduo possui mais susceptibilidade para o aparecimento da asma é na infância, pois no período pré e pós-natal há uma imaturidade da resposta imune inata e adaptativa .
O desenvolvimento da asma
Segundo Rodrigues APZ e Otto L , o desenvolvimento da asma ocorre por reações alérgicas desencadeadas por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Dessa forma, os pais, familiares e cuidadores devem estar atentos para o reconhecimento dos fatores de risco que podem contribuir para o início das crises asmáticas, principalmente os aeroalérgenos intra ou extradomiciliares, tabagismo passivo, medicamentos e infecções das vias aéreas superiores.
Os ácaros da poeira doméstica, pelos/caspa de animais de estimação, baratas, fungos e pólens são os alérgenos intradomiciliares mais frequentes. Medidas como uso de capas em colchões e travesseiros, lavagem das roupas de cama com água quente, retirada de brinquedos de pelúcia, evitar o contato com urina/saliva dos animais de estimação, rigoroso controle de higiene ambiental a fim de evitar presença de baratas, estar atento ao excesso de umidade intradomiciliar para prevenir a formação de mofo e a proliferação excessiva de ácaros, são necessárias como formas de reduzir a exposição das crianças aos fatores desencadeantes. Vale ressaltar também que o tabagismo passivo intradomiciliar deve ser banido aos familiares que possuem convívio com menores que apresentam a doença, visto que a fumaça do cigarro está diretamente relacionada ao desencadeamento das crises ou desenvolvimento da asma .
As infecções respiratórias virais com rinovírus humano (HRV), especialmente os subtipos A e C, são os estímulos mais comuns para a exacerbação da asma. Quando se refere a crianças pequenas e lactentes a sibilância é frequentemente provocada pelo vírus sincicial respiratório (VSR). Já com menor frequência, também se observa a exacerbação da asma por coronavírus, metapneumovírus humano , vírus parainfluenza , adenovírus e bocavirus. A taxa de admissão hospitalar em crianças com idade escolar, por exacerbação da asma, está relacionada ao aumento sazonal de infecções por VD de setembro a dezembro e posteriormente na primavera. Percebe-se que interferons do tipo I são importantes respostas antivirais inatas aos vírus respiratórios. Dessa forma, em alguns pacientes com asma alérgica, pode-se observar a redução da geração de interferon induzida por vírus a partir de células mononucleares presentes no sangue periférico, células dendríticas plasmocitóides e células epiteliais brônquicas . Como comprovação, Benedicts FM e Attanasi M (2016) afirmam que tanto em asmáticos atópicos quanto em não atópicos foi encontrada a produção deficiente de interferon por meio das células epiteliais brônquicas em resposta aos rinovírus.
Сlassificação da asma
A asma pode ser classificada em leve, moderada e grave. Na forma leve o controle da asma é realizado com a etapa 1 ou 2 do tratamento, que é com corticosteróide inalatório-formoterol (ICS-formoterol) necessário, ou com tratamento de manutenção de baixa intensidade, que consiste em ICS de baixa dose, antagonistas dos receptores de leucotrienos ou cromones. Já a forma moderada é caracterizada por apresentar o controle na etapa 3 do tratamento, que é realizada com baixa dose de corticosteróide inalatório-beta 2 agonista de longa duração (ICS-LABA). Na forma grave se tornam necessárias as etapas 4 ou 5 do tratamento, com a administração de altas doses de ICS-LABA, a fim de evitar a perda do controle da asma ou a sua permanência na forma descontrolada mesmo após o tratamento .
Os primeiros passos para confirmação do diagnóstico incluem, além de uma história detalhada, um esboço dos sintomas respiratórios, os gatilhos para tosse, chiado e aperto no peito, falta de ar, tratamentos que já haviam sido instituídos tal como suas respostas, bem como um histórico familiar detalhado que questiona qualquer problema respiratório. Logo após essa coleta de dados e um exame físico detalhado, o passo seguinte é realizar uma espirometria com respostas pré e pós broncodilatadoras .