A vitamina B12 possui em sua estrutura um grupo composto por corrinóides, substâncias estas que possuem cobalto, por isso também conhecida por Cobalamina. Esta é estruturada por uma molécula de ribose, um fosfato e uma base nitrogenada (5,6-dimetil benzimidazol) ligadas ao anel corrina1. A sua síntese é promovida por microrganismos e por isso sua maior incidência em alimentos fermentados por bactérias ou por estas contaminados. Através principalmente da microbiota intestinal, os tecidos dos animais, em especial os ruminantes, também são fontes deste micronutriente, a depender do aporte de cobalto na dieta destes animais. Por isso os alimentos de origem animal, a carne em especial, são consideradas boas fontes de vitamina B12 em comparação com as de origem vegetal que possui apenas traços2. A recomendação de ingestão diária de cobalamina para adolescente a partir dos 14 anos (fora do período de gestação ou lactação), adulto e idosos é por volta de 2,4μg3, com necessidade de absorção de 1 μg/dia, e o nível seguro de vitamina B12 de ficar sempre acima de 350 pg/mL, garantindo mais segurança esse deve ficar acima de 490 pg/mL4. Em ingestão escassa ou restrita de alimentos de origem animal, faz-se necessário a suplementação deste micronutriente ou alimentos enriquecidos com este2.
Sua essencialidade na alimentação e saúde humana, se dá pela participação primordial em diversas atividades enzimáticas a nível celular no organismo5. Nos seres humanos atua primordialmente de duas formas: como metilcobalamina atuará como coenzima na metilação da homocisteína para metionina no citoplasma da célula, passo metabólico importante na síntese de DNA. E na forma de 5-desoxiadenosil cobalamina, atuando como coenzima na conversão da L-metilmalonil Coenzima A para succinil coenzima A na mitocôndria6. Compreendendo isso, sua deficiência causará sintomas e sinais diversos, por atingir diversas vias metabólicas simultaneamente5.
Siqueira et al. 7 define o vegetarianismo como sendo o consumo de uma dieta constituída primordialmente por alimentos de origem vegetal e a exclusão de produtos que são de origem animal, como carnes, pescado, podendo ou não consumirem leite e derivados e ovos e derivados. Neste caso o Guia Alimentar de Dietas Vegetarianas para Adultos8 classifica o vegetarianimos em relação ao consumo de produtos ou subprotudos animais: ovolactovegetarianos, lactovegetarianos e ovovegetarianos, e o vegetarianismo estrito que exclui o consumo de qualquer produto animal. Indo além, o veganismo exclui ainda qualquer produto que cause exploração e/ou sofirimento animal, considerado uma filosofia de vida9.
Comida vegetariana
Esta prática de alimentação vegetariana tem crescido nos últimos anos, e em 2012 numa pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), com indivíduos a partir de 18 anos, 10% dos homens e 9% das mulheres se declararam vegetarianos, estimando-se cerca de 5 milhões de pessoas vegetarianas no Brasil8. Encomendado pela Sociedade Vegetariana Brasileira, em 2018 o IBOPE revela que já são mais de 29 milhões de vegetarianos no Brasil, cerca de 14% da população nacional10.
Dentre os inúmeros motivos que influenciam às pessoas a adesão à dieta vegetariana, estão o direito dos animais; a ética, no não consumo e apoio a produtos que causem sofrimento animal; a saúde, com finalidades de reduzir risco de doenças e garantia de qualidade de vida e longevidade; o meio ambiente, pois como informado pela ONU, o setor pecuário é o maior gerador de erosão dos solos e poluição de água no mundo; e a religião, com doutrinas que incluem em seus hábitos alimentares a alimentação vegetariana 11,12. Argumentam ainda os adeptos destes hábitos que a matança e o sofrimento dos animais sejam cruéis e injustos, acreditam que o homem não tem o direito desta manipulação e destruição da natureza. Além destes motivos, alegam ainda que um quarto da população mundial não tem acesso à alimentação13, e segundo a SVB, 50% dos vegetarianos o são por essa finalidade7.
Entretanto a adesão por uma dieta vegetariana vai significar que o indivíduo possuirá uma boa saúde. É necessário estar atento às carências nutricionais resultantes desse tipo de dieta, como certos aminoácidos essenciais, vitamina B12 e D, cálcio e ferro não heme, e zinco14, que são encontrados em maiores quantidades em alimentos cárneos, havendo, portanto, e geralmente, a necessidade de suplementação sintética9. Dentre os malefícios pela deficiência destes componentes, encontram-se a saúde óssea, podendo resultar em osteoporose no caso de deficiência de vitamina D e cálcio, a anemia ferropriva, quando se há falta de ferro, e a carência de B12 pode causar anemia megaloblástica e transtornos neurológico15.
Diante do exposto, o presente estudo objetiva verificar na literatura o que se há dito a respeito das dietas vegetarianas e ovolactovegetarianas e sua relação com os níveis de cobalamina em indivíduos saudáveis.