As redes sociais acarretaram diversas transformações na sociedade, dentre elas, podemos evidenciar a possibilidade de expressão, mediada pelo computador ou smartphone. Essas redes permitem que uma pessoa possa construir uma imagem, relacionar-se com pessoas e expor suas ideias aos outros. Espaços esses onde são formados laços afetivos e a apresentação da imagem do indivíduo, por meio de seus perfis divulgados em suas páginas. Desta forma, podemos compreender que o usuário das redes sociais, ao interagir e comunicar-se com os demais, por meios de suas postagens, permite que as outras pessoas formem opiniões à sua imagem, utilizando dados e relatos deixados pelo usuário em suas publicações, como no Twitter que há muitos desabafos a respeito do corpo ideal, desejos que muitas vezes estão ocultos para os demais em volta dele, e tweets que promovem os seguidores apoiar, compactuar ou julgar o sentimento exposto ali, sendo assim uma ferramenta que permite inúmeros gatilhos aos jovens.
Através dos séculos a estética vem se aperfeiçoando e criando espaço na cultura social, onde as mulheres principalmente buscam dicas de beleza, procedimentos, uma moda a ser seguida para se encaixarem em um padrão da sociedade conforme os anos, cultura essa oriunda de uma sociedade machista onde impunha que as mulheres estivessem sempre bem vestidas, maquiadas, arrumadas, e depiladas para seus maridos, entretanto atualmente ainda com uma cultura que tem suas raízes a “mulheres perfeitas”, houve um crescimento no grupo de homens a procura de procedimentos estéticos, e em busca do corpo ideal imposto pela sociedade onde mulheres magras de cintura fina e quadril largo, com sobrancelhas preenchidas, bocas e olhos exuberantes, sem estrias ou celulite e homens robustos, de corpos atléticos, sem pelos no corpo e altos.
Visto que a saúde é deixada como segundo plano, no qual os procedimentos estéticos visam o exterior aceitável pela sociedade, onde o comércio desta área se molda conforme a demanda da clientela, cobrando absurdos e prometendo resultados milagrosos que sem uma dieta balanceada, atividade física e um estilo saudável não serão alcançados, visto que os procedimentos estéticos são a “cereja do bolo”. Logo o que as pessoas são a vida toda sendo em seu físico ou em seus hábitos alimentares e sociais, buscam receitas milagrosas, rápidas e de fácil acesso e custo, transformando-se num efeito rebote e contínuo e de frustrações recorrentes, levando o próprio corpo a extremos como a dieta do ovo, dieta da agua com berinjela, dieta da sopa, entre outras de cada moda que vem e vão.
Sendo assim através das consequências físicas, psicológicas e social, pode-se desenvolver transtornos alimentares como, anorexia, bulimia e vigorexia, muitos desses transtornos podem vir através de bullying escolar, críticas agressivas de familiares, amigos e conhecidos, a famosa “brincadeira” ou “é só a minha opinião”, e então as pessoas desenvolvem certas barreiras, problemas e se submetem a processos incisivos, alguns até definitivos, dietas da moda, sem se preocupar com os valores nutricionais do organismo, obsessão na quantidade em calorias, e todo o dinheiro, tempo, e sanidade, gastos com promessas vazias de uma indústria que lucra em massa sob pessoas com o mínimo (ou nenhum) nível de conhecimento básico ao assunto, que muitas vezes excluem e desvalorizam os profissionais da área da saúde.
Desde os primórdios mulheres de quadris, bustos e seios grandes eram vistas como férteis, como exemplo as estatuetas de vênus, entretanto através dos milênios, a beleza modifica-se conforme cultura, sociedade e comércio. Atualmente o corpo perfeito é aquele sem manchas, estrias, celulites, nem muito tecido adiposo, nem pouca massa muscular, lábios carnudos, olhos grandes e deslumbrantes, rostos com camadas grossas de maquiagem e botox, cinturas finas, quadris largos, seios firmes, entre tantos outros padrões a serem estipulados e seguidos.
A idealização do corpo ideal imposto, principalmente, pela sociedade que através dos anos impulsiona multinacionais que utilizam o corpo padrão como produto indireto, sempre estabelecendo um padrão de beleza, onde a cada década altera-se o ideal, as empresas do ramo de estética faturam com as inseguranças pessoais, ofertando “beleza”, cosméticos, procedimentos cirúrgicos, chás, cápsulas milagrosas e dietas extremamente restritivas, a fim de um resultado de um corpo estruturalmente belo e no protótipo aceitável pela sociedade, tornando assim um ciclo vicioso, onde a sociedade impulsiona o comércio, e vice-versa. (Castro & M.Catib,2014)
A cultura brasileira enraizada pelo patriarcado, cujo tinha princípios e padrões de o homem ser o provedor da casa, barbas, cabelos curtos, ternos, corpos sarados “masculinos”, enquanto mulheres sempre bem “afeminadas”, com princípios familiares, afazeres domésticos, culinários, saias e vestidos, além de parir ter total responsabilidade na criação dos filhos, sempre muito bem arrumada, e cheirosa.
Nas décadas passadas muitas atitudes, objetos e produtos eram titulados conforme o sexo, “maquiagem é coisa de mulher”, “cabelo curto fica igual homem”, entre outros, logo vemos que o padrão é moldável, e assim ao passar dos anos, os assuntos são mais discutidos e trazidos à tona perante a sociedade, logo essa cultura ,em pontos muito presentes na nossa sociedade atual, onde mulheres apontam outras mulheres, assim como homens também se colocam em lugar onde não tem fala, o julgamento torna-se algo incoerente a aparência de outros, onde essa impulsiona uma primeira impressão, assim é comum que as pessoas tentem se encaixar nesses padrões para serem melhores aceitas na sociedade, outra buscam o extremo para conseguirem se sentirem bem consigo mesmas, mas no final não passa de pessoas impulsionadas por outras pessoas e comércios em busca da aceitação do outro. (Boris & Cesídio, 2007)
A busca incansável por métodos invasivos é crescente entre ambos os sexos, que buscam aperfeiçoar seus “defeitos’ genéticos, com cirurgias plásticas, hormônios, exercícios físicos, pílulas e dietas da moda, é notório que apesar de efeitos colaterais ou pós operatórios a aceitação desses métodos invasivos ou não é fácil, visto que a maioria das mulheres já crescem nessa cultura e atualmente homens vêm aderindo mais tais procedimentos e estilos de vida, em busca de um corpo ideal, mas até onde eles poderiam se submeter para tal objetivo. (Campana et al, 2012)
Em busca do padrão muitas vezes as pessoas preferem agir por conta própria, perguntar a um amigo, pesquisar no Google, ler revistas, realizar procedimentos estéticos, adquirir produtos milagrosos, e em último caso, procurar um profissional da saúde habilitado a atender as demandas dessas pessoas prezando sempre a saúde mental e física.(Campana et al,2012)
As redes sociais predominam o fácil acesso desse conteúdo, onde podemos acompanhar diariamente, empresas, influenciadoras digitais que muitas vezes são pagas para realizar a propaganda de tal “pílula derrete gordura” ou “inibidor de fome”, ou “batom redutor de medidas”, onde logo a responsabilidade midiática é comprometida, visto que as pessoas buscam métodos fáceis e rápidos, para se livrarem do que os incomodam e cultivaram por longos anos, como um adulto que busca eliminar 20kg do dia para noite, e continua com os velhos hábitos não saudáveis, ingerindo pílulas em busca de um resultado duradouro e eficaz. A mesma também pode proporcionar gatilhos a aqueles que possuem ou não transtornos alimentares, que ao postar fotos ou publicações torna-se alvo de críticas, julgamentos e xingamentos e busca uma solução para a aceitação naquele meio, muitas vezes submete-se a vômitos propositais, limite de calorias, excesso de exercícios físicos, longos jejuns, procedimentos estéticos e invasivos. A pressão recebida no ambiente virtual é enorme, visto que atualmente esses servem para flertes, encontros, primeiras impressões, estilo de vida, uma verdadeira vitrine do seu “eu”, onde até as empresas solicitam a disponibilização do perfil para análise em entrevistas de emprego.(Serra & Dos Santos,2003)
No twitter por exemplo podemos encontrar diversos jovens cujo os tweets mostram esse desespero pelo emagrecimento, com sentimentos de vergonha ou raiva pelo corpo atual que possuem, nas postagens é nítido a quantidade de curtidas, re-tweets e comentários compactuando com a escrita ali, logo esses jovens estão propícios a transtornos alimentares como bulimia onde há o descontrole excessivo no consumo de calorias numa mesma refeição ou intervalo de tempo e após esse momento sente uma culpa enorme e tenta minimizar esse sentimento abusando de laxantes ou vomitando no intuito de minimizar o ganho de peso, anorexia que trata-se de uma distorção de imagem onde a pessoa se vê com mais quilos que a realidade e submete-se a jejuns, ingestão mínima de calorias, exercícios físicos exagerados, tudo no intuito também de perda de peso e vigorexia que é uma distorção da imagem corporal, com o objetivo de obter maior massa muscular, com o físico bem desenvolvido, que leva ao excesso de exercício físico e peso, dietas hiperproteicas, hiperglicídicas e hipolipídicas, além de consumo de esteróides anabolizantes, o uso exacerbado de suplementos, se já não o possuírem tais transtornos, onde o psicológico e o físico tem uma luta diária, as possibilidade de desenvolver um deles é maior.( Appolinario & M.Claudino,2000)
A saúde conceituada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”, deixada em segundo plano para os que sentem essa necessidade na busca pelo corpo ideal, visto que ao realizar procedimentos cirúrgicos têm noção dos riscos e complicações possíveis, tanto quanto o pós operatório, assim como as dietas milagrosas, ou jejuns prolongados realizados de forma errônea, onde não é pensado por um profissional nutricionista toda a qualidade, quantidade, adequação e harmonia da dieta, respeitando todas as barreiras e impossibilidades do cliente, sendo assim entregando uma dieta conforme a realidade cultural, financeira e social daquele indivíduo, prezando a ingestão necessárias de macro e micronutrientes, assim como em nutrição comportamental que visa muito além de dieta e sim o relacionamento entre o paciente e a comida, exercícios na melhora de compulsão de compreensão de dieta, de hábitos alimentares, com o objetivo não só de “ consumo calórico e necessidades de micros e macros nutrientes”, e sim um maior entendimento de refeição, de momentos aproveitados na hora de comer, entender a relação com o alimento, com o seu objetivo.
Logo nota-se que o padrão de beleza e o corpo ideal podem ser belos aos olhos de muitos, mas será se a aparência vale sua saúde, seu futuro, seus momentos em família e amigos, os objetivos que você almeja, e sonhos a serem realizados. Onde a saúde é posta de lado para atender o ideal, essa urgência em emagrecer, hábitos cultivados por anos e serem mudados do dia para noite, corte drástico em calorias, fraqueza, e eficácia na queima de gordura, encaixando-se no padrão aceitável a sociedade, que é moldável e daqui mais alguns anos seja outra moda.