O interesse em estudar a inteligência emocional frente às crises surgiu a partir de algumas reflexões e discussões acerca do tema, que posteriormente notamos que era um interesse em comum. Nas discussões apontávamos algumas crises vivenciadas e o seu devido impacto na saúde mental, ocasionando muitas vezes um sentimento de frustração, ansiedade, medo, e irritabilidade, que repercute em todas as áreas da vida, seja emocionalmente, academicamente ou profissionalmente, ocorrendo frente a uma situação em que não havia uma resposta estratégica já utilizada que nos passasse segurança, trazendo desconforto e desequilíbrio emocional devido a tantas incertezas.
Tendo em vista que o mundo organizacional é passível de instabilidades, seja econômica ou patológica, torna-se fundamental a discussão da temática neste campo de atuação. Diante do contexto citado, é muito importante a inteligência emocional frente ás crises seja de ordem emocional ou organizacional. Segundo Mayer & Salovey (1999), a inteligência emocional “é uma capacidade de distinguir, avaliar e expressar seus sentimentos e emoções com a finalidade de obter êxito em uma tarefa, promovendo crescimento emocional e intelectual”.
A inteligência emocional (IE) é um conceito que se popularizou a partir dos estudos de Daniel Goleman, psicólogo e escritor com reputação internacional, em virtude de seus estudos sobre o cérebro e a importância de desenvolver controle sobre as emoções. Em seu livro, inteligência emocional, publicado 1995, revolucionou o que se entendia por inteligência, que até então fora relacionado ao quociente de inteligência (QI). Goleman constatou que a inteligência emocional (IE) é um importante fator nos sucessos e insucessos dos indivíduos, já que grande parte das situações de trabalho e da vida envolve relacionamentos humanos, exigindo competências emocionais.
A inteligência emocional segundo Goleman (1996) pauta-se em cinco habilidades sendo eles autoconsciência, automotivação, autocontrole, empatia e sociabilidade, ou seja, uma pessoa inteligente emocionalmente precisa saber o que faz com os seus próprios sentimentos e com os sentimentos e emoções dirigidos a ele, e a partir daí como acontece suas interações sociais.
Assim, a partir desse entendimento, compreende-se a importância da mesma ser discutida e trabalhada no meio organizacional, visando favorecer o crescimento intelectual e emocional dos trabalhadores.
As emoções desempenham um papel fundamental para o desenvolvimento e regulação das relações interpessoais. Por conseguinte, com o passar dos anos a inteligência emocional tem ganhado espaço para discussão nas organizações, pois os gestores e funcionários têm constatado sua significativa importância para a tomada de decisões, convivência e enfrentamento de crises, pois o manejo das emoções repercute tanto interação com os colegas de trabalho como no desempenho das funções.
Tanto o contexto interno da empresa quanto o externo, afetam a percepção do individuo, em virtude do bombardeio de emoções que o atingem , prejudicando sua saúde e bem-estar. Segundo o grupo de qualidade de vida da OMS (Organização mundial da Saúde) sob a coordenação de John Orley, qualidade de vida é “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (WHOQOL Group, 1998, p. 1569).
Perante aos argumentos citados, é perceptível o quanto IE (Inteligência Emocional) é importante para o sucesso e continuidade da empresa e do trabalhador, pois, as circunstâncias que podem aparecer em um dia comum de trabalho giram entorno do relacionamento interpessoal, precisando de equilíbrio quanto às emoções, visto que, mesmo que haja problemas, o sujeito está suscetível a fazer escolhas sem prejudicar de forma intensa sua qualidade de vida.
Foi escolhido esse tema para realizar a pesquisa por se presumir o quanto é relevante ser inteligente emocionalmente no enfrentamento de uma crise. Visto que, uma crise pode suscitar diversas reações dependendo do indivíduo, e também trazer adoecimento psíquico para o mesmo. Segundo Sá, Werlang e Paranhos (2008), a crise é compreendida como um estado de desequilíbrio emocional que, por sua vez, ocorre quando o equilíbrio entre o indivíduo e seu entorno é rompido, e este se vê incapaz de usar estratégias que costumava utilizar em situações que o afetavam emocionalmente.
De acordo com Fonseca (2002), uma pesquisa possibilita o entendimento e a interferência na realidade investigada, sendo, pois, um processo permanente e inacabado. Entende-se que mediante a isso este trabalho poderá ser utilizado como recurso material para uma nova pesquisa no campo científico. Segundo Figueiredo (2002), o desenvolvimento do texto de uma pesquisa aplicada pode ser dividido em três partes: revisão teórica, metodologia e análise de dados. A partir desse entendimento foi escolhido este modelo para a construção do presente estudo, utilizando como método a revisão bibliográfica.
A partir do que discutido até o momento, é notório os resultados decorrentes da presença do IE nas organizações. O bem estar e a produtividades dos trabalhadores tendem a aumentar, mesmo em meio a grandes dificuldades, ou seja, existe como consequência benéfica a possibilidade de evitar conflitos e na pior das hipóteses, um adoecimento mental. Portanto, uma pessoa que possui uma inteligência emocional consolidada tem mais habilidades para resolver conflitos que está exposto dentro do ambiente de trabalho e alcançam resultados positivos, além de desenvolver aptidões necessárias e manter uma boa qualidade de vida.
É válido ressaltar que, esse artigo tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica contemplando materiais sobre a importância da IE em momentos de crise que acontecem dentro ou fora do trabalho que interferem na tomada de decisões e interações sociais, e qualidade de vida do sujeito. Portanto, mediante ao tema proposto, os resultados e discussões será dividido nos seguintes subtópicos abordando o conceito de inteligência emocional, emoções no trabalho, conceito de crise e, por fim, a importância da inteligência emocional frente às crises.