Nos dias de hoje, a inovação tecnológica vem se consolidando cada vez mais no dia a dia de profissionais da área da saúde. Desde o início do século XXI, a sucessiva busca pelo conhecimento na área médica culminou no desenvolvimento de tecnologias de ponta, que propiciaram um aperfeiçoamento de técnicas cirúrgicas empregadas no passado . Os procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos possuem como objetivo a redução de complicações intra e pós-operatórias, reduzindo assim a morbidade cirúrgica, com consequente melhora na qualidade de vida do paciente. Além disso, proporcionam ao cirurgião amplificar e facilitar o emprego de suas habilidades cirúrgicas
Esta evolução tecnológica presente no contexto de saúde brasileiro proporcionou uma melhoria na qualidade de vida da população, já que os avanços tecnológicos em procedimentos minimamente invasivos, permitem uma melhora em diversas áreas da medicina, como a preventiva, diagnóstica, terapêutica e intervencionista .
A fístula vesicovaginal
A fístula vesicovaginal (FVV) é o tipo mais comum de fístula do trato urinário feminino, podendo ocorrer como consequência de trauma obstétrico, cirurgias, infecções, radioterapia, endometriose profunda, fratura de ossos da pelve, doenças malignas ou anomalias congênitas, com a incidência variando entre 0,3 a 2% . Nessas fístulas, existe uma comunicação anômala entre a bexiga e a vagina, ocorrendo assim, uma perda contínua de urina por via vaginal. Esta patologia gera consequências à saúde física e emocional/psicológica das mulheres afetadas .
O diagnóstico da FVV é realizado inicialmente através de uma anamnese minuciosa, onde é necessário caracterizar o tipo de perda urinária do paciente, além disso, deve-se observar se existe história pregressa de cirurgias, radioterapias e traumatismos uroginecológicos. Posteriormente, no exame físico, deve-se tentar identificar o orifício da fístula no canal vaginal, bem como sinais de infecções locais ou presença de corpos estranhos. No entanto, nem sempre é possível identificar o orifício fistuloso através do simples exame físico, sendo que em alguns casos podemos lançar mão do teste com infusão de azul de metileno intravesical, que pode confirmar o diagnóstico.
A cistoscopia
A cistoscopia é um exame obrigatório, já que permite avaliar a integridade uretral, localizar e caracterizar o orifício da fístula e sua relação de proximidade com o meato uretral, permitindo então uma programação curativa mais adequada e segura. Outros métodos diagnósticos podem ser usados em casos de dúvida, como a tomografia de vias urinárias, urografia excretora, histerossalpingografia, cistografia, pielografia ascendente, ultrassonografia e ressonância magnética.
O tratamento clássico para a FVV é cirúrgico, sendo que em raros casos a abordagem clínica exclusiva consegue ser efetiva . De tal forma, a inovação tecnológica se mostrou promissora no cuidado da FVV, onde técnicas por via videolaparoscópica permitem o diagnóstico e tratamento precoce mais assertivo, além de menor custo. Além disso, a vídeolaparoscopia gera uma menor agressão ao paciente, proporcionando o retorno precoce às atividades básicas diárias .
Em virtude dos fatos mencionados, é de suma importância que os profissionais da área da saúde possuam o devido “know-how” teórico e prático, afim de solucionar da melhor forma possível os problemas carregados pelos pacientes (MARIOTTI, 2018). Dado o exposto, este trabalho visa explanar as vantagens proporcionadas pelas tecnologias aplicáveis na área cirúrgica para correção das fístulas vesicovaginais, bem como suas repercussões em todo o contexto clínico do cuidado em saúde.