A aquicultura consiste na produção, em ambiente parcial ou totalmente controlado, de organismos com habitat predominantemente aquático, tais como peixes, camarões, moluscos, algas, entre outras espécies (RODRIGUES, et al, 2012). O elevado crescimento populacional mundial faz com que a demanda por proteína de origem animal seja cada vez maior, assim a aquicultura surge como uma das principais alternativas para suprir essa demanda, visto que a produção pesqueira se mantém estagnada. Segundo dados da FAO (2019), a produção global aquícola em 2017 foi de 111,9 milhões de toneladas, sendo 18 milhões de toneladas a mais que a produção pesqueira para o mesmo ano.
Dentre as áreas da aquicultura, a carcinicultura, que trata da criação de camarões, apresenta grande destaque. O cultivo de camarões no mundo se desenvolveu essencialmente a partir dos anos 1980, sendo que a atividade exibiu uma evolução de mais de 20% entre os anos de 1985 a 1990 (PEREIRA, 2004). O camarão marinho Litopenaeus vannamei destaca-se como a espécie mais cultivada no mundo, com 4,45 milhões de toneladas em 2017 (FAO, 2019).
De acordo com Ormond et al (2004), a viabilidade do criação em escala comercial do camarão marinho no Brasil se deu por volta da segunda metade da década de 90. Segundo o mesmo autor, esta foi obtida graças à rápida adaptação da espécie L. vannamei às condições tropicais de clima, solo e água, principalmente as encontradas no litoral do Nordeste brasileiro. Ribeiro et al, (2014) relata que a carcinicultura é frequentemente associada aos impactos ambientais, principalmente pela ilegalidade dos produtores, falta de fiscalização e a busca pelo lucro imediato. Este mesmo autor ressalta que é necessário um maior investimento em pesquisa, tecnologia e fiscalização para que esta atividade permaneça sendo rentável e torne-se sustentável.
O cultivo de camarão marinho em sistema de recirculação (RAS – sigla em inglês Recirculation Aquaculture Systens) surge como uma alternativa de modo a promover o crescimento do setor de forma mais sustentável. Para Santiago (2016), esses sistemas são um conjunto de estruturas, que tem por finalidade tratar água oriunda das estruturas de cultivo, para que se restabeleçam padrões mínimos da qualidade de seus parâmetros físico-químicos para o bom desenvolvimento dos organismos cultivados, de forma ininterrupta.