Os camarões da espécie Litopenaeus vannamei são encontrados em ambiente natural desde o leste do Oceano Pacífico, no México, até o norte do Peru, se mostrando bem presente na faixa costeira do Equador, mas atualmente já é considerada uma espécie cosmopolita (SANTOS, 2001; JORY & CABRERA, 2012). Esta espécie marinha prioriza fundos lamosos, sendo encontrada desde a região infralitoral até profundidades em torno de 72 metros (BARBIERI-JÚNIOR & OSTRENSKY-NETO, 2002), em ambiente natural os machos podem chegar a 187 mm e as fêmeas até os 230 mm de comprimento total (JORY & CABRERA, 2012).
Rapidamente essa espécie apresentou sua grande rusticidade, se desenvolvendo bem em meio a um elevado conjunto de condições ambientais e exibindo níveis de produtividade e de competitividade bem melhores que os obtidos com as espécies até então cultivadas (BARBIERI-JÚNIOR & OSTRENSKY-NETO, 2002).
Jory & Cabrera (2012), relatam que o camarão branco do pacífico se adéqua bem a aquicultura por que: cresce bem em cativeiro; pode ser estocado em densidades elevadas; cresce rápido e em taxas uniformes; possui requisitos comparativamente baixos de proteína (20–25%); e se adapta bem as condições ambientais.
Segundo dados da FAO (2019), somente em 2017 foram produzidas cerca de 4,45 milhões de toneladas de camarão da espécie L. vannamei no mundo inteiro, sendo 60.000 toneladas produzidas no Brasil.
Sistemas de recirculação
A carência de espaço para ampliação e novos locais (devido a competitividade com outros interesses), a baixa disponibilidade de água e os cuidados com o meio ambiente são consideradas os principais empecilhos para uma maior expansão da aquicultura tradicional (BADIOLA et al, 2012). Conforme Lima e Kebus (2008), os métodos de cultivo convencionais demandam grandes volumes de água e, em boa parte do mundo, esses métodos de produção já se mostram inviáveis, devido à escassez tanto de água como de área. De acordo com esses mesmos autores, o cultivo em Sistemas de Recirculação na Aquicultura (RAS) surge como uma alternativa, já que são sistemas compactos e flexíveis, ademais, pelo fato da água recircular inúmeras vezes, esses sistemas ofertam uma economia hídrica bastante significativa.
Como a indústria aquícola se torna cada vez mais intensa, o foco na qualidade da água nas estruturas de cultivo também se eleva, assim, o aumento da produção oriunda de sistemas de reuso de água concentra a atenção no tratamento de água (LEKANG, 2013a). No continente europeu, vários países como Dinamarca, Reino Unido e Irlanda, estão migrando para os sistemas RAS, fundamentando suas alterações por questões sustentáveis (BADIOLA et al, 2012).
Os RAS têm como princípio básico o tratamento da água de cultivo através de uma série de processos sequenciais (SUANTIKA et al, 2018). Lima & Kebus (2008) relatam que esses sistemas são compostos pelos tanques de cultivo, bombas de recirculação e uma série de equipamentos e estruturas para tratamento da água, os quais removem resíduos, realizam a nitrificação, retiram dióxido de carbono e oxigenam a água antes que ela retorne para as unidades de cultivo.
Conforme Lekang (2013b), um sistema RAS inclui as unidades de cultivo, um sistema de tratamento de água e uma bomba adaptada responsável pela circulação da água no sistema, onde os dois últimos compõem a principal diferença entre um sistema tradicional e um sistema RAS. Segundo este mesmo autor, o sistema de tratamento da água é considerado o coração do sistema de recirculação, e pode abranger processos físicos, químicos e biológicos, para melhorar a qualidade da água até níveis aceitáveis.
Para Kubitza (2006), um sistema de recirculação pode ser composto por seis componentes básicos, porém alguns processos e equipamentos podem ser inseridos com o intuito de melhorar a eficiência do sistema. De acordo com esse mesmo autor, esses componentes são: tanques de cultivo; filtragem mecânica; filtragem biológica; sistema de aeração/oxigenação; sistema de bombeamento, abastecimento e drenagem; e unidade de quarentena.