A educação voltada para um ambiente de paz

A ABRANGÊNCIA DO SENTIDO DE PAZ

A paz não é uma simples palavra a ser pronunciada é preciso tomar sua conotação mais abrangente, podendo abarcar o homem em si mesmo com seus sentimentos pessoais e nas relações com os outros, e indo muito além como conflitos políticos, religiosos, culturais, sociais, econômicos e chegando ao extremo do desprezo total pela vida, causando guerras e mortandade por interesses de uma minoria dominante que busca se sobrepor sobre os demais.

Também diante da soberania de um sujeito, povo ou nação, ameaçando a tranquilidade das pessoas, isto através da utilização de discursos que ferem a dignidade desses, e provocando o desencadeamento de confrontos, sendo necessário à procura de um diálogo apaziguador para resolução de tais conflitos, e em última instância o uso de força proporcional de autodefesa para o reestabelecimento da paz.

É preciso compreender também o sentido essencial da paz para o cristão, onde a totalidade da justiça se empenha na busca e na entrega desse bem universal, tendo sempre como base o próprio Cristo Jesus, trazendo e vivendo a sua mensagem de serenidade perante as injustiças do seu tempo e bem atual para hoje.

Quando se averigua no evangelho segundo são Mateus 10,12, a ordem para entrar nas casas e saudar aos presentes com a paz, um gesto cotidiano no seu tempo, mas profundo de significado diante do outro, algo do interior para ser concreto na vida da habitação de uma família. E ainda em Mateus 5, 9 quando diz: “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”, é a concretude, um preceito, onde o Senhor traz a paz para o homem, e esse precisa trabalhar para leva-la aos demais, é um assemelhar-se em atitude ao Criador, que diante dos sofrimentos das suas criaturas se compadece e quer dá-lhes a tranquilidade.

Dessa maneira, a humanidade deve avançar nas suas motivações e atitudes para promover uma paz abrangente para todos, onde os valores da pessoa humana devem ser realizados em todos os âmbitos de justiça, seja social, econômico, cultural, religioso, psicológico.

OS CONFLITOS GERADORES DO ÓDIO

O ser humano tem suas tendências, seja para o bem ou para o mal, tem pensamentos e posicionamentos iguais ou contrários ao seu semelhante, e isto pode gerar práticas conflituosas, ocasionando reflexos na história humana, onde espaços de tempo longos e curtos foram marcados por guerras, e milhares de vidas e até nações desapareceram pelas atrocidades do próprio homem à sua própria espécie.
Por isso, o gênero humano não pode se apegar ao mero materialismo para garantir a sua existência sem se preocupar com os outros habitantes do mesmo ambiente de mundo, é preciso reconhecer-se como um ser consciente, que precisa agir não somente por impulsos irracionais e violentos causadores de dores, é necessário adentrar ao espiritual, ao transcendente e ao racional, para conseguir compreender o verdadeiro valor da vida individual e comunitária, procurando resolver os conflitos para construir uma paz genuína, fundada na justiça e na caridade, começando aqui e tendo sua plenitude no Reino celeste. Então, é preciso observar que a

A paz é um valor e um dever universal e encontra seu fundamento na ordem racional e moral da sociedade que tem as suas raízes no próprio Deus, “fonte primária do ser, verdade essencial e bem supremo” . A paz não é somente ausência de guerra e tampouco um equilíbrio estável entre forças adversárias , mas se funda sobre uma correta concepção de pessoa humana e exige a edificação de uma ordem segundo a justiça e a caridade (CDSI, p. 275).

Sendo dessa maneira um olhar e sentir caridosos para reagir justamente perante as diferenças e indiferenças diante do pesar alheio, não somente pelas formações éticas humanas, baseado e fundado na justiça civil, mas abrindo-se a uma verdade superior, que faz compreender a origem da prática do agir retamente no próprio Deus, fonte da vida humana, criando todo o existente por amor, como relata o livro do Gênesis no capítulo primeiro, onde cada momento daquilo que era criado Deus via sua bondade presente. Perante tudo, o homem precisa ir além do material e de interesses favoráveis a si mesmo, fugindo de um individualismo para conseguir alcançar uma ótica que vislumbre a dependência de todo um conjunto fisicamente constituído e tendente ao espiritual, e isso será se tornará mais próximo quando procura do materialismo como finalidade der lugar ao transcendente como meta.

E ao olharmos esse desenrolar, perceberemos que a paz precisa ser almejada na sua completude, onde a sua falta deve dá lugar a sua busca constante, e por isso, a ausência de conflitos não se caracteriza a não existência de guerras, pois, os tumultos se fazem sem alardes, em um primeiro desabrochar de descontrole humano, partindo da fragilidade, da ganância e de tantos outros modos, ou seja, o frágil aspirando sair dessa condição, ou tendo aquele ganancioso que avança em conquistas sem se preocupar com a condição do outro.

E nesses momentos onde a figura humana se digladia, como se a sua vida está voltada para uma cadeia alimentar, e o centro dela são os detentores dos maiores poderios econômicos ou até mesmo por indivíduos que se sentem dominadores de territórios, e quando o interesse dos possuidores de poder se sentem ameaçados, nos seus moldes de negociações ou de dominação, se insurgem contra aqueles que os ameaçam de algum modo, provocando os conflitos e ódio entre os semelhantes puramente por desejos de alguns.

A IGREJA E O SEU DESEJO DE PAZ PARA TODOS

A Igreja é uma defensora da vida, um bem precioso doado pelo Criador, e não ver com bons olhos o perigo de guerra e o desenvolvimento de armamentos bélicos com a finalidade de destruição, que disseminam milhares e milhões de pessoas, e muitas dessas ceifadas inocentemente, sem distinção entre elas, gerando dores em sua maioria insuperáveis, uma luta de defesa ou de desejos ambicionados por poder de possuir, por isso

O Magistério condena “a desumanidade da guerra” e pede que seja considerada com uma abordagem completamente nova : de fato, “não é mais possível pensar que nessa era atômica a guerra seja um meio apto para ressarcir direitos violados” . A Guerra é um “flagelo” e não representa nunca um meio idôneo para resolver os problemas que surgem entre as nações: “Nunca foi e jamais o será” , porque gera conflitos novos e mais complexos . (CDSI, p. 277)

A dor marca cada sujeito envolvido direta ou indiretamente em ações belicosas, pois as mesmas não fazem acepção de pessoas, as atrocidades que ocorrem mancham por muitas gerações os habitantes de cada região atingida pela ferocidade das armas.

A evolução dos armamentos se tornaram cada vez mais atrozes nos conflitos, e os mortos crescem cada vez mais nesses confrontos, e chegando a aos tempos recentes, com as bombas atômicas, dizimando milhões de seres humanos e fazendo desaparecer até mesmo cidades com seu poder de destruição.

A Igreja se mostra temerosa quanto a iminência de guerras, principalmente por ferir a dignidade de todos os habitantes de uma nação, não somente fisicamente, mas na completude do ser, e levando em consideração as gerações procedentes, que ficarão caracterizadas pelo momento passado precisando de auxílio para uma reconstrução, sendo isso extremamente penoso no olhar humano e financeiro, causando problemas de desemprego, fome, sede, falta de moradia, doenças psicológicas com a falta de esperança, a perda da paz, a tristeza, angústia, a dor de um falecido, o ódio pela outra nação, etc.
Dessa maneira a ótica cristã quer com a Sã Doutrina da Igreja, alertar para a grande importância de cada pessoa com seus direitos e deveres, constituídas e inseridas dentro de uma sociedade para ser acolhidas pela mesma, para contribuir e ter o amparo na própria, assim é preciso dá um enfoque no que diz a Carta Encíclica Pacem in Terris:

Em uma convivência humana bem constituída e eficiente, é fundamental o princípio de que cada ser humano é pessoa; isto é, natureza dotada de inteligência e vontade livre. Por essa razão, possui em si mesmo direitos e deveres, que emanam direta e simultaneamente de sua própria natureza. Trata-se, por conseguinte, de direitos e deveres universais, invioláveis, e inalienáveis .

A paz é um desses direitos, e é preciso tê-la também como um dever a ser buscado por cada pessoa, principalmente pelos poderosos, detentores de um poderio financeiro e político capaz de construir e desconstruir as relações de amistosas em desumanas, deixando de lado o bem de toda uma coletividade para avançar em embates, ferindo a liberdade de uma maioria em prol de um sistema dirigente manipulador, transformando ações que poderiam caminhar diplomaticamente, mas convergem para um agir desrespeitoso de ideias pacíficas com finalidades de destruição sem se preocupar com as vidas envolvidas quando se gera esses choques de forças.

A IGREJA COMO PROMOTORA DA PAZ

Uma grande parte da humanidade tem um desejo de paz, quando se é observada as diferentes expressões dos diversos povos e pessoas, mas, de modo especial uma instituição vem lutando a muito tempo por essa conquista, que é de difícil concretude na vida terrena, mas não a faz desistir ou desanimar desse objetivo, é a Igreja Católica com seus pastores e os fiéis cristãos, manifestando esse desejo nos escritos do seu Magistério, gritando de maneira diplomática para os poderosos das grandes potências, almejando alcançar esse escopo, pois (CDSA. p.287)“A promoção da paz no mundo é parte integrante da missão com que a Igreja continua a obra redentora de Cristo sobre a terra”. O Cristo em sua missão de anúncio do Reino foi naquele tempo, é hoje e sempre será a voz a ressoar um ensinamento de paz viva, onde só poderá ser possível no encontro com Ele, e a Igreja é como uma mediadora e propagadora da Boa Notícia.

Por isso, para uma perfeita ação em benefício da unidade de todos é preciso um mútuo perdão, e um olhar sem preconceitos para os preceitos cristãos, ao seguir esses ensinamentos junto com uma reta prática da lei temporal, seria possível um pensar e agir concorde as palavras e ações pacíficas de Jesus, que mesmo sofrendo os ultrajes e a crucifixão, do alto da cruz, quando no Evangelho de são Lucas 23, 34a, se contempla o pedido: “Jesus dizia: Pai perdoa-lhes: não sabem o que fazem”. Realmente, parece que a humanidade não compreendeu a mensagem evangélica de Jesus, a paz só pode brotar do coração do homem quando esse reconhecer a importância da mesma como uma totalidade e não na individualidade.

A Igreja quer transmitir a Boa Nova alicerçada e construída sobre a rocha do amor divino, doado no alto da cruz como sinal real para a eternidade, e ela exerce essa autoridade correspondendo aos apelos do Senhor, agindo como grande instrumento de clamor para um convívio pacífico entre as nações. E através dos seus pastores, faz um esforço para que aja uma reaproximação crescente das criaturas para como o seu Criador, dessa forma

A promoção da verdadeira paz é uma expressão da fé cristã no amor que Deus nutre por cada ser humano. Da fé libertadora no amor de Deus derivam uma nova visão do mundo e um novo modo de aproximar-se do outro, seja esse outro um indivíduo ou um povo inteiro: é uma fé que muda e renova a vida, inspirada pela paz que Cristo deixou aos Seus discípulos (cf. Jo14, 27). Movida unicamente por tal fé, a Igreja quer promover a unidade dos cristãos e uma fecunda colaboração com os crentes de outras religiões. As diferenças religiosas não podem e não devem constituir uma causa de conflito: a busca comum da paz por parte de todos os crentes é, antes, um forte fator de unidade entre os povos . A Igreja exorta pessoas, povos, Estados e nações a se tornarem participantes da sua preocupação com o reestabelecimento e a consolidação da paz, ressaltando em particular e importante função do direito internacional . (CDSI, p. 287)

Esse itinerário adentra a realidade de todos, principalmente a dos cristãos das várias denominações, isso porque, o Cristo trouxe uma mensagem de vivência de paz, e nada mais justo começar entre aqueles seguidores da doutrina cristã, para recordar a passagem demonstrando como os primeiros cristãos viviam, observando e operando como nos mostra os Atos dos Apóstolos 2, 42: “ Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações”. Era uma vivência única, aquilo que Jesus ensinou, os discípulos foram passando, e também hoje esse é o mesmo sentimento, desejo de uma união, construindo relações pacíficas entre todas as pessoas e nações, e essas precisam ser mais concretas no contexto atual, e isso a Igreja vem demonstrando, pela fé sincera no Cristo, no Amor puro, brotando da fé em Jesus.

E no sentido evangélico, a realidade terrena só consegue expressar uma paz parcial, então é preciso um esforço pelas de todas as partes envolvidas, para que, o momento presente seja reflexo do Reino futuro, onde a paz verdadeira se encontra no mistério da eternidade, como a Jerusalém Celeste de Apocalipse 21, onde Deus cuidará de todos, pois é Ele o princípio e o fim de tudo.

Por isso, é preciso olhar para o Cristo, e o seu desejo de amor para reconstrução da sociedade, onde o mesmo, vivendo em meio a conflitos religiosos e dominação estrangeira, precisou se posicionar perante as indiferenças e desordens. E ao observar os escritos dos Evangelhos e as ações de Jesus narradas, se ver um homem agindo para levar a serenidade aos aflitos, mesmo em meio a tantas dificuldades, e sabendo de tudo o que iria passar, Ele ama. O Evangelho de são João 14, 27 anuncia: “Deixo-vos a paz, minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe nem se intimide vosso coração”. É o Cristo a fonte da paz, a humanidade presente no mundo ainda não compreendeu que a verdadeira fonte de amor só brota do Divino, o ser humano se esforça para garantir um mundo mais justo e fraterno, mas esbarra na condição e desejo de muitos por poder, é preciso se unir ao verdadeiro senhor doador da paz, o Cristo; e se deparamos no mesmo Evangelho de João 15, 5, quando diz: “Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer”. E aqui está uma grande dificuldade, a indiferença ao amor que perdoa sem distinção, ao transcendente, realidade essas de pessoas ditas cristãs e de muitos outros que, se enraízam ao mundo material e quer viver somente essa realidade sem respeito, importando apenas o si próprio.

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