A terapia cognitivo-comportamental (TCC) surgiu no início dos anos 1960, mas foi somente na década de 1970 que apareceram os primeiros registros sobre modificação cognitivo-comportamental.
Um conjunto de evidências indicou que o comportamento é mediado pelas crenças e expectativas sobre as próprias experiências. Assim, mesmo que uma pessoa seja bem-sucedida em uma situação, ela pode considerar, a partir de padrões elevados de desempenho, que fracassou, embora as conseqüências não confirmem o fracasso.
A rejeição aos modelos psicodinâmicos se deveu principalmente à falta de evidências que indicassem sua eficácia como uma abordagem de tratamento. Assim, procedimentos que priorizassem processos inconscientes oriundos da psicanálise, bem como material histórico e necessidade de tratamento de longa duração forma questionados e rejeitados (Dobson&Block, 1988).
A contribuição da psicologia geral sobre a importância dos aspectos cognitivos no funcionamento humano, aliada aos resultados crescentes de pesquisa e estabelecimento de vários conceitos da psicologia cognitiva experimental, exerceu forte influência na compreensão da ansiedade e da depressão.
O modelo de processamento da informação, por exemplo, passou a ser utilizado nos construtos clínicos sobre mediação cognitiva da ansiedade.
Tais construtos eram confirmados por dados de pesquisa mostrando que o processo da ansiedade incluía componentes cognitivos, chamando atenção para esses componentes da etiologia da ansiedade.
A premissa básica da TCC está relacionada à afirmação de que um processo interno e oculto de cognição influencia as emoções e comportamentos de uma pessoa. Um mesmo evento pode ser interpretado por diferentes indivíduos como agradável, ameaçador ou hostil. A depender dessa interpretação, um indivíduo poderá se sentir satisfeito, amedrontado, enraivecido ou deprimido e, conseqüentemente, se comportar de forma espontânea, retraída ou agressiva (Falcone, 2006).
A implicação clínica para essa premissa corresponde à possibilidade da atividade cognitiva ser identificável e acessível, mesmo que inicialmente o indivíduo não esteja consciente desta. Já os autores de enfoque cognitivo-construtivista defendem o papel das emoções como preponderantes na influência do comportamento. Outra diferença refere-se ao caráter racionalista atribuído ao enfoque cognitivo-comportamental, o qual é questionado pelos construtivistas, na medida em que, para esses últimos, não caberia a atribuição às cognições como acuradas ou não.
A variedade de modelos de abordagem cognitivo-comportamental tem levado alguns autores a classificar esses modelos de acordo com suas origens, seus princípios filosóficos, teóricos e sua prática clínica.
O reconhecimento de uma boa aliança terapêutica como uma condição fundamental para a mudança constitui um consenso entre os terapeutas cognitivo-comportamental. Nesse sentido o terapeuta deve ter um domínio da teoria e das técnicas de tratamento, mas também precisa integrar esses conhecimentos às suas habilidades interpessoais como empatia, percepção de sinais, as quais facilitarão a autorevelação e a adesão das técnicas pelo cliente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em síntese, a relação terapêutica promove oportunidades de crescimento pessoal, tanto para o cliente quanto para o terapeuta. Entretanto, para que isso ocorra é necessário que o terapeuta seja capaz de conhecer e trabalhar com a transparência mútua em terapia.
A popularidade da TCC no Brasil tem sido revelada pela crescente publicação de autores brasileiros, assim como pela profusão de livros traduzidos sobre essa área.
A TCC é um sistema de psicoterapia fundamentado em teorias muito bem elaboradas e sustentadas empiricamente. Sua prática requer considerável domínio no conhecimento dessas teorias, além de uma grande familiaridade com a formulação e conceituação de casos.