As doenças crônicas como Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus tipo 2 (DM) representam um importante problema de Saúde Pública e estão entre os agravos de saúde mais comuns na população brasileira. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia [SBC] (2010), cerca de 11% da população sofre de diabetes e, cerca de 32%, de hipertensão arterial. Essa estimativa sobe gradativamente com a idade: mais da metade dos indivíduos entre 60 e 69 anos possuem hipertensão e, ao passar dos 70 anos, a porcentagem aumenta de forma alarmante: 75%. Isso resulta para o Sistema Único de Saúde (SUS) um gasto anual de cerca de 11 bilhões de reais com tratamentos diretos e indiretos para esses pacientes crônicos.
Com o devido tratamento e controle da HAS e DM seria possível uma redução de gastos de cerca de 841 milhões de reais anuais para o governo, com diminuição nos índices de morte, hospitalizações e incapacidade decorrente desses agravos .As doenças crônicas como a diabetes e a hipertensão são de longa duração e, em geral, exigem acompanhamento multidisciplinar permanente, intervenções contínuas e requerem que grandes recursos materiais e humanos sejam despendidos, fatores tais necessários para um com cuidado com o paciente porem geram encargos ao sistema público e social. É fundamental também intervenções com o uso de tecnologias leves, leve-duras e duras, associadas a mudanças de estilo de vida, em um processo de cuidado contínuo.
Nesse sentido, se faz necessário o desenvolvimento de ações que vão desde a prevenção, promoção e recuperação da saúde, a fim de melhorar a qualidade, e aumentar a expectativa de vida dos usuários do serviço de saúde portadores desses agravos. Entre as ações preventivas possíveis de serem realizadas com pacientes crônicos, as ações em grupo tem sido as mais indicadas, pois são de baixo custo, abrangem maiores populações se comparadas às intervenções individuais e estão em conformidade com as diretrizes da saúde pública e os princípios básicos de universalidade, integralidade da atenção e controle social. Proporcionam, ainda, a reconstrução de crenças, estimulam a motivação e a autoeficácia dos participantes. Nos grupos são utilizados processos e técnicas voltadas para a aprendizagem, o que auxilia na democratização do acesso à saúde, estimula a inclusão da comunidade nos cuidados e favorece a atenção integral aos sujeitos, conforme suas necessidades específicas, crenças e costumes
Desse modo vale destacar que com a finalidade de minimizar os impactos decorrentes da HA e DM e considerando que a identificação precoce dos casos e o estabelecimento do vínculo entre os usuários e serviço (UBS) são imprescindíveis ao sucesso do controle dessas afecções, o Ministério da Saúde implantou o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus, e o Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (HIPERDIA/MS) na atenção primária. Esse plano estabeleceu diretrizes e metas para a reorganização da assistência desses usuários no SUS e foi aprovado e regulamentado pela Portaria / GM n° 16, de 03/01/2002. Teve como principais objetivos: investir na atualização dos profissionais da rede básica, oferecer garantia do diagnóstico, proporcionar vinculação do usuário às unidades de saúde para tratamento e acompanhamento, promover a reestruturação e ampliação do atendimento resolutivo e de qualidade às pessoas com HA e DM. Dessa forma, considera que o acompanhamento na atenção primária pode evitar o surgimento e progressão de complicações, reduzindo internações hospitalares e mortalidade relacionada a esses agravos.