De acordo com Guzman J et. al. (apud Cazotti, 2018) é possível atenuar a dor na cervical, com exercícios e terapias manuais, sendo assim, foi proposto estudos mais aprofundados a fim de mapear as melhores técnicas para tal. Nesse sentido, recentemente, foram realizados alguns estudos relacionados ao pilates. Visto que o método tem sido realizado em programas de promoção a saúde e reabilitação, visando a analgesia de dores crônicas e melhoria das capacidades físicas (mobilidade, flexibilidade, força, equilíbrio, etc) dos praticantes.
Criado por Joseph Pilates na Alemanha na década de 20. Trata-se de um método para promover melhora do condicionamento físico geral e bem-estar, sendo indicado para todas as pessoas independente de idade e condição física, visto que se podem direcionar as atividades conforme individualidade de cada aluno.
O pilates clássico tem exercícios definidos, não modificáveis e com repetições exatas, em contrapartida, está o pilates moderno (contemporâneo), que permite adaptação de exercícios e repetições de acordo com as capacidades físicas e necessidades de cada aluno. Independente da abordagem (moderna ou clássica) os exercícios são executados no solo (também chamado de Mat) e/ou em equipamentos, que são compostos por molas e roldanas, a fim de facilitar ou oferecer resistência aos movimentos de acordo com o seu objetivo.
Visando comparar pilates e ioga para dor cervical mecânica crônica, foi realizado em 2015, por Dunleavy et al, um estudo controlado e quase-randomizado. 56 participantes, divididos em 3 grupos (pilates, controle e ioga) foram acompanhados em 12 sessões(6 semanas) em pequenos grupos, supervisionado por fisioterapeuta, com 1 hora de aula com 4 a 8 alunos por turma.
Os exercícios e posturas do grupo de ioga foram adaptados para reduzir o estresse na região cervical e melhora da flexibilidade. A fim de diminuir os níveis de estresse foram realizados exercícios respiratórios. O método utilizado foi o Hatha agregado com componentes do Ashtanga Yoga. A progressão se deu conforme adaptação dos praticantes. A abordagem escolhida com o grupo de pilates, foi o Mat(solo), os exercícios focavam em ativar musculatura espinhal, estabilização e mobilidade dinâmica, progredindo em resistência e dificuldade conforme adaptação. Merrithew 2009 citado por Dunleavy et al 2015, ressaltam que o pilates fornece uma postura alinhada durante o exercício ou estática, e também mobilidade espinhal.
Seguindo os conceitos de reeducação neuromuscular são utilizados para melhorar a coordenação da respiração tridimensional, a equilibrar as curvaturas das vértebras e a conexão escápulo-torácica. Ao final do estudo, concluíram que pilates e ioga eram ferramentas seguras e eficazes na redução da dor crônica e incapacidade cervical, comparado ao grupo controle, sugerindo somar tais técnicas no plano de tratamentos dos pacientes com cervicalgia crônica, desde que assessorados por profissionais qualificados.
Revisão sistemática
A revisão sistemática de Cemin et al ,publicada em 2017, teve como objetivo avaliar os efeitos do pilates nas dores cervicais, sendo estes estudos randomizados ou não. Foram encontrados 73 estudos, mas 59 excluídos com base no título e resumo, 12 foram duplicados, sendo assim somente 2 foram elegíveis cumprindo os critérios. Após analisar os dados concluíram que há evidências moderadas, que apoiam a indicação de pilates para indivíduos com dor cervical crônica e que o método corrobora com a melhora funcional em curto prazo. Foi sugerido execução de mais com estudos maior rigor e qualidade, para evidenciar ainda mais essas recomendações.
Um estudo randomizado, realizado por Cazotti et. al. (2018), teve como objetivo avaliar a eficácia do método, para dor crônica cervical. A amostra foi de 64 indivíduos divididos em 2 grupos GP (grupo que praticou o pilates, 2 veze por semana durante uma hora, por 12 semanas) e o grupo GC (grupo de controle que foi tratado apenas com o medicamento acetaminofeno 750 mg em caso de dor), vale ressaltar que após 180 dias ,o pilates foi ofertado também ao GC. Dimitriadis et al (apud Cazotti et al) descobriram evidências de que a função respiratória de pacientes com dor crônica no pescoço pode ser prejudicada pela fraqueza respiratória.
O presente estudo chegou a resultados positivos quanto ao método, sendo redução do uso de medicamento analgésico, redução da dor (apesar do GC também ter reduzido, acredita-se que devido à adaptação a mesma), melhora da incapacidade funcional cervical (aparente melhora aos 45 dias, evidenciado em 180 dias) e melhora de fatores como saúde mental, vitalidade e saúde geral.