Em 2006, foi criado a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), com intuito de promover tratamentos terapêuticos, com base em conhecimentos tradicionais da medicina chinesa, que visam prevenir doenças como a hipertensão e a depressão.
De início, eram ofertadas apenas cinco tratamentos aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo acrescentado, após dez anos, mais 14 Práticas Integrativas e Complementares (BRASIL, Ministério da Saúde, 2018).
Em 2017 houve a incrementação de outras técnicas descritas pelas portarias número 145 de 11 de janeiro e 849 de março, ambas de 2017. Atualmente, o SUS conta com o total de 29 procedimentos, dentre eles a yoga, musicoterapia e meditação (MEDEIROS, 2017).
Considerando o reconhecimento por parte do Ministério da Saúde, a respeito da importância desses diferentes métodos preventivos baseados na medicina oriental, acredita-se ser relevante a aplicação da meditação no controle da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). Em primeiro lugar, escolha desta opção se deu em função da prevalência recorrente do aumento do número de hipertensos. Em segundo plano, pelo reconhecimento de estudos já existentes a respeito da vasta eficácia da meditação para a saúde, como será possível observar no amplo referêncial teórico presente neste atual trabalho.
A ancestralidade da meditação gira em torno da cultura oriental, fundamentada pela busca da sabedoria e da manutenção religiosa e espiritual focada no seu ser de forma a observar o seu mundo interior. Esta prática está ligada intrinsecamente ao yoga, do hinduísmo, do budismo (LEMOS, 2014).
De acordo com Santos (2010), os primeiros estudos demonstrando os efeitos da meditação na medicina ocidental de forma científica, iniciaram década de 70 com as pesquisas do Dr. Cardiologista Herbert Benson, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Havard, EUA e autor do livro The Relaxation Response.
Benson foi pioneiro ao realizar pesquisas no ocidente com fundamento científico que enquadravam e relacionavam o quadro de hipertensos com a prática da metitação. Relatou que, seu interesse pelo assunto partiu do momento em que sentiu-se incomodado ao receber queixas de fraquezas e observar sintomas relacionados a vertigem nos seus clientes hipertensos, mesmo após uso do tratamento medicamentoso. Logo notou, que este episódio não ocorria somente com os seus pacientes. Dito isto, outro fato que o deixou bastante intrigado, foi a percepção do aumento nos valores da pressão sanguínea, aferidas dentro do consutório, ocorrido nos pacientes. Por fim, o médico cardiologista constatou que a presença do profissional de saúde provocava sentimento de ansiedade nos pacientes, sendo esta, a causa da elevação da pressão arterial sanguínea. Concluiu assim, que o stress e ansiedade poderiam provocar alterações fisiológicas anormais no corpo humano (BENSON, 1985).
A resposta encontrata na meditação para tal problema, ocorreu com o encontro entre o Dr. Benson e o professor da universidade da Califórnia Dr. Robert Keith Wallace, este realizava o desenvolvimento de um projeto de pesquisa envolvendo usuários da meditação transcendental. A técnica consiste em senta-se de maneira que lhe traga o máximo de conforto possível, fechar os olhos e mentalizar algo, que expresse um sentido pessoal e importante na sua vida, por cerca de 20 minutos durante duas vezes ao dia (GOLEMAN, 1997).
Cardoso, et al (2004), explica este processo mais detalhadamente ao englobar um conjunto de cinco características definitivas a prática da meditação. A primeira delas, estabelece que a técnica deve ser claramente definida, a segunda enfatiza a importância do alcance do relaxamento físico no decorrer do processo, o terceiro diz que o próximo ponto de relaxamento dever ser da mente, o quarto afirma que todas essas características anteriormente citadas devem ser autoinduzidas. A quinta e última característica, consiste na necessidade de manter a atenção voltada para algum ponto de foco.
No cenário budista, temos a meditação chamada Vipassana que parte da premissa da prática da observação do momento e a Anapana na qual, tem como foco a respiração (ADHIKARI, 2012). O biólogo e professor da Universidade de Medicina de Massachussets, Jon Kabat-Zinn, em uso dos seus conhecimenos, integrou o mundo budista com a medicina ocidental e assim a partir da adaptação da meditação anapana criou um subtipo de meditação denominada mindfulness. Com isto, fundou programa de Redução do Estresse baseado na Atenção Plena (LEMOS, 2014).
Desta forma quando o foco da meditação é aberto e não se associa ao fluxo mental é característico da meditação em mindfulness. Por outro lado quando este foco se estabelece em alguma música ou palavra a prática é descrita como meditação da atenção focada ou concentrativa (LUTZ et al; 2008). na
Pioneiro na realização de pesquisas em neurociência e stresse, conhecido principalmente pelo lançamento do livro, A Resposta do Relaxamento, de 1975 o cardiologista Herbert Benson lançou a primeira edição do seu livro qual, considerado um best-selle, onde debatia a respeito de assuntos pautados nos pontos positivos da meditação para recuperação e tratamento de seus pacientes. Durante o ano de 2000, ao relembrar o contexto do momento do lançamento do livro com relação ao meio universitário, Benson citou que recebia inúmeras críticas pelo fato de ser um médico preocupado em análisar qual associação existente entre surgimento ou agravo das patologias relacionadas a presença de alterações emocionais como o stress (BENSON, 1975).
Seguindo a linha da pesquisa do doutor Benson na qual, juntamente com dor. Wallace, constataram a prática contínua da meditação como uma ferramenta natural capaz de manter estabilizada a respiração, batimentos cardíacos e metabolismo (BENSSON; WALLACE, 2000).
Desta forma, esses estudos formaram um trâmite fundamental e peça chave para implusionar outros pesquisadores a estudarem e analisarem a relação da adoção de técnicas naturais como meditação e yoga, que só eram empregadas na medicina oriental para manutenção da saúde. Assim, realizou-se pesquisas voltadas que incoportaram métodos orientais na medicina ociental para sanar não somente problemas em hipertensos mas também, na melhora do quadro de doenças como a depressão como poderá ser observado nos apontamentos descritos e pautados por outros autores neste trabalho.
Chiesa e Serretti, (2011) enfatizam claramente tal fato ao afirmar e evidenciar que os pontos positivos contidos nesta esta técnica milenar, refletem em outros campos da saúde e ganha posição de destaque em áreas como a saúde mental, conferindo poder de complementação no tratamento de doenças psíquicas.
Em estudo conduzido por Lemos (2014) na qual, faz uso da meditação associado a um método denominado Feldenkrais, demonstrou grandes melhorias na escalda de dor em pacientes com quadro de algia. O autor explica que isso só é possível porque a meditação provoca diminuição dos níveis de produção do cortisol e adrenalina, favorecendo a ativação do sistema nervoso parassimpático, reduzindo assim, a ansiedade e o estresse proporcionando a melhora na qualidade do sono e da dor. Lemos, afirma ainda, que a prática da meditação na atenção plena, permite o desenvolvimento da autorregulação da atenção possilibilitando a melhora da qualidade de vida proporcionando sensação de bem-estar consigo mesma e com os demais. Além disso, sua práica reflete também na melhora de quadros depressivos.
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), é considerado problema de saúde pública em todo mundo, exercendo ainda um fatores de risco para a ocorrência do desenvolvimento de doenças renais e crônicas, e patologias relacionadas ao sistema cardiovascular e cerebrovasculares . Dito isso, é a causa de cerca de 40% da taxa de óbitos provindos por acidente vascular cerebral, sendo responsavem também por 25% das mortes por doença arterial coronariana (SOUSA et al; 2016 ).
Os níveis considerados anormaisda pressão sistólica (HAS), ocorre quando há valor maior que 140 mmHg. Para a pressão diastólica (HAD), essa alteração é constatada no momento em que valor aferido é igual ou maior que 90 mmHg (OPAS, 2016). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), isso ocorre quando a pressão se encontra elevada, o que obriga o miocárdio a exercer um grande esforço para que o sangue seja distribuído corretamente no corpo.
Segundo o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), durante o ano de 2018, a frequência de diagnósticos de hipertensão, no conjunto de todos os estados brasileiros foram de 24,7%, com o maior índice estatístico em mulheres (27,0%), do que em homens (22,1%), sendo que, em ambos os sexos, essa porcentagem aumentou conforme a idade, prevalecendo o maior número em pessoas de baixa escolaridade.
O tratamento consiste no uso de substâncias farmacologicas, que só é indicado para pessoas com quadro clínico moderado e grave ou para os pacientes com predisposição para ocorrência de lesões a órgãos alvos e doenças cardiovascular. Em muitos casos é necessário o uso da terapia combinada devido a alterações quanto ao controle ideal da pressão em hipertensos. Apesar da eficácia da terapia medicamentosa, na redução morbidade e da mortalidade, seualto custo asociado aos efeitos colaterais, pode motivar o abandono do tratamento (SOUSA et al; 2016). Desta forma, ainda segundo este autor, o uso de intervenções naturais como a prática de exercícios físico, controle do peso corporal, restrição quanto ao consumo de bebidas alcoolicas e uso do tabaco contribuem significativamente para melhora do quadro de hipentensão.
Considerando os assuntos até aqui apontados, é evidente que a prática da meditação é de extrema relevância por ser claramente um método cientificamente comprovado, eficaz no combate a hipertensão. Além disso, não trás riscos algum a saúde tampouco apresenta restrições quanto a sua realização, sendo também um método viável de baixo custo.