A introdução da web conferência foi realizada pontuando os maiores desafios encontrados no
momento para desenvolvimento do ensino remoto, acredito que as situações descritas pela
professora Fernanda que atua no ensino público e privado, sejam semelhantes nas diversas
regiões do país. O primeiro ponto é o desafio de elaborar um plano de atendimento aos alunos e
claro, como conseguir executá-lo em um cenário onde tudo ocorreu às pressas, sem
planejamento prévio aplicado à esta nova metodologia (pelo menos para a educação básica),
tornando tudo complexo. Quando vamos refletir sobre um plano de atendimento aos alunos temos
que considerar os aspectos gerais da situação, dos mais práticos como acesso às tecnologias e
mídias, como os mais subjetivos, por exemplo, como as famílias estão lidando com o advento da
pandemia? Como encontram-se esses pais, mães, avós e crianças? Pergunto isso no sentido de
compreender a aplicabilidade de um modelo novo de educação formal na vida de pessoas que
estão sob o impacto psicológico, financeiro e físico dos últimos acontecimentos, tendo amostras
de que sentimentos como angústia e ansiedade estão permeando a vida de todos esses alunos,
sejam crianças adolescentes ou adultos, especialmente na educação de jovens e adultos (EJA).
Como educadores não podemos desistir da educação nem dos nossos alunos, faz-se necessário
portanto pensar em como empreender o ensino nestes novos moldes e com cenário tão atípico.
Vimos que a educação pública disponibiliza material impresso e aulas em plataforma digital, já na
rede privada as aulas acontecem ao vivo por vídeo conferência e os professores contam com
apoio pedagógico, material e profissional para lidar com a situação. A pandemia não revelou
nada que não soubéssemos, mas escancarou a desigualdade social em que vivemos,
começando pelo fato de os alunos da escola pública terem muito pouco ou nenhum acesso aos
serviços de internet, a equipamentos necessários para educação remota e sobretudo ao recurso
humano que é também escasso, uma vez que temos hoje, 3 em cada 10 brasileiros analfabetos
funcionais, ou seja,
indivíduos que não conseguem compreender enunciados,
interpretar
pequenos textos ou realizar operações básicas de matemática. Fica evidente um dos problemas
históricos do Brasil, o sucateamento da educação pública, uma escola que muitas vezes não
possui itens básicos de higiene não terá meios de subsidiar equipamentos tecnológicos, esta é a
nossa realidade hoje. O acesso à internet é um serviço caro para a maioria das famílias
brasileiras, assim como manuseio tecnológico das mídias e eletrônicos, é necessária muita
estrutura para o desenvolvimento do ensino remoto, infelizmente não a temos e não a teremos
em um curto período de tempo, ou seja, mais uma vez a educação torna-se excludente. Este foi o
olhar humano que a professora Fernanda apresentou em sua web conferência, mostrando a
importância de atuarmos com cuidado para que não haja reforço nos estereótipos relacionados às
desigualdades sociais. A educação remota não envolve somente questões pedagógicas, mas
também de políticas públicas, das quais o povo brasileiro está muito carente.
A problematização passa então para outras áreas, como acompanhar o processo de
aprendizagem? A distância física não permite a percepção do professor como na sala de aula, a
família que talvez atuasse como agente facilitador, apresenta-se impotente pelo despreparo dos
pais, tanto em lidar com a situação quanto de auxiliar no processo que foi por tanto tempo só do
educador. Observamos também que há burocratização do trabalho docente, não havendo mais a
interação da presença física, tudo se dá através de e-mail, mensagens e conferências, o que por
vezes dificulta a comunicação, o dinamismo do processo e gera entraves na prática, sendo assim,
a tendência é do professor sentir-se frustrado pelas impossibilidades que se apresentam, pelo
esforço em reinventar-se em tempo recorde, pela dificuldade em repensar todo o planejamento e
pela aplicabilidade que não flui da maneira esperada. Estes fatores desencadeiam uma situação
de esgotamento, pois está associada ao excesso de trabalho com sensação de improdutividade,
o que me faz crer que em um breve período de tempo, muitos professores estarão sofrendo de
Síndrome de Burnout, um distúrbio psíquico relacionado à depressão ocasionado pela exaustão
física e mental estruturalmente ligada à atividade profissional.
Nas considerações finais podemos colocar a
importância da educação continuada na
formação e prática docente, afinal ensinar envolve aprender e é muito necessário neste momento
nos apropriarmos de novas ferramentas que nos ajude a desenvolver um bom trabalho. Fica
registrada também a confirmação de que o vínculo afetivo inerente ao processo de
aprendizagem, ou seja, ele não está desconectado das relações sociais e como é importante
conviver uns com os outros. Educação
remota não trata-se de HOMESCHOLLING
(estrangeirismo que designa o ensino doméstico ou domiciliar ministrado exclusivamente por pais
e familiares), o professor continua sendo o único responsável por todo o processo pedagógico.
Vimos que atualmente os pais reconhecem mais o trabalho e papel do professor e isto torna-se
gratificante para realização de um bom trabalho. Ainda não há respostas certas e definitivas na
realização do ensino remoto, há somente um esforço enorme dos professores em não desistir dos