A alta prevalência das doenças infecciosas e parasitárias na Região Amazônica pode ser explicada pela precária condição de vida das populações ribeirinhas, que em geral possuem acesso limitado ou inexistente aos serviços de saneamento básico como abastecimento de água, esgotamento sanitário e a disposição, coleta e tratamento de resíduos sólidos. Consequentemente, este cenário favorece a prevalência e a incidência das Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI), das parasitoses intestinais e das doenças diarreicas agudas (GONÇALVES et al., 2016; MENDES et al., 2008; 2016).
O impacto ambiental
Além disso, as transições ambientais do bioma amazônico, devido ao crescente desmatamento, as mudanças climáticas e ao regime pluvial com seus períodos de enchentes e vazantes, contribuem para a expressividade dos casos de doenças infecciosas e parasitárias nesta região. Isso se deve ao fato de a Amazônia possuir uma fauna com uma vasta diversidade de artrópodes que atuam como vetores de patógenos ou espécies microbianas, de vertebrados que agem como reservatórios em diversas infecções e de parasitas que causam patologias humanas. Neste cenário, as principais infecções parasitárias na região amazônica são: malária, leishmaniose cutânea e visceral, onchocerciasis, esquistossomose mansônica, infecções por helmintos transmitidos pelo solo e doença de Chagas. Vale ressaltar que essas doenças são muitas vezes negligenciadas, apesar de serem endêmicas ao longo da bacia amazônica (CONFALONIERE et al., 2014; ELLWANGER et al., 2020).
A análise de gráficos
Portanto, ao analisarmos o Gráfico 1 podemos ver que os NAsH da MB realizam em média 1000 diagnósticos por mês (nos anos apresentados) de doenças infecciosas e parasitárias, o que equivale a aproximadamente 50% dos diagnósticos realizados pelo SUS. Ademais, vale evidenciar que a maior parte da população atendida pelos NAsH habita áreas remotas onde somente a MB, devido a sua expertise das técnicas de navegação e conhecimento territorial, consegue chegar para prestar o atendimento médico, enfatizando a importância desse serviço.