Segundo Padovani (2017) o FIV encontra-se disseminado no mundo inteiro, e as taxas de prevalência são muito diferentes conforme a região, sendo de 4% a 37,5% de prevalência comparando entre as cidades São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e no estado Rio Grande do Sul, Sendo que em gatos assintomáticos as taxas são menores e em gatos doentes as taxas são maiores.
Existe uma classe de gatos com maior predisposição e com maior frequência de diagnostico nesses casos, pois a prevalência do vírus depende do sexo, forma de criação e estado de saúde dos gatos. (PADOVANI, 2017)
É mais comum gatos machos, adultos, com acesso a rua possuírem o vírus, pois sua forma de transmissão é pela saliva, gatos machos tendem a brigar por fêmeas e seus territórios, sendo assim, mais predispostos a doença. (PADOVANI, 2017)
Transmissão
Sua forma de transmissão é pela saliva, porem a transmissão intrauterina, perinatal, pelo leite ou pelo sêmen de machos soropositivos também pode ocorrer. Uma vez infectado, o animal pode desenvolver desordens hematológicas e deficiência imunológica, tornando-se susceptível a infecções secundárias. (TEIXEIRA; RAJÃO; HADDAD; LEITE; REIS, 2007)
Há chances de o vírus ser passado para o filhote, dependendo da quantidade viral que a mãe apresenta, maior índice de transmissão intrauterina acontece quando a mãe se encontra na fase aguda da doença. (GONÇALVES, 2019).
Sinais Clínicos
Os animais soropositivos para o FIV se tornam vulnerável a infecções secundarias oportunistas devido a imunossupressão, com isso, o animal adoece mais fácil, e não se recupera com tanta facilidade. (GONÇALVES, 2019).
Na primeira fase ou fase aguda, os sinais clínicos são transitórios e leves, e incluem febre, letargia, enterite, estomatite, dermatite, conjuntivite, doença do trato respiratório e linfadenomegalia generalizada. Esta fase pode durar vários dias a algumas semanas. Entretanto, por causa da ausência de sinais ou por serem muito discretos, a fase aguda da infecção viral pode passar despercebida, o que dificulta o estabelecimento precoce do diagnóstico. (PADOVANI, 2017)
Na segunda fase, ou fase assintomática, é variável. A duração dela depende da virulência do isolado infectante, do subtipo do FIV, exposição a agentes patogênicos secundários, e a idade do gato no momento da infecção. (PADOVANI, 2017)
Na terceira fase, ou fase sintomática da infecção, segundo Padovani (2017), os sinais clínicos nessa fase são devido as infecções oportunistas, neoplasia, doenças neurológicas. A imunossupressão é a consequência mais importante no FIV, pois o animal perde o repertório imunológico, com isso, ele perde também resposta humoral e celular mediada. Gatos tem cinco vezes mais chance de desenvolver linfoma e leucemia do que gatos saudáveis sem FIV.
Gatos infectados com retrovírus também podem desenvolver doenças mediadas pelo sistema imunológico provocado por uma resposta imune exagerada, são alguns deles hipergamaglobulinemia, glomerulonefrite, poliartrite, uveíte, e vasculite. (PADOVANI, 2017).
O complexo gengivite-estomatite úlcero-proliferativa também é muito comum nas infecções pelo FIV, sendo encontrado em até 50% dos gatos infectados. (PADOVANI, 2017).
As complicações mais comuns relacionados as infecções crônicas, secundárias ou associadas ao FIV são quadros de enterite, dermatite, gengivite e doença respiratória crônica. Estima-se que 5% dos felinos infectados por FIV desenvolvem encefalite, podendo apresentar distúrbios de comportamento, demência, convulsão e dificuldade para de locomoção. (GONÇALVES, 2019).
Prognóstico
O prognóstico é muito variável, pois na maioria dos gatos infectados, o período para chegar a terceira fase é longo, por isso, os mesmo, quando tratados podem viver por anos e podem vir a óbito por outras causas não relacionadas a FIV. (PADOVANI, 2017).
Diagnóstico
O diagnóstico da infecção por FIV é feito pela associação do exame clínico, com exames laboratoriais complementares. Os testes sorológicos para detecção de anticorpos específicos ou antígenos virais são muito utilizados, como ELISA e testes moleculares como PCR. (TEIXEIRA; RAJÃO; HADDAD; LEITE; REIS, 2007)
No teste sorológico pode ocorrer falsos-negativos quando animais são testados no início da infecção, pois a produção de anticorpos específicos ainda é baixa, sendo necessário repetir o teste depois de 60 dias, ocorre também falsos-positivos em filhotes que foram vacinados ou que ainda estão na fase de amamentação, devido a transferência de imunidade passiva da mãe soropositivo e da vacina. (GONÇALVES, 2019).
Apesar do custo alto, o PCR é o método mais seguro, pois é um teste altamente sensível e específico, identifica o FIV a partir da terceira semana de infecção. (GONÇALVES, 2019).
Tratamento
Não existe um tratamento específico e totalmente eficaz para combater a doença, pois as infecções causadas geralmente são por afecções oportunistas e secundarias. (PADOVANI, 2017).
Sendo assim é realizado o tratamento dessas infecções, para o melhor bem estar do animal e prevenir futuras doenças secundárias. Apesar disso, animais infectados podem sobreviver por anos sendo portadores do FIV. Alguns veterinários optam pela prevenção dessas doenças, aconselhando os tutores dos felinos a fornecer um bom suporte alimeticio, um lugar e condições favoráveis para o gato viver tranquilamente longe de estresse. (GONÇALVES, 2019).
Uma das formas de tratamento é a utilização de análogos nucleosídeos como a zidovudina (AZT), ela pode ser utilizada sozinha ou em combinação com outros fármacos. O zidovudina bloqueia a transcriptase reversa do lentivírus. O AZT quando é utilizado antes do vírus se instalar, faz com que o início da viremia seja desacelerada e melhora o sistema imunológico do gato infectado. (GONÇALVES, 2019).
Controle e profilaxia
Gatos portadores da doença devem ser castrados com o intuito de diminuir suas fugas e agressividade, não devem ter acesso a rua, diminuindo assim chances de infecções secundárias e infecciosas, evitando também a infecção de outros gatos. Se um gato é diagnosticado com FIV e possuem outros gatos contactantes, é necessário que todos os contactantes também sejam testados. (PADOVANI, 2017).
Como o FIV pode ser transmitido verticalmente por mães infectadas, gatas também devem ser esterilizadas se a sua condição clinica for estável para a realização da cirurgia. (PADOVANI, 2017).
A vacinação deveria ser o método ideal de prevenção da doença, mas a vacina existente não é totalmente eficaz. O FIV, por ser um lentivírus, possui uma diversidade genética muito grande e capacidade do vírus sofrer mutações no hospedeiro. Algumas vacinas estão sendo testadas contra subtipos específicos, ou seja, quando os gatos são infectados por subtipos diferentes ao que possui na vacina, ele é infectado da mesma forma. (GONÇALVES, 2019).
Em abrigos de felinos, a recomendação é de que todos os gatos que acabaram de chegar no abrigo sejam testados para FIV, caso o resultados seja positivo, eles devem ser isolados dos gatos saudáveis para que não haja uma alta disseminação da doença dentro do mesmo. O mesmo deve ser feito quando um felino é resgatado da rua e já possui outros felinos em casa. (GONÇALVES, 2019).
Riscos para a saúde publica
Até hoje não foram comprovadas FIV em humanos,por se tratar de um Lentivírus e ser específico por espécie. Apesar disso, animais com FIV pode adquirir doenças infecciosas como toxoplasma e criptosporidiose ativa, por sua imunossupressão, essas doenças são transmitidas para humanos e passando assim, nessas condições a apresentarem risco para a saúde publica. (GONÇALVES, 2019).