A desvalorização da cultura nacional

“Primeiramente não devemos ficar omissos, ficar alheios a essa agressão movida pelo poder econômico, pela ganância, pela ignorância do que significa ser um povo indígena. Os povos indígenas tem um jeito de viver, tem condições fundamentais para sua existência e para a manifestação de sua tradição, da sua vida e da sua cultura, que não coloca em risco, e nunca colocaram, a existência dos animais que vivem ao redor de suas terras, quanto mais de outros seres humanos”.

Analisando o protesto do ambientalista indígena Ailton Krenak no Congresso Nacional no ano de 1987, como um apelo pelos direitos dos índios, percebe-se que a situação indígena no Brasil não está tão diferente de 33 anos atrás. O desprezo pela cultura nacional e desvalorização da sabedoria e costumes indígenas, e a negação dos direitos constitucionais afetam a problemática em questão.

A desvalorização da cultura nacional imposta por um modelo de história eurocêntrico que dá contorno histórico a figuras brancas, em detrimento daqueles que realmente contribuíram para a formação do país em quanto nação, e, que impregnaram todas as conjunturas da sociedade de “valores” que estão cristalizados no imaginário coletivo.

Valores esses que colocaram os índios como figuras selvagens, como um dia se supôs numa estupida invasão, descrevendo os nativos: “sem crença, sem alma e sem vergonha”. Não é de hoje que os valores, ensinamentos e saberes indígenas são desvalorizados, ou melhor, desrespeitados; afinal, ao ser ensinado que o Brasil foi “descoberto” e não “conquistado”, o senso coletivo da “nação” jamais foi capaz de se interessar ou dar devido valor à cultura indígena, associando-a a comportamentos inadequados vistos como vergonhosos.

O desrespeito a demarcação das terras indígenas refletem tamanho descaso quanto aos povos indígenas no Brasil, onde lhes são tirados o direito à terra, o direito a manifestar sua cultura em detrimento dos privilégios políticos e da ganância pelo dinheiro, que não diferencia vidas e valores, de dinheiro e crescimento. Atrelado a isso, a negação dos direitos constitucionais dos índios, agregam desvalorização a esses povos, que, não perdem apenas o direito a terra, mas também sua voz. Voz essa, silenciada para afagar a invasão indevida e indiscriminada de terras indígenas para desmatamento, utilização de recursos hídricos, queimadas, etc; tudo com o objetivo de impulsionar o agronegócio.

Сultura de terras e raízes no Brasil

 

Fica-se evidente, que, a questão das terras e cultura indígena no Brasil carrega consigo uma longa trajetória de lutas constantes pelos seus direitos, que ainda não lhes foram garantidos. Sendo assim, o reconhecimento de terras indígenas pelo Congresso e Governo Federal, com constante e intensa fiscalização para impedir a invasão por parte de piratas, garimpeiros, ou quaisquer outro grupo que signifique ameaça a soberania indígena.

Atrelado as ditas medidas de fiscalização, que o Ministério da Cultura e da Educação possam criar campanhas sócio-educativas de incentivo à maior conhecimento da cultura e tradições indígenas, para assim, desconstruir uma visão arcaica e colonialista para com os índios. Que Guaranis, Tamoios, Kaiapós, Aimorés e tantos mais possam sair em tribos, sair dos livros e refazer essa história. Descobrir de fato querem é esse Brasil que até hoje ninguém descobriu. Por Cairuçu, Ceci-Tiarujú, Cunhambembe, Juruna, por tantos Galdinos queimados nas calçadas, é mais de 5 milhões tendo suas vidas ceifadas em nome do “progresso”.

Pela fé dos filhos deste solo, por todos os deuses deste seu risonho e límpido, e quem sabe um dia, possam conviver em harmonia assim na terra como nos céus, nos mares, nas matas, nas cascatas e metrópoles. Contestem: “Tupi or not Tupi?” Uma nova antropologia cultural. Difundir o conhecimento, pois, a partir daí, a essência indígena estará empregada de forma decisiva. Só assim será construído um povo verdadeiro, de culturas diferentes e interesses iguais.

https://redacaonline.com.br/temas-de-redacao/demarcacao-de-terras-e-impactos-na-cultura-indigena/163947

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