O efetivo dos rebanhos equinos no ano de 2018 constava era de 5.751.798 cabeças segundo o IBGE – Pesquisa da Pecuária Municipal , o Brasil tem hoje o terceiro maior rebanho de equinos do mundo, abaixo da China e do México . A indústria de equinocultura nesse mesmo ano gerou uma atividade que corresponde por 3,2 milhões de empregos movimentando cerca de RS 16,5 bilhões no estado de SP de acordo com números da escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Universidade de São Paulo (Esalq/SP). Por ser um mercado que está em constante crescimento tem um papel importante na economia devido aos empregos gerados.
Os animais geneticamente superiores apresentam um bom desempenho esportivo e visando o melhoramento genético houve um aumento na procura das técnicas de reprodução assistida, sendo a mais utilizada a transferência de embriões .
Na fisiologia equina as éguas são consideradas poliéstricas estacionais, isso significa que sua atividade reprodutiva começa pelo aumento do fotoperíodo (dias longos), tendo seu inicio reprodutivo no começo da primavera até o final do verão e o termino no inicio de outono por causa da diminuição do fotoperíodo. O estro dura em torno de 7 a 10 dias na primavera/outono e de 4 a 5 dias no meio do verão. O período de estro é a manifestação do cio onde acontece uma alta produção de estradiol e essa concentração hormonal será responsável pela caracterização dos sinais da espécie: exposição do clitóris, cauda em bandeira, micção e pode ocorrer a aceitação de monta, mas é bem agressiva. A dinâmica folicular da fêmea deve ser acompanhada através de palpação retal mais ultrassonografia a cada 48 horas ou até mesmo 24 horas. Isso deve ocorrer até que o folículo dominante atinja uma media de 30 a 35 mm de diâmetro e o útero apresente característica de edema classificada em graus (1 a 3 – fisiológico 4 a 5 – patológico), no qual o ideal é o grau 3. A partir disso, é realizada a indução da ovulação, detectado ovulação classificamos este dia como D0, neste segundo momento temos a fase de diestro onde ocorre a formação do corpo lúteo, produtor inicial da progesterona, hormônio esteroidal que ira atuar no endométrio preparando-o para uma possível gestação.
Após esse período reprodutivo, as éguas entram em transição e logo em seguida em anestro, tornando-se éguas acíclicas. A utilização de receptoras acíclicas se torna uma estratégia vantajosa, uma vez que viabiliza a antecipação da estação de monta e consequentemente reduz o manejo. Esse processo é citado como ciclo artificial, onde são administrados hormônios como estradiol e progesterona para adiantar a atividade cíclica das mesmas.
A transferência de embriões
A transferência de embriões (TE) é uma biotécnica atualmente aceita como ferramenta para o aumento de descendência de éguas de alto valor genético e a obtenção de potros de éguas que são incapazes de manter uma prenhez a termo, assim, aumentando o numero de produtos obtidos por ano. Trata-se de um método onde é feita a transferência de um embrião da égua doadora para a égua receptora que irá manter essa gestação. As vantagens dessa técnica nos permitem mais de um potro da mesma égua/ano, obtenção de potros de éguas idosas ou mesmo aquelas que estão em campanhas e competições, antecipar o ingresso de femeas jovens na reprodução, comercio de compra ou venda de embriões .
A técnica de TE consiste em dois métodos, cirúrgico e não cirúrgico, porem a transferência cirúrgica não é mais popular atualmente. O método não cirúrgico consiste na retirada do embrião de sua doadora através do flushing, após o dispositivo denominado inovulador, a partir dai o processo é finalizado com a cérvix e sendo depositado no corpo uterino. Para que isso aconteça, a retirada desse embrião da égua doadora ocorre após um período de 6 a 9 dias pós-ovulação com um cateter de silicone que é alojado no útero da mesma. Um volume de 1/2 a 1 litro de solução é depositado no interior do útero e a solução é então drenada passando por um filtro retendo o embrião. Esse embrião fica embebido em um meio de manutenção até o momento do envase e inovulação .
Nas ultimas décadas, houve uma melhora considerável nas taxas de prenhez de 12,5% a 74,55% por conta do grande avanço . Existem alguns fatores que são importantes para se obter sucesso no programa de TE, dentro eles os mais importantes são a seleção e o manejo das éguas receptoras em que é observado a ausência de problemas reprodutivos. As receptoras devem ter um ciclo estral regular e estar livre de problemas uterinos e ovarianos .
Quando falamos em manutenção de um grande grupo de éguas trata-se de um trabalho árduo e demandam um alto custo que é investido em área para pastagem, infraestrutura, cuidado com a alimentação com volumosos e concentrados prevenindo síndromes como a de cólica, cuidados sanitários e veterinário, medicamentos e mão de obra qualificada. E os modos de superestimar o uso dessas receptoras é utilizar o cio do potro, avaliação da idade, diminuição do estresse ambiental, manejo do fotoperiodo e de suma importância ‘a sincronização do ciclo estral entre doadoras e receptoras .
A importância dessa sincronização se da pelo fato de que um embrião em um útero não sincronizado está sujeito a se desenvolver e obter níveis hormonais de uma fase a qual ele não se encontra, posteriormente ocorrendo sua não efetivação ou até mesmo morte embrionária precoce. Segundo Neto, Ivan são duas ou três receptoras para cada doadora com dois a quatro dias de diferença das ovulações. Já Foss et al. , testaram a utilização de uma janela de ovulação maior, sendo as éguas receptoras -5 (ovulação menos 5 da doadora) e apresentaram resultados satisfatórios 5/6 (83,3%). Caiado et al. , testaram um protocolo diário com P4 iniciado no dia da ovulação da receptora que permitiu seu uso já no segundo dia pós ovulação, e obtiveram taxas de prenhez próximas a 70% com a P4 e 30% sem essa suplementação. Porem os estudos de Lopes, Edilson de Paula apontam que o ideal seria atingir a máxima utilização das receptoras que fosse possível, sendo assim uma égua para cada prenhez desejada. E para que isso aconteça tem que ocorrer a maximização do uso dessas receptoras diminuindo o intervalo entre partos e a perda embrionária precoce levando em conta a qualidade da receptora. Assim, selecionando a égua mais adequada para receber o embrião e essa seleção fundamenta-se nas concentrações plasmáticas de progesterona, naquele momento, para que ela apresente uma melhor condição reprodutiva .
A progesterona
A progesterona é um hormônio esteroide endógeno secretado pelo corpo lúteo (CL) que é considerado um importante regulador do ciclo estral. Tem como função o encerramento dos sinais de estro, a diminuição do crescimento folicular, o controle da ovulação, mantem a fêmea não receptiva ao macho e a preparação do útero para o recebimento do embrião .
Dessa forma, é importante conhecer como alternativa os implantes de P4, pois possibilita a eficiência dos protocolos reprodutivos, pensando no bem-estar animal e no desenvolvimento de novos dispositivos de P4 . A alternativa que atualmente é muito utilizada é a progesterona injetável, pois ela apresenta benefícios como fácil manejo e custo reduzido. Porém em comparação com implantes vaginais, sua taxa de prenhez é menor . Um efeito colateral comum dessa progesterona injetável é a reação no local da injeção (5). E a aplicação intramuscular demonstrou baixa praticidade por conta das injeções diárias que são necessárias .Portanto o presente experimento visa testar o implante vaginal de bovinos em éguas na preparação de receptoras como alternativa e aumentar as taxas de prenhez.