O artigo trata-se de um estudo experimental realizado no Laboratório Hedenstierna do Hospital Universitário de Uppsala, localizado na Suécia, com 10 suínos. O objetivo deste estudo foi verificar a ocorrência de uma contração diafragmática expiratória direcionada à estabilização das vias aéreas periféricas e à prevenção ou redução do colapso pulmonar expiratório cíclico. A metodologia aplicada para a pesquisa foi incitar a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) nos porcos que estavam sob efeito anestésico e com respiração espontânea.
Após esses procedimentos, os animais foram submetidos a seis estados decrescentes de pressão positiva contínua nas vias aéreas e pressão expiratória final positiva. A tomografia computadorizada do pulmão (TC) e a mecânica respiratória eram registradas durante cada etapa.
Acredita-se que durante a fase expiratória, o músculo diafragma estivesse relaxado, já que este é o principal músculo inspiratório. Porém, durante as observações da pesquisa, notou-se que mesmo na fase expiratória haviam atividades elétricas diafragmáticas, fazendo com que ocorresse uma diminuição do volume pulmonar, consequentemente, houve uma diminuição da pressão final das vias aéreas.
Após essa análise, cinco dos porcos que já tinham se submetido ao protocolo foram colocados em ventilação mecânica (VM) e apresentados novamente ao mesmo experimento.
Uma tese abordada foi que o músculo diafragma se contraísse durante a expiração para preservar a aeração e evitar o colapso do pulmão. A partir da lesão pulmonar (SRDA), verificou-se se haveria um acoplamento eletromecânico entre a atividade elétrica diafragmática (EAdi) e a pressão transdiafragmática (Pdi) durante a expiração em diferentes volumes pulmonares. Mediram a atividade elétrica diafragmática e a pressão transdiafragmática expiratórias e a quantidade de atelectasias na diminuição dos volumes pulmonares expiratórios, e ainda, analisaram a influência de um diafragma ativo na formação de atelectasias e no conteúdo do ar comparando a respiração espontânea com a VM paralisada por músculo.
Na TC dos suínos submetidos a expiração espontânea e a VM, foram analisados dois planos (a 1 e 4 cm, respectivamente, da cúpula diafragmática), craniocaudal com imagens tiradas na expiração durante a metade e o final da fase. Nos demais, que tiveram somente em expiração espontânea, foi realizado a TC apenas em um plano (1 cm acima da cúpula diafragmática) e analisadas a parte final da fase expiratória.
A atividade elétrica expiratória do diafragma foi definida como o sinal durante a expiração contínua, o sinal este atinge um pico inicial após o início da expiração e depois diminui até o final do fluxo expiratório.
O teste t de Student em amostra pareada permitiu estudar se a quantidade de atelectasia durante a meia expiração nos diferentes níveis de CPAP era estatisticamente diferente. O mesmo teste foi aplicado à média do EAdi expiratório durante a meia expiração nos diferentes níveis de CPAP. Testes de correlação respiração por respiração foram realizados entre os sinais de Pdi e EAdi ao longo das fases expiratórias.
Conclusão
Os resultados da atividade elétrica diafragmática durante a expiração indicou que houve um aumento neste índice, e uma diminuição do volume pulmonar ao final da expiração durante a respiração espontânea. Desta forma, mostrou-se que a força do músculo diafragma aumentou, significando que houve um acoplamento eletromecânico diafragmático durante a expiração espontânea. Comparando-se com a VM com paralisia muscular e ausência de atividade diafragmática, a contração diafragmática resultante atrasou e reduziu o colapso expiratório e aumentou a aeração pulmonar.
Podemos concluir com este estudo que o diafragma possui um importantíssimo papel durante a fase expiratória, fazendo com que haja uma conservação do volume pulmonar e também trabalhe para a proteção impedindo o colapso pulmonar.