A Arte está presente em nosso dia a dia mesmo que não percebamos, ela está em qualquer canto, seja em casa, nas ruas, no cinema, nas apresentações musicais, peças teatrais, na TV, no rádio, no celular, no computador, no tablet e principalmente nas escolas. E onde quer que vá, nos deparamos com uma característica muito importante da arte que é a imagem. Através de uma imagem conhecemos o mundo sem precisar estar em todos os lugares ao mesmo tempo, e para alcançar diversas imagens de qualquer lugar basta um clic em alguma plataforma digital e lá estamos sem precisar sair do lugar, é muito interessante o que a era da tecnologia alcançou até aqui.
As imagens estão nas ruas, em panfletos, em banners de lojas, fachadas de prédios, mas isso sobrepondo qualquer imagem que seja elaborada para determinada propaganda, e há também aquelas que, provém de artistas, sejam da história da arte, de movimentos e períodos, de artistas de rua usando de muros e paredes para expressar seus sentimentos através da técnica do grafitti.
Com o excesso de elementos visuais criados o ser humano está diante da poluição visual, principalmente nas grandes cidades, mesmo promovendo o desconforto visual e espacial, causados pelos excessos de anúncios, placas e luminosos de forma exacerbada característicos da cultura de massa que incentiva o consumo, dentro deste contexto Benjamin (2000, p. 250) segue referindo que “a massa é a matriz de onde brota, atualmente, todo um conjunto de novas atitudes em face da obra de arte. A quantidade tornou-se qualidade”.
Diante deste contexto, ensino contemporâneo necessita que os conteúdos de Arte abordem imagens não só de obras artísticas, mas amostras do dia a dia, porém muitas vezes acontece do educador não se colocar diante do que se é vivenciado pelo estudante e acaba não alcançando alguns objetivos. Por outro lado,
temos a Arte Contemporânea, que muitas vezes expõe, critica, ironiza, reforça práticas socioculturais vivenciadas pelos estudantes, porém, com frequência, ausente nas salas de aula, talvez devido ao fato de as professoras não terem contato e familiaridade com tais produções, e/ou acharem que as temáticas enfocadas pela Arte Contemporânea não sejam adequadas aos estudantes. Ou seja: existem práticas culturais e “produtos” que denominamos de Arte Contemporânea, ambos produzidos em nosso tempo, que dificilmente tangenciam a Escola e em especial o ensino de artes (CUNHA, 2019, p. 183).
Se o professor observar o interesse dos alunos, buscar saber o que consomem no cotidiano, ele saberá exatamente como abordar o conteúdo com seus alunos, por isso o professor precisa compreender e respeitar o repertório de imagens do aluno, o seu ponto de vista e suas inspirações. Desta forma é importante que a escola,
prepare os educandos para apreciar e conceber a arte, para que eles sintam-se capazes de dialogar com as obras dos artistas e produzir sua própria arte. Deste modo, ampliando as percepções dos aprendizes por meio da leitura e análise das imagens, sejam estas imagens obras de arte ou imagens ilustrativas do cotidiano, estaremos estimulando à livre expressão e a criatividade (TORRES, 2011, p.15).
Para isso, entretanto, faz-se necessário que o docente em arte, além de oportunizar experiências que coloquem o discente em contato com os fundamentos da linguagem visual, saiba proceder perante as distintas leituras feitas pelos seus alunos, de modo que incentive sua participação na criação de outros significados e sensibilize o olhar para aspectos que outrora passariam despercebidos e insignificantes, dentro ou fora do conteúdo escolar.
Buscar estabelecer um vínculo com os alunos é de suma importância, no sentido de realmente envolvê-lo para a prática, conhecendo sua história, conversando sobre determinado assunto, mesmo que não tenha relação direta com a matéria ou com o trabalho desenvolvido, para que se sintam acolhidos em sala de aula, isso é importante em toda a trajetória escolar, pois a afetividade e o reconhecimento fazem parte da boa relação professor-aluno.
A afetividade é um domínio funcional, cujo desenvolvimento dependente da ação de dois fatores: o orgânico e o social. Entre esses dois fatores existe uma relação recíproca que impede qualquer tipo de determinação no desenvolvimento humano, tanto que a constituição biológica da criança ao nascer não será a lei única do seu futuro destino. Os seus efeitos podem ser amplamente transformados pelas circunstâncias sociais da sua existência onde a escolha individual não está ausente (WALLON, 1995, p. 288).
Mas o professor precisa mais do que tudo analisar as hipóteses e apresentar aos seus alunos, buscando sempre incentivá-los, a analisar, conceituar e caracterizar a leitura e a releitura de imagens, não se desfazer de certa forma de suas capacidades, assim podendo destacar algumas diferenças de vínculos entre essas duas práticas. O professor ao ignorar a capacidade dos discentes de, por si só, emitir alguma opinião sobre a leitura de uma imagem qualquer, agimos por:
desconsiderar sua bagagem histórico-cultural, que lhe permite estabelecer relações entre a imagem lida e suas vivências. Esse discurso reproduz uma ideologia onde exclui os não iniciados neste processo, contribuindo assim para ampliar o abismo que separa os cidadãos comuns do acesso a Arte. (BERNANDO, 1999, p.12).
No entanto no que se diz respeito ao fazer arte, não é somente saber sobre desenho, pintura, escultura, é também saber sentir, saber repassar aos alunos uma prática de conhecimento também realizado culturalmente, os seus valores sociais e culturais.
A educação em artes visuais requer trabalho continuamente informado sobre os conteúdos e experiências relacionados aos materiais, às técnicas e às formas visuais de diversos momentos da história, inclusive contemporâneos. Para tanto, a escola deve colaborar para que os alunos passem por um conjunto amplo de experiências de aprender e criar, articulando percepção, imaginação, sensibilidade, conhecimento e produção artística pessoal e grupal (BRASIL, 1998, p. 45).
No ensino de artes em escolas, não há intenção de formar artistas, mas tornar o conhecimento das Artes Visuais em modo pelo qual os alunos pensam e se comunicam com o mundo. Assim não faz sentido avaliar a partir de parâmetros sempre discutíveis de certo e errado, de bonito e feio, de gostar ou não gostar. Isso não significa que um trabalho feito de qualquer jeito seja aceito ou valorizado da mesma maneira que o trabalho de um aluno que se dedicou muito para produzi-lo. O aluno percebe quando o professor valoriza ou não seu trabalho, de acordo com os PCNs,
diante de uma obra de arte, intuição, raciocínio e imaginação atuam tanto no artista como no espectador. A experiência da percepção rege o processo de conhecimento da arte, ou seja, a compreensão estética e artística. O processo de conhecimento advém, então, de significações que partem da percepção, das qualidades de linhas, texturas, cores, sons, movimentos, temas, assuntos, apresentados e/ou construídos na relação entre obra e receptor (BRASIL, 1998, p. 33).
A avaliação cumpre também uma função formativa, que é um dos momentos mais importantes de um plano de aula.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais é preciso “estabelecer relações com o trabalho de arte produzido por si e por outras pessoas sem discriminações estéticas, artísticas, étnicas e de gênero”.
Com este critério pretende-se avaliar se o aluno sabe identificar e argumentar sobre valor e gosto em relação às imagens produzidas por si mesmo, pelos colegas e por outros, respeitando o processo de criação pessoal e social, ao mesmo tempo em que participa cooperativamente na relação de trabalho com colegas, professores e outros grupos (BRASIL, 1998, p.63),
Após a avaliação é importante que os alunos sejam muito bem orientados e compreendam as observações realizadas pelo professor, sobre o seu desenvolvimento, as ações e reações ao longo da atividade proposta. A partir do processo avaliativo de desempenho o professor deverá refletir sobre as aprendizagens adquiridas pelos alunos voltas para a leitura e releitura,
Caso necessário o professor poderá incorporar ao seu trabalho projetos educativos voltados para a leitura e releitura buscando alternativas ou novas metodologias para desenvolver as prática pedagógica relacionadas a leitura, compreensão, interpretação e releitura de imagens,
No entanto, conforme nos esclarece os PCN, a arte na escola tem uma função importante a cumprir. Ela situa o fazer artístico dos alunos como fato humanizador, cultural e histórico, no qual as características da arte podem ser percebidas nos pontos de interação entre o fazer artístico dos alunos e o fazer dos artistas de todos os tempos, que sempre inauguram formas de tornar presente o inexistente, Não se trata de copiar a realidade ou a obra de arte, mas sim de gerar e construir sentidos. Cada obra de arte é, ao mesmo tempo, produto cultural de uma determinada época e criação singular da imaginação humana, cujo sentido é construído pelos indivíduos a partir de sua experiência (BRASIL, 1998, p. 35).
Ao trabalhar a leitura e releitura de imagens em sala de aula, é importante ressaltar que não se trata de levar imagens e apresentar aos alunos através das mídias, mas sim salientar a sua real importância, com novos desafios, procurando métodos de ensino diversificado de leitura e releitura de imagens para os alunos do ensino médio adquiram habilidade e competências necessárias, assim bons resultados serão gerados.
É necessário que o professor abranja o maior número de conceitos dirigidos sobre o assunto, se deseja obter uma resposta rápida de seus alunos, para que eles possam estar treinados a ler e reler uma obra sem muito esforço e com bastante produtividade. O Leitor pode adquirir conhecimento sobre o que vê e trazer para dentro de si um sentimento ou mensagem que a imagem carrega.
Compreender uma imagem implica ver construtivamente a articulação de seus elementos, suas tonalidades, suas linhas e volumes. Enfim, apreciá-la, na sua pluralidade de sentidos, sejam imagens da Arte erudita, popular, internacional ou local; sejam produções dos alunos; o meio ambiente natural ou construído; imagens da televisão; informações visuais diversas presentes no cotidiano (BARBOSA, 2010, p. 81).
A leitura de imagem é tão importante quanto a releitura dela, e os professores são nada mais que os principais mediadores dessas duas práticas em sala de aula e os principais responsáveis em estimular os alunos e descobrir uma maneira de não desviarem a atenção. Sobre as práticas abordadas atualmente pelos professores de arte precisam ser observadas no intuito de identificar se estão contribuindo para alfabetização visual real do educando.
O conhecimento do aluno sobre uma obra, o saber sentir e se expressar e identificar o que ela realmente quer nos transmitir, seja um sentimento, levariam ao um interesse maior reconhecer no que as práticas atuais tem os ajudados quanto a isso, mas de uma maneira que o aluno fique livre nos seus pensamentos, ideias e criações artísticas, vistas inspirações da sua vida pessoal.
Por isso o ensino da arte tem que ser voltado ao aluno de forma que o mesmo consiga compreender que ela também está em seu dia a dia, não é o professor forçando uma aprendizagem dispersa que ele vai conseguir que o aluno produza ou fique concentrado.
O trabalho com a leitura e releitura de imagens necessita ser ainda mais flexível, pois só assim o docente conseguirá com que os seus alunos não percam o foco e a motivação das aulas de Arte e só aperfeiçoando seus conhecimentos sobre o assunto que ele poderá atingir bons resultados, conseguindo “identificar os elementos da linguagem visual e suas relações em trabalhos artísticos e na natureza” (BRASIL, 1998, p. 69).
É preciso muito cuidado com as armadilhas fáceis, como receita pronta de aulas que não fazem sentido para os alunos nem para os professores, antes de tudo é preciso arriscar, saber onde procurar conteúdos que alimentem e ampliem suas próprias idéias a respeito de como pode ser uma aula de artes.