Incluída neste contexto da Lei das Águas, já havia uma preocupação mundial com o futuro da água do planeta, onde órgãos governamentais e não governamentais buscassem soluções mediante projetos e ações para resolver inúmeros problemas relacionados a sua proteção e conservação. O primeiro movimento está relacionado com a Conferência de Estocolmo em 1972, convocada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Conforme destaca Lago (2006), esta conferência teve como um dos seus princípios a proteção integral do meio ambiente, incluindo a água em qualidade e quantidade, salvaguardados em benefício das gerações atuais e das futuras, por meio de cuidadoso planejamento ou administração.
A Conferência de Estocolmo sinalizou o início da preocupação mundial com o meio ambiente por parte de eventos organizados pela ONU. Um dos documentos que marcaram este momento foi o Relatório Brundtland, publicado em 1987 denominado de “Nosso Futuro Comum” que traz o conceito de desenvolvimento sustentável para o discurso público. Após isso, novos encontros foram promovidos pela ONU, como a Conferência Rio-92, realizada no Rio de Janeiro em 1992, resultando na elaboração da Agenda 21 e em Johannesburgo em 2002, a qual ficou denominada como “Cúpula do Desenvolvimento Sustentável” ou Rio+10, com o objetivo de avaliar as propostas estabelecidas na Rio-92. Em 2012 realizou-se a Conferência Rio+20 denominada de “Cúpula dos Povos” com o objetivo de reafirmar o acordo sobre Desenvolvimento Sustentável, deste encontro oito objetivos foram definidos. O último encontro da Cúpula do Desenvolvimento Sustentável ocorreu em 2015 em New York com o tema “Transformando o Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” na qual foi firmado o compromisso de cumprimento de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Dentre os objetivos firmado em 2015, o ODS 6 descreve que se deve: Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos .
A premissa de sustentabilidade se faz, pois, há a necessidade de proteção e conservação das águas, por ser um recurso finito, fundamental e imprescindível à vida. Para isso, deve ter condições físicas e químicas condizentes para consumo humano e demais espécies existentes nos diversos ecossistemas Rebouças et al , descreve que além da manutenção da vida, a água é essencial as atividades industriais e agrícolas.
Neste sentido Hass , destaca que são as águas das nascentes a principal fonte de abastecimento para o consumo dos seres vivos, pois são elas que fornecem água para os córregos e rios. Para que as nascentes cumpram seu papel, é necessário cuidar do seu entorno, verificando os riscos as quais estão submetidas.
Embora o impacto das atividades humanas não possa ser avaliado sem incluir o papel da água em todas suas fases, ainda se tem a falta de conhecimento quantitativo sobre os impactos que podem acarretar ao recurso . A água tem e sempre terá influência sobre o controle da evolução da Terra, devido ao seu movimento em ciclo, modificando seu estado, o qual é chamado de ciclo hidrológico. O movimento da água dentro do ciclo hidrológico compreende o maior fluxo de qualquer material na biosfera.
Sendo as nascentes componentes do ciclo hidrológico, são também conhecidas por cabeceiras ou fontes, e acontecem em locais onde emergem os olhos d’água, as quais, são as descargas naturais dos aquíferos superficiais que dão origem ou alimentam os cursos d’água .Torna-se necessário verificar, numa perspectiva geoambiental e de forma pontual, as condições atuais em que se encontram as nascentes e a que tipo de riscos e impactos ambientais estão submetidas como, erosão hídrica, desmatamento da Área de Preservação Permanente (APP), contaminação por uso indiscriminado de agrotóxicos, entre outros.
O desmatamento no Brasil
Com a expansão da agricultura e pecuária em diversas regiões do Brasil nas últimas décadas, houve desmatamento acelerado sem a preocupação de preservar o ecossistema em seu entorno. As nascentes, que deveriam ser protegidas ficaram expostas em muitas áreas e sofrem riscos de degradação, sendo que em muitos locais, foram soterradas para virar área de pastagem ou agrícola, deixando de existir e abastecer os canais superficiais .
Assim, tendo em vista a preocupação global em relação a água, este trabalho teve como principal objetivo, desenvolver uma proposta metodológica para o levantamento de riscos e problemas ambientais em nascentes. A proposta foi apresentada em formato de uma cartilha, com indicação de aspectos a serem verificados in loco em relação aos riscos e problemas, além de técnicas adequadas para cada situação apontada. A cartilha foi aplicada em uma escola do campo do distrito de Piquirivaí, no município de Campo Mourão-PR.