Uma das principais transformações enfrentadas pelo Sistema Internacional nos últimos séculos, foi a ampliação da globalização e a interdependência entre os Estados. Sendo esse termo “independência” um conceito novo que surgiu por meados da década de 1960, 1970, mas como a realidade está em constante transformação, na década de 1980 o cenário mundial enfrentava um conflito jamais visto: a guerra fria, algo complexo que se refletia nas relações interestatais. Já no decorrer da década de 1990 novos conceitos e tendências foram surgindo, as relações que permaneciam em uma esfera bipolar se multiplicaram.
Uma vez que vivenciávamos essa transformação, surgiu de maneira bastante clara a nova relação de poder, nascia uma nova fase de dominação estatal, já que um Estado poderia ter acesso a alguns privilégios como geográficos, militares, econômicos, tecnológicos, industriais, enquanto o outro se tornariam dependes desses benefícios. Joseph S. Nye nos esclarece essa relação de poder:Importante distinção do que se entende por “poder”. Assim menciona duas espécies: A) hard power, que nada mais é do que o poder pelo qual o Estado manifesta sua habilidade econômica e militar para comprar ou coagir e B) soft power que significa habilidade para atrair de apelo cultural e ideológico.
A noção de globalização se tornou popular, as multinacionais ligavam países, acordos eram celebrados, tecnologias eram desenvolvidas, o fluxo do intercâmbio de mercadorias crescia, mas ao mesmo tempo que percebemos o desenvolvimento, estamos cientes que qualquer alteração nessa dinâmica já estabelecida afetará grande parte do globo, foi o que ocorreu com a crise da bolsa de Nova York em 1929, assim como os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, esses acontecimentos em um local específico, geraram mudanças de proporções gigantescas nos Estados tanto no âmbito doméstico como em suas políticas externas.
São nesses momentos de crise que podemos perceber que a globalização carrega em sua essência uma dramática e complexa desigualdade entre Estados. A economia mundial é um dos principais fatores para que ocorra essa dessemelhança, a porcentagem do poder exercido no Estado dominado trará como consequência um aumento significativo de pessoas que serão desfavorecidas, que enfrentarão alguma espécie de exploração ou privação como fruto da interdependência estatal.
Podemos citar como exemplo a atual exploração dos trabalhadores no mercado econômico da China, um Estado com amplas e importantes conexões intercontinentais, vivência um baixo reconhecimento dos direitos trabalhistas, mas esse foi um exemplo de um país desenvolvido, se falarmos das consequências no Afeganistão por exemplo, um país em desenvolvimento, pouca estrutura e tecnologia, com índice de pobreza mais elevado, crises domésticas, religiosas e tribais, será acrescentado atos de violência quando ocorrer qualquer tipo de discordância, pois a população não tem grande acesso a informação, muitas vezes é manipulada pelas lideranças, sejam elas religiosas, tribais ou governamentais e acabam servindo como massa de manobra para os atentados terroristas.
Mas o que é afinal o terrorismo? É importante observar que essa pesquisa se insere no debate sobre terrorismo no âmbito das Relações Internacionais, onde se buscou definir o seu conceito, abrangência e consequências. Constitui extremamente complexo apresentar o conceito do que seria terrorismo, pois cada Estado, apresenta uma nomenclatura, chegando ao ponto de apresentarem divergências de entendimento em órgãos em âmbito interno, portanto será adotado o posicionamento da Organização das Nações Unidas sobre a temática.
Regulamento de ataques terroristas
Durante a Liga das Nações, por meados de 1937, já se apresentava uma preocupação para regulamentar atos terroristas, e esta foi a primeira iniciativa para enfrentar esse fenômeno internacionalmente, mas sua vigoração foi prejudicada por falta de ratificação, atualmente a ONU na Declaração de Medidas para Eliminar o Terrorismo internacional, conseguiu condenar e classificar como terrorismo todos os atos criminais e injustificáveis, praticados por qualquer pessoa e em qualquer lugar. A Declaração assim se refere ao fenômeno:”atos criminosos pretendidos ou calculados para provocar um estado de terror no público em geral, num grupo de pessoas ou em indivíduos para fins políticos são injustificáveis em qualquer circunstância, independentemente das considerações de ordem política, filosófica, ideológica, racial, étnica, religiosa ou de qualquer outra natureza que possam ser invocadas para justificá-los”.
Atualmente a opinião pública foi moldada para pensar que terrorismo é apenas aquele praticado por grupos extremamente violentos e que possui ligação com a comunidade árabe, mas não podemos esquecer que muitos Estados se utilizam do terrorismo como uma arma para lutar guerras não declaradas, conforme Neil Livingstone:
O terrorismo não vai desaparecer. Os países pequenos e fracos descobriram que ele pode aumentar muito seu poderio político: perseguidos como estão, por falta de recursos, provavelmente não abandonem o terrorismo como um instrumento político e militar. As nações maiores e mais fortes, contraditoriamente, descobriram que o apoio ao terrorismo lhes pode ajudar a atingir seus objetivos nacionais, sem o risco consequentemente de outras formas de guerras e sem os atrasos prolongados, característicos das mesas de negociações. ( Contra ataque para vencer a guerra contra o terrorismo, 1986, Neil Livingstone, pg. 18)
A realidade é que os terroristas, sejam eles vinculados ao Estado ou a grupos terroristas, esperam que seus atos forcem mudanças no Sistema Internacional, sejam elas de caráter politico, econômico ou religioso e a violência é a principal arma utilizada, pois a mesma obterá uma intensa ‘coberturas dos meios de comunicação, chocando e trazendo a visibilidade necessária para o pretexto.