Falar em conjuntura é compreender o contexto político que nos encontramos, com o esvaziamento de partidos políticos tradicionais, vide PSDB nas eleições de 2018 e o surgimento de uma extrema direita, com a tentativa de normalização de discursos fascistas, machistas, homofóbicos e racistas (tendência quase global). Tentativa, também, de normalização do genocídio da juventude negra e pobre do Brasil, com um CEP muito bem delimitado. Essa conjuntura também envolve discursos antipolítica e o surgimento de novos atores e partidos. Ou seja, Bolsonaro pensa e cria uma base para sua candidatura, essa base é construída desde junho de 2017, que se constitui de eleitores com ensino superior, faixa de renda acima de 5 salários mínimos, majoritariamente masculina e com forte presença da Igreja Evangélica.
O que faz ele ter uma base estável para manter um governo. Trata-se de uma confluência inédita, especialmente quando se pensa que nada menos do que 13 candidaturas se apresentaram às eleições presidenciais de 2018. Nunca antes tinham confluído para uma única candidatura presidencial, como ocorreu com a do capitão reformado do Exército, as figuras do “lava-jatismo”, do antipetismo, do antissistema, do voto nulo, do abstencionismo, do conservadorismo de costumes, do desejo de “lei & ordem”. A instabilidade do governo bolsonarista é uma coisa que preocupa não somente a quem se interessa ou discutir o assunto, mas a todos os cidadãos do país. Não saber ou supor o que irá acontecer traz a todos o sentimento de incerteza e a preocupação de como a vida irá se desenvolver neste período.
O resultado da pesquisa
As últimas Pesquisas mostram que o aumento da desaprovação do atual governo só cresce, as pessoas que têm mais confiança no governo tem a predominância de uma classe, sexo que religião( sites masculinos, evangélicos e que moram nas regiões Sul, que ganham acima de cinco salários mínimos). Aos que pensam que a queda na popularidade do governo somando com a incapacidade de articulação política e as trapalhadas diárias do Planalto, se concluirá em um inevitável processo de impeachment, porém temos que levar em consideração e essa forma de política pode ser considerada um projeto político, não é a pretensão de governar para todos, esse discurso essa prática seriam típicas do Velho Mundo da velha política que era pura enganação. Trata- se de governar para uma parte da base eleitoral, que é grande o suficiente para sustentar o governo tornando-se essa base fiel e fundamental para mantê-lo no poder.
O Brasil e o mundo enfrenta uma grande pandemia, a pandemia de Covid-19, causada pelo Novo Coronavírus, vem produzindo repercussões não apenas de ordem biomédica e epidemiológica em escala global, mas também repercussões e impactos sociais, econômicos, políticos, culturais e históricos sem precedentes na história recente das epidemias.A estimativa de infectados e mortos concorre diretamente com o impacto sobre os sistemas de saúde, com a exposição de populações e grupos vulneráveis, a sustentação econômica do sistema financeiro e da população, a saúde mental das pessoas em tempos de confinamento e temor pelo risco de adoecimento e morte, acesso a bens essenciais como alimentação, medicamentos, transporte, entre outros.
Além disso, a necessidade de ações para contenção da mobilidade social como isolamento e quarentena, bem como a velocidade e urgência de testagem de medicamentos e vacinas evidenciam implicações éticas e de direitos humanos que merecem análise crítica e prudência. Afinal, um presidente da República que, no meio de uma pandemia histórica que logo chegará a centenas de milhares de infectados e possivelmente dezenas de milhares de mortos, passa 40 minutos falando sobre os namoros do filho com metade do condomínio e de como ele próprio desligou o aquecimento da piscina para economizar em meio à crise, fracassou de forma tão retumbante como comandante de uma nação em situação de emergência que sua saída parece simplesmente lógica.
Muitos dos comentários na mídia adotaram essa linha: falou-se em renúncia, especulou-se sobre a possibilidade de um impeachment. Até sobre golpe militar. Ou como esperam algumas pessoas no meio econômico que o vice, general Hamilton Mourão, assuma o governo. O argumento aqui é que o Brasil, afinal, já teve boas experiências com governos interinos, de Itamar Franco a Michel Temer. Mas mesmo no médio prazo todos esses cenários não são realistas: é muito cedo para a despedida de Bolsonaro. É verdade que o capitão da reserva está enfraquecido, como afirmam muitos críticos. Mas eles subestimam a sua força, que o mantém firme no cargo. São vários os motivos:
Sobre o Presidente da República
Bolsonaro tem uma base de apoiadores estável. Entre eles estão os evangélicos, que são pelo menos um terço da população, segundo estimativas. Esses não se deixam assustar pela pandemia, que consideram um castigo de Deus. Eles também não ligam para o discurso de ódio de Bolsonaro, desde que ele se empenhe pelos seus interesses conservadores.
O Presidente da república também poderá continuar contando com o apoio dos inúmeros nostálgicos da ditadura, dos fãs das milícias e dos demais linhas-duras na questão da segurança pública. Nenhum outro político usa os estereótipos sociais tão bem como o ex-capitão. Ele os agrada com medidas como o relaxamento nas exigências para a importação de armas ou a compra praticamente ilimitada de munição. Some-se a isso o Poder Executivo: o presidente da República tem o poder da caneta. Até aqui foram poucos os cargos na burocracia e nas estatais que Bolsonaro preencheu com nomeações políticas.
Mas, agora, ele “foi às compras” e começou a negociar com os deputados tradicionalmente à venda.E ele está com sorte: em meio à crise, obter apoiadores no Congresso está até mais barato, dito de uma forma cínica. Qualquer verba para um banco de desenvolvimento regional ou uma agência subordinada faz milagres políticos nestes tempos difíceis. E as eleições municipais de outubro ainda não foram adiadas. Uma verba pública para comprar alguns respiradores para um hospital municipal pode decidir uma eleição. Os apoiadores de Bolsonaro rejeitam o balcão de negócios com a “velha política”, o que Bolsonaro também descarta desde a campanha eleitoral.
Mas ele pode sair dessa com um truque fácil: o seu argumento para defender o regateio de postos em prol de sua sobrevivência política será o de que ele colocou militares em todos os níveis do seu governo, e eles saberão manter os políticos corruptos dentro da linha. E, claro, os próprios militares são uma importante garantia para a sobrevivência política de Bolsonaro: os generais continuarão apoiando o capitão da reserva enquanto ele não for afastado do cargo por meio de um impeachment. Mesmo no curso inconstante das últimas semanas, eles não o criticaram publicamente.
Também, a vida em Brasília, no centro do poder, é atraente demais para isso: eles desfrutam dos privilégios, dos acréscimos salariais e nas aposentadorias, do acesso aos orçamentos estatais para os seus setores, da importância recém-adquirida depois de décadas de opróbrio e insignificância, após o fim da ditadura militar. Em resumo: não está com cara de que o Brasil vá conseguir se livrar, no curto prazo, de um presidente para quem a gestão da atual crise é claramente pedir demais.