Mudanças no trabalho no início do pós-modernismo
O trabalho começou a sofrer algumas alterações no início da pós-modernidade por causa da adoção de concepções com relação à flexibilização do capital e dos processos de trabalho por parte dos detentores do poder econômico nas sociedades ocidentais.
flexibilização foi aceita como propícia às reestruturações necessárias à manutenção do capitalismo, de acordo com Harvey (1996), por ocorrer em prol da sustentação do capital, ou seja, por manter as mesmas premissas com vistas à lucratividade.
trabalho flexível descentralizou o poder, outrora centralizado no papel do líder, ao instituir o trabalho em equipe e eleger lideranças apenas situacionais, atribuindo aos sujeitos um maior controle e responsabilidade sobre o próprio trabalho.
Entre as concepções que acompanharam o trabalho flexível, surgiu a noção aparente de liberdade para cumprir metas, mas estas tendiam a ser de difícil execução e cumprimento, exigindo substancial empenho por parte dos sujeitos para alcançarem os resultados exigidos (Sennett, 2000), além de as equipes de trabalho contarem, em geral, com um número reduzido de pessoas, originando uma sobrecarga de trabalho e a realização de horas-extras (Antunes, 1998).
Mudança de conceitos sobre o trabalho
As concepções sobre o trabalho começaram a se alterar entre os dirigentes organizacionais, através da transmissão de ideários sobre a necessidade de mudanças profundas das empresas, sob pena de falência, desenvolvendo crenças na necessidade de transformações radicais nas organizações, devido ao acirramento da concorrência entre as empresas.
Toffer (1999) comenta: “Muitos empresários têm uma visão estrita de seus negócios, e sabemos que, nesta época de turbulência, muitas companhias serão simplesmente eliminadas pela concorrência, não apenas vinda do exterior, mas de outros setores de atividades em seu país” (p.
Para que as tarefas fossem cumpridas, houve uma tendência de que os sujeitos mantivessem uma jornada de trabalho com um ritmo incessante e com muitas horas-extras, com prejuízo ao atingimento sistemático das metas e dos resultados, o que passou a ser outro motivo do risco de demissão (Sennett, 2000).
Como se não bastasse, de acordo com Dejours (2000), devido ao desemprego estrutural, que fez com que houvesse um contingente de pessoas desempregadas no mercado de trabalho, surgiu, por parte dos dirigentes empresariais, a noção de que as pessoas eram facilmente substituíveis em suas atividades.
sucesso alcançado através do prestígio de um estilo de vida diferenciado, representado pelos bens de consumo, tornou-se amplamente valorizado pelos sujeitos nas sociedades ocidentais e foi considerado como uma característica de personalidade, pela qual os sujeitos passaram a ser avaliados para a inclusão social.