Do ponto de vista acadêmico, a inovação tecnológica que parte das universidades e outras instituções de pesquisa sempre tende a ser inserido na perspectiva do marco teórico evolucionista/neoschumpeteriano, cujas premissas estão firmemente baseadas em pressupostos históricos, marcados por aspectos distintos das realidades social, econômica e política, nota-se que o maior desafio do conceito é dar conta da complexidade e particularidade dos processos de inovação nos diferentes sistemas nacionais. O trabalho desenvolvido aqui mostra que o conjunto de tentativas nesse sentido, fez emergir duas diferentes concepções principais de SNI, uma mais restrita e outra mais ampla . Sem contudo, deixar de reconhecer a contribuição de outras concepções analíticas que se dedicam em mostrar outras dimensões do sistema inovativo – local, regional e setorial. Essa divergência, associada à rápida difusão do conceito nos meios acadêmicos e policy making, gerou o uso indiscriminado do conceito. Além disso, a visão neochumpeteriana da globalização, como reflexo de uma revolução tecnológica, serve como base para o apontamento de um conjunto de linhas de pesquisa com potencial em associar aspectos relevantes da “globalização” à perspectiva dos SNIs. Aprofunda-se a potencial ligação teórica entre as perspectivas de SNI e universidades públicas, destacando-se formatos dos vínculos contemporâneos firmados entre espaço local e global para o setor de inovação e o papel das universidades nessa área, o objetivo principal do texto é enfocar a importância das universidades pro setor de inovação. Destacando-se formatos dos vínculos contemporâneos firmados entre espaço local e global.
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
Países como a Suécia e a Austrália adotaram formalmente o conceito de sistema nacional de inovação em suas estruturas de governo ou nos relatórios oficiais. Nota-se que diversas instituições internacionais incorporaram o conceito, tendo um relativo destaque a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os estudos acadêmicos foram realizados para muitos países e, ora apoiados em uma ou em outra das perspectivas assinaladas acima, tem contribuído à compreensão das particularidades dos processos de inovação em cada território. Tal esforço para construção do artigo não tem como horizonte especificar todos os componentes do sistema nacional de inovação e suas relações, ou criar algo como “teoria geral das inovações”. A ideia é tornar a relação entre o sistema nacional de inovação e as universidades mais clara e consistente, de forma que seus componentes, relações, funções e a extensão possam ser definidos.
Uma visão básica poderia supor que a difusão e o crescimento das tecnologias de informação e comunicação dos últimos 20 á 30 anos ao intensificar os fluxos de informação e conhecimentos estariam diminuindo o papel dos SNIs, já que essas informações estariam disponíveis a todos na internet. Nesse sentido, também Chang (2009), em seus trabalhos, ressaltou o papel dos sistemas nacionais e regionais na melhora das capacitações inovadoras das empresas envolvidas em fluxos internacionais de informação. Nesse sentido, a capacidade de integrar a complexidade das informações e dos conhecimentos potencialmente envolvidos nos novos fluxos regionais, com as capacitações já construídas em cada estado em cada setor reforça o papel dos sistemas de inovação, no atual contexto. Como contexto das transformações contemporâneas globais às quais devem se adaptar os sistemas de inovação, os economistas neo-schumpeterianos costumam apontar para o paradigma de produtividade tecnológica. Podemos analisar que suas regularidades dentro de uma historicidade no sentido onde a ordem de transformação da máquina capitalista permite, por exemplo, predizer a emergência de uma nova onda de desenvolvimento para o futuro. Tão interessante quanto essa capacidade (ou pretensão) preditiva do modelo de análise é que cada revolução implica no geral em uma dada inovação tecnológica e organizacional. Isso porque, o ponto de partida às revoluções é dado pela realização de grandes inovações por um conjunto restrito de empresas, concentradas em um dado espaço. Essas inovações radicais representam mudanças de paradigmas por abrirem novas trajetórias tecnológicas e impulsionarem setores de conhecimentos da sociedade onde, nesse contexto, entra as universidades .
As transformações intensas que iniciam em um conjunto restrito de segmentos produtivos e, progressivamente, vão se difundindo para dentro das universidades.Como destacado acima, um novo paradigma tecno-econômico vai se revelando em um processo de destruição criadora que, com o tempo, passa a ter um sentido bem definido e irreversível. Assim, a máquina capitalista se transforma e se expande territorialmente (globaliza), norteada pelo sentido comum das inovações, ou seja, pelo processo de substituição de velhas práticas por novas, por um novo paradigma-tecno produtivo. Em relação a este último, o sentido principal das transformações contemporâneas foi apontado em Perez (2003) nos seguintes aspectos: (i) a integração descentralizada ou integração em redes de empresas; (ii) no uso intensivo de informações e a comunicação instantânea, propíciado pelas TICs; (iii) no aumento da cooperação dentro e fora dos Sistemas Locais; (iv) na Interação entre o Global e o local; (v) na ampliação do valor adicionado por intangíveis; (vi) na proliferação de nichos de mercado; (v) no aproveitamento de economias de especialização combinadas a de escala; e (vi) na heterogeneidade, diversidade e adaptabilidade dos atores envolvidos nos processos de produção e inovação. Da visão neoschumpeteriana sobre a globalização como reflexo de uma revolução tecnológica emerge um conjunto de linhas de pesquisa com potencial para associar aspectos relevantes da “globalização” à perspectiva dos sistemas de inovação. Entre elas, a formação de redes globais de valor ; a internacionalização das atividades de P&D ; a intensificação dos fluxos.
Sistema Nacional de Inovação
Sistema Nacional de Inovação e Cadeias Globais de Valor Registram-se estudos recentes de integração da perspectiva de sistemas de inovação com a de Cadeias Globais de valor, por seu aparente alto potencial teórico/analítico. As análises envolvendo cadeias globais de valor, doravante (CGV), remontam o último quarto do século XX, período de irrupção e desenvolvimento da revolução das TICs, motivadores do processo de globalização contemporâneo. Uma força poderosa do movimento de integração mundial por meio de cadeias globais de valor são as estratégias das grandes corporações em concentrarem-se em suas atividades tecnológicas nas reconhecidas como centrais. O consequente fenômeno de multiplicações das terceirizações de atividades produtivas, reconhecido como hiper segmentação tecnológica, pode beneficiar diferentes sistemas de inovação, dependendo de fatores como: as capacitações tecnológicas já desenvolvidas, seu potencial do mercado interno, da infraestrutura física (não apenas de P&D),a distância geográfica de grandes mercados ou de parceiros tecnológicos, o nível de abertura econômica, o marco regulatório, entre outros.
A ideia central das CGV é de que as várias atividades possíveis em uma cadeia de valor possuem diferentes potenciais de agregação de valor. Atividades intangíveis como, P&D, e o desenvolvimento de marcas teriam potencial superior às de produção/montagem, por exemplo. Sabe-se, contudo, que as atividades com maior potencial são as menos terceirizadas aos países em desenvolvimento. Para Lundvall,et.al, (2014) um dos benefícios da integração dos approachs de SNI e das CGV estaria exatamente em compreender a contribuição para o desenvolvimento econômico das diferentes formas de ingresso de empresas (ou clusters de empresas), localizadas em países em desenvolvimento, em cadeias globais de valor. Nesta perspectiva, insere-se a contribuição de Humphrey e Schmitz (2000) que sinalizam a importância das firmas ou cluster realizarem esforços internos voltados em aumentar a capacidade de agregação de valor na CGV, através do desenvolvimento de upgradings de processo (reorganização do sistema de produção), de produto (aperfeiçoamento de produtos antigos e introdução de novos) e de funcionalidade(desenvolvimento de logística, design, marketing). Neste tratamento, assumem relevância as formas de governança das relações que se estabelecem entre as empresas e universidade.
Um sistema setorial de inovação se define por um conjunto de industrias que compartilham entre si a produção de bens semelhantes e seus vínculos inovativos intra e inter setorial onde a restrição do enfoque é pertinente com a percepção de que o setor produtivo e a infraestrutura cientifico tecnológica, aqui representada pelos pesquisadores, são os elos fundamentais de um sistema setorial de inovação, dentro dessa perspectiva a empresa se torna o agente inovador, introduzindo novas inovações no setor econômico e quando observamos sobre a ótica da criação essa cape prioritariamente a universidades e institutos de pesquisa onde esses serão incorporado pelas empresas através de várias formas.
A cadeia produtiva do setor mineral engloba um sistema de produção verticalizado, e nesse tipo de setor o peso da P&D é muito mais importante que o conhecimento adquirido externamente, um outro fator importante, comentados por Suzigan, Rapinie Albuquerque, Pinho e Fernandes é que a inovação entre universidade e empresa desempenha um papel extremamente importante em países subdesenvolvidos pois elas atuam de modo mais efetivo em uma sociedade ainda primitiva no desenvolvimento de novas tecnologias que possam atrair firmas para o local, quando relacionamos a inovação com a cadeia produtiva verticalizada do setor mineral vemos que ela tem uma baixa possibilidade inovativa.
Еconômicos mercados
Segundo autor existe uma linhagem teórica que afirma que economias de base mineradora tem muito mais problemas do que vantagens para conduzir o seu processo de desenvolvimento, quando abordamos essa linha de pensamento entendemos que o crescimento de recursos financeiros advindo desse tipo de economia acabam limitando a capacidade expansiva de outros setores produtivos fazendo com que a região dependa muito mais daquele tipo de mercado deixando a economia local mais fragilizada e que uma corrente oposta a essa aborda que a mineração pode ser um meio de desenvolvimento para a região;
Segundo dados de um levantamento realizado em 2017 pela PINTEC (Pesquisa de Inovação) para a CNAE (Comissão Nacional de Classificação) dos setores que abrange diretamente a mineração, B – 07/08/09, relacionados a indústria extrativista, e C- 23/24/25, empresas que relataram um dispêndio de valores para investimentos em pesquisa e desenvolvimento no estado do Pará foram 17 em caráter de atividade contínua, investindo 3.052.000 R$, subtraídas da tabela que fala sobre a aquisição de outros conhecimentos externos, exclusive software que compreende na aquisição externa de tecnologia na forma de: patentes; invenções não patenteadas; licenças; know-how, marcas registradas; serviços de consultoria (computacionais ou técnico-cientifico de assistência técnica a projeto de engenharia e projeto industrial e outros serviços essenciais ao desenvolvimento de novos produtos e/ ou processos), acordo de transferência de tecnologia, e em parcerias para pesquisa e desenvolvimento junto aos principais setores de pesquisa no estado do Pará interagindo com 26 grupos dessas instituições, distribuídos entre o Instituto Evandro Chagas com 1, Universidade Federal do Pará 20, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial com 1, Universidade Federal Rural da Amazônia com 2, Universidade Federal do Oeste do Pará com 1 e o Museu Emílio Goeld com 1. A tabela 1 mostra a lista de empresas do setor mineral que interagem com o setor público para desenvolvimento de pesquisa em inovação