Com o passar dos anos é clara a influência do meio externo na forma de educar dos pais, tendo em vista a modernização da sociedade e a facilidade de acesso a informações, seja no mundo virtual, televisão, jornais e até mesmo pela própria escola. Os alunos atualmente, desde pequenos, têm acesso à internet, jogos, músicas e diversões que normalmente trazem em sua essência a influência da cultura inglesa, logo, os pequenos já têm esse contato com outra língua e muitas vezes já sabem decifrá-las .
Portanto, percebemos que conhecer e dominar uma segunda língua tem sido fundamental para melhorar o desempenho escolar e ser um diferencial na concorrência do mercado, isso se relaciona diretamente ao processo de ensino e aprendizagem da criança, que por sua vez, precisa ter contato com várias formas de linguagem do mundo externo que a levará ao conhecimento de novas culturas e aquisição de novos valores.
Conforme Bauchot para se compreender esse processo de composição da linguagem, o autor aborda a existência de uma área no cérebro responsável pela elaboração e desenvolvimento da linguagem, a chamada região ou área de Broca. De acordo com Sternberg essa descoberta, ocorrida em 1864 deve-se ao estudioso da neurologia humana Paul Broca que estudou o assunto buscando explicações sobre os mecanismos ligados a linguagem. Segundo este autor:A Área de Broca é responsável pelo processamento da linguagem, produção da fala e compreensão. É um centro de linguagem no cérebro, é a área responsável pela formação das palavras. Essa área está presente no hemisfério dominante, normalmente, o esquerdo .
Não obstante, conforme explica Grosjean :Muitas pesquisas já realizadas, com o advento da neurociência, comprovam que o bilinguismo impacta positivamente o desenvolvimento cognitivo das crianças, principalmente por propiciar maior plasticidade e flexibilidade entre as sinapses, característica que facilita aprendizagens subsequentes.
Desse modo, sabe-se que a plasticidade é a base neural para qualquer aprendizagem, portanto, quanto mais flexibilidade e plasticidade sináptica, mais predisposição a acontecerem aprendizagens subsequentes . Decorrente desses achados científicos surgiram algumas generalizações do senso comum, como a de que os indivíduos bilíngues são mais inteligentes.
A importância do contato precoce da criança com a língua
Logo, é possível perceber a importância do contato precoce da criança com outra língua que não seja a materna pois quanto mais cedo ocorrer a aprendizagem de uma segunda língua, melhor é a capacidade do indivíduo de apropriar-se dela com maior facilidade no processo de desenvolvimento cognitivo.
Mediante a isso, autora Megale (2005) afirma que o indivíduo que aprende duas línguas quando criança no mesmo contexto, provavelmente irá apresentar uma única representação de memória para as duas traduções equivalentes, uma grande vantagem do bilinguismo na infância, diferente de quem aprende a segunda língua em um outro contexto da língua nativa, na qual pode apresentar duas representações distintas para traduções equivalentes.
Relativamente, pode-se dizer que, a aquisição da segunda língua ocorre de forma simultânea ou sucessiva em relação à língua materna, pois para Edwards (2006) na aquisição simultânea, é comum que a criança utilize uma língua para cada pessoa, seguindo o princípio de “uma pessoa, uma língua”. Na aquisição sucessiva, por sua vez, é a aquisição da segunda língua posteriormente, depois que já está consolidada a língua materna, e pode se dar em qualquer idade. O autor afirma que a aquisição prematura facilita a fluência, o vocabulário e a pronúncia. As crianças bilíngues apresentam, em geral, melhor desempenho cognitivo do que crianças monolíngues, tendo vantagens consideráveis.
Sobre os expostos acima, podemos afirmar que as línguas adquiridas ainda na infância são colocadas numa mesma área, o que torna o acesso natural. No caso de vir a ser adquirido em um momento mais tardio da vida, esse aprendizado fica armazenado em outra área do cérebro, que pode diminuir a agilidade e a facilidade no conhecimento pleno do idioma.
Essas questões relativas aos efeitos do bilinguismo no indivíduo, atraem cada vez mais a atenção de neurocientistas, que por meio de estudos e pesquisas, comprovam as vantagens da aquisição de uma segunda língua, não apenas na infância, como também na vida adulta e na velhice.