O Cortiço,de Aluísio Azevedo: Resenha crítica da obra literária 

O livro “O Cortiço” é uma narrativa romântica naturalista brasileira, escrita por Aluizio de Azevedo em 1890, publicado pela editora B. L. Garnier. O romance remonta a sociedade do Rio de Janeiro no fim do século XIX, trazendo consigo diversas críticas a o contexto social da época. Dividido em vinte e três capítulos que descrevem a rotina diária do protagonista João Romão e os residentes de sua estalagem, por onde toda a história é narrada no decorrer de suas 354 páginas(1° edição).

Aluísio de Azevedo nasceu em São Luís, Maranhão na data de 14 de abril de 1857. Deu início a sua carreira de escritor, devido a problemas financeiros, e em 1880 publicou o seu primeiro livro: Uma lágrima de mulher. Dando continuidade a sua carreira literária em 1881 publica o livro “O mulato” que foi uma obra de grande sucesso, Aluísio então decidiu prosseguir como escritor, publicou muitos romances, contos e peças de teatro durante sua vida. Faleceu em 21 de janeiro de 1913. Sua última obra escrita foi uma peça de teatro intitulada de “O Touro Negro”, publicada em 1898.

Características do personagem principal

O protagonista João Romão era um caloteiro nato e um muquirana de mão cheia. Construiu o seu império explorando sua amiga “ex-escrava” Bertola que doava sua vida ao sonho do português. O seu novo empreendimento “O Cortiço” era um conglomerado de casinhas uma colada a outra, investimento que colaborou com o acúmulo da riqueza de João Romão.

No famoso cortiço residiam as lavadeiras, os imigrantes europeus, como também trabalhadores da pedreira. De todos se destacava a Rita, descrita como uma mulata brasileira de quadris bonitos e sedutora, que por fim levou o seu namorado capoeirista a morte pela promessa de um amor estrangeiro. No entanto essa richa causa uma algazarra no amontoado de casinhas, que por fim vibram em brasas. João Romão, astucioso, já havia feito um seguro, no qual utilizou esse recurso junto com a suas economias para ampliar o cortiço, a venda e sua moradia. A ambição do português não estava apenas nos seus bens, como também no seu nome.

O próximo passo era casar-se com uma moça que estivesse no mesmo nível social, diferente de sua amiga negra “ex-escrava”. Bertola percebendo as manobras de Romão para se livrar dela e casar-se com a filha do Miranda, exige usufruir dos bens acumulados a seu lado. Romão como um bom caloteiro usou sua carta na manga, denunciou a pobre escrava fugitiva a seus donos, que ela em desespero, prestes a ser capturada comete suicídio, deixando o caminho livre para o casamento com a filha do Miranda.

Abrasileirar-se, um termo comum na narrativa, descrito na obra como ostentar, esbanjar-se em festa, bebidas, sem economizar nada, viver o hoje, largado a existência momentânea sem se preocupar com o futuro. Essa é uma das principais críticas à sociedade brasileira no fim do século XIX, que segundo a narrativa, são os efeitos colaterais do clima e o sol forte dos trópicos que abate a vontade de trabalhar, característica que ainda é presente na população pobre brasileira, que aos adeptos leva a ruína financeira e emocional. A narrativa usa como exemplo o português Jerônimo, que tem uma vida exemplar até ceder aos encantos da brasileira Rita Baiana, logo, o português “abrasileira-se”, modificando todos os seus “bons” hábitos de europeu dedicado à famíli

a e às economias para tornasse um típico brasileiro, ganancioso e preguiçoso.

Na estética social o livro remonta a estrutura na qual os pobres eram tratados pela burguesia, onde a riqueza de detalhes que aproximam o livro a realidade da população pobre brasileira no século XIX o caracteriza como um romance realista. As ‘casinhas’ eram vãos, os inquilinos descritos como formigas bravas; também era utilizado termos pejorativos para se referir aos negros, estrangeiros pobres, e principalmente, às mulheres, descritas como “raparigas”, e as que não detinham poder aquisitivo semelhante obteriam o mesmo fim. Característica de uma sociedade criada no preconceito com os que não eram brancos, católicos, ricos, e difundida no patriarcado. Para um leitor atento a tais detalhes, o leva fazer a si mesmo uma auto-avaliação em relação aos problemas sociais abordados no livro, que são de suma importância para o crescimento social-pessoal de cada indivíduo.

Conclusão

O romance trata de vários aspectos importantes do comportamento social e divisão das classes do período, importante para entender a evolução da sociedade brasileira. Uma abordagem diferente na qual acreditamos que deve-se ler ao menos uma vez esta obra para que o leitor possa ter um contato com o lado desumano em relação à consciência de valores.

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