Em alguns casos, cerrado sensu stricto e cerradão ocorrem lado a lado e sob condições edáficas e topográficas semelhantes(Junior & Haridasan, 2005). O cerradão apresenta um solo com uma maior disponibilidade hídrica em relação ao cerrado campo limpo. Por ser um ambiente mais fechado e apresentar maior umidade, solos com texturas mais argilosas, o que pode resultar a uma maior disponibilidade de água. O que permite que as plantas possam realizar alocação de biomassa tanto para o crescimento aéreo quanto para o crescimento radícula. A profundidade efetiva, a drenagem, a presença de concreções no perfil, a profundidade do lençol freático e a fertilidade do solo são considerados os principais fatores determinantes da diversidade fitofisionômica.
O cerrado sensu stricto é uma vegetação savânica composta por um estrato arbóreo-arbustivo e outro herbáceo-graminoso. Normalmente, ocorre sobre Latossolos e Neossolos Quartzarênicos profundos, bem drenados, distróficos, ácidos e álicos e raramente sobre solos mesotróficos (Junior & Haridasan, 2005). O cerradão é uma vegetação florestal que ocorre tanto em solos distróficos quanto mesotróficos, sendo sua composição florística variável conforme a fertilidade do solo.
A absorção de nutrientes pelas plantas, particularmente os transportados por difusão, é afetada por uma série de fatores, dentre esses a umidade e a textura do solo. Baixa umidade e fertilidade promovem significativas alterações fisiológicas nas plantas, as quais podem ser diferentes para cada espécie, dada a adaptabilidade diferenciada dessas ao ambiente.
Uma das características da vegetação do cerrado é a alta proporção de biomassa subterrânea em relação à biomassa aérea. Por apresentarem um maior crescimento radicular abaixo do solo as plantas lenhosas conseguem atingir solos mais profundos e ter um maior acesso a água.
RESPOSTA 1
Segundo Franco 2002, as plantas lenhosas do Cerrado não transpiram livremente, isso quer dizer que essas plantas apresentam adaptações que permite sua sobrevivência sob condições de estresse. o fator que mais influencia a transpiração foliar é a temperatura, pois em elevadas temperaturas do ambiente, o clima fica mais seco e a taxa de transpiração foliar aumenta.
Para evitar um balanço hídrico desfavorável, as árvores e arbustos do cerrado regulam fortemente a abertura estomática, mesmo na época chuvosa, dependendo da demanda evaporativa da atmosfera. Com isso, ocorre um controle acentuado da taxa de transpiração e a redução da capacidade potencial de assimilação de carbono, que pode resultar em uma diminuição da taxa fotossintética e do uso eficiente da água.
Existem outros fatores ambientais que pom afetar a transpiração, dentre eles estão: a umidade do ar, intensidade luminosa, correntes de ar, disponibilidade hídrica, entre outros. Esses fatores constituem o microclima, e podem variar de acordo com a formação vegetal que predomina no ambiente. Em ambientes mais sombreados a transpiração é relativamente menor, pois as condições microclimáticas não são tão favoráveis a perda de água comparadas às fitofisionomias mais abertas. No cerradão, por exemplo, o dossel formado pela copa das árvores é mais fechado em relação ao cerrado típico e atua como um quebra-vento protegendo as espécies arbóreas de menor porte da insolação.
Em um trabalho realizado por Kreutz,C. et al. que objetivou comparar a taxa de transpiração da espécie Roupala montana em uma área de cerrado típico e cerradão, concluiu-se que indivíduos desta espécie apresentaram taxa transpiratória maior no cerrado típico do que no cerradão devido à insolação, maior temperatura e menor umidade relativa do ar. Foi dito também que o cerradão possui condições microclimáticas que são menos favoráveis à perda de água por transpiração além de uma textura mais argilosa do solo, apresentando maior capacidade de retenção de água.
RESPOSTA 2
A disponibilidade luminosa influencia diversas respostas ecológicas de plantas lenhosas do cerrado, principalmente em relação ao seu crescimento e desenvolvimento, essa disponibilidade é regulada pela forma de exposição da planta à luz solar. Em campo limpo, as lenhosas tem maior exposição luz conferindo a mesma alta tolerância a estresses ambientais como o déficit hídrico sazonal e perturbações como o fogo. No entanto as plântulas encontram dificuldade em captar luz, devido ao sombreamento do estrato herbáceo.
Outro fator é o sombreamento, que restringe o acúmulo de biomassa e provoca uma acentuada diminuição na alocação de matéria seca para as raízes. Portanto, pode diminuir a resistência de espécies lenhosas aos estresses hídricos sazonais ou aos veranicos durante a estação chuvosa, devido às limitações na exploração por água no solo e armazenamento de carboidratos no sistema radicular. Para competir com espécies florestais, as lenhosas investem principalmente nas estruturas aéreas e no crescimento em altura para captar melhor a luz (Hoffmann & Franco 2003). Os níveis de sombreamento podem implicar em uma sucessão de espécies ou tipos funcionais ao longo da paisagem, em que espécies tolerantes ao sombreamento seriam características de formações florestais e espécies heliófitas.
Plantas jovens nas diferentes fitofisionomias de cerrado, podem se estabelecer por conseguirem se desenvolver em condições de estresse hídrico e sombreamento. Algumas plantas tem mecanismos de captação rápida de luz, assimilando os poucos e de curta duração, raios luminosos que chegam a elas. Os indivíduos jovens sombreados estão sujeitos a maior estresse hídrico durante o período seco que os indivíduos crescidos sob sol pleno. A Um sombreamento intenso resultará na diminuição da sobrevivência das plantas jovens.