A Operação Condor foi uma articulação político-militar internacional firmada entre países da América do Sul a partir da segunda metade da década de 1970. Entre esses países, estavam Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai, Bolívia e Brasil, à época em que neles prevaleciam regimes políticos comandados por militares . O objetivo da operação era debelar estruturas de organizações político-revolucionárias de orientação comunista a partir do compartilhamento de informações dos sistemas de inteligência e da ação forças de repressão desses países.
Em 22 de dezembro de 1992, o juiz paraguaio J e o ex-prisioneiro político que havia requisitado seus antecedentes policiais, descobriram casualmente o arquivo secreto da inteligência repressiva paraguaia em uma delegacia da “Seção Política e Afins” da Polícia de Investigações, no subúrbio de Assunción. O processo de investigação para se localizar os registros solicitados, conseguiu uma informação confidencial que confirmou a existência dos arquivos no lugar indicado, no qual encontraram o que o jornalismo paraguaio batizou de “Archivo del Horror”.
O arquivo guardava décadas de história documentada da repressão no Paraguai e em outros países, onde também encontraram registros da cooperação da inteligência norte americana com os ditadores da região . Além disso, demonstra a cumplicidade da polícia e do governo paraguaio com a brutal repressão exercida pelas ditaduras dos países-membros da operação. Existem evidências de que tanto o ditador chileno como o ditador paraguaio dedicaram especial atenção ao fortalecimento da coordenação de seus respectivos serviços de segurança, para o qual se reuniram em diversas oportunidades.
Os documentos encontrados relatam os detalhes burocráticas da polícia de segurança paraguaia, onde interrogatórios e cartas enviadas entre as diversas agências de segurança da região e funcionários dos Estados Unidos e demonstram o intercâmbio de informações sobre prisioneiros políticos dos órgãos de segurança .
Fichas pertencentes ao “Archivo del Horror” continham detalhes do destino de milhares de pessoas sequestradas, torturadas ou assassinadas pelas ditaduras militares, confirmando a existência de uma conspiração entre os serviços de inteligência dos países do Cone Sul. Vários militantes de esquerda estabelecidos temporariamente fora de seus próprios países, foram capturados por agentes policiais de seus respectivos países, no contexto da coordenação repressiva chamada “Operação Condor”.
Em agosto de 1975, o chefe da Dina (Direção de Inteligência Nacional), se encontrou com diretor-adjunto da CIA (Central Intelligence Agency) dos Estados Unidos, reunindo esforços para se concretizar a Operação Condor. Contreras viajou para a Argentina, Bolívia, Paraguai, Venezuela e Estados Unidos, para expor seu projeto repressivo supranacional e convencer os chefes dos serviços secretos destes países sobre a importância da coordenação e cooperação “para eliminar o comunismo” e defender a sociedade “ocidental e cristã” .