No ensaio “Urupês”, o escritor Monteiro Lobato usa o protagonista Jeca Tatu como símbolo da miséria e atraso brasileiro, caracterizando o personagem como conformista e relaxado numa perspectiva onde o caboclo é individualmente responsabilizado pela situação econômica nacional, ignorando todas as outras implicações para que esse fato seja realidade. Países emergentes formam a maior parte das nações do mundo e se diferem das grandes potências devido a critérios socioeconômicos que se firmaram com a revolução industrial e após a segunda guerra mundial. O Brasil, assim como toda América Latina, apresenta economia dependente apesar de possuir um considerável índice de industrialização, sofrendo até hoje as consequências acarretadas pelo colonialismo e imperialismo ainda presente já que, mesmo atualmente, todo continente americano sofre grande interferência dos Estados Unidos em suas respectivas economias e governos, mantendo todo território sob sua influência e controle.
A grande dependência tecnológica, a vulnerabilidade comercial em relação aos países desenvolvidos, a dívida externa, a grande quantidade de empresas multinacionais, assim como uma imensa desigualdade social, são o resultado disso. Ou seja, é impossível afirmar que a categoria em que nos encontramos seja de responsabilidade única e exclusiva nossa. Indo contra o que afirmava Monteiro Lobato e sua analogia ao que seria o estereótipo do povo brasileiro, sermos um país em desenvolvimento dentro setor econômico internacional é o retrato da exploração presente em nossa história.
Isso pode ser observado, por exemplo, no último censo populacional feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2020 que afirma que apesar de 76% de nossa população morar em áreas urbanas visto que somos um país industrializado e capitalista, nosso Produto Interno Bruto (PIB) caiu cerca de 4,1% no mesmo ano, uma vez que não estamos no centro do capitalismo global. Portanto, é preciso que medidas de valorização às indústrias nacionais, focadas na aprimoração do mercado de exportação brasileiro e na diversificação de nossos produtos. Assim como medidas governamentais que foquem na educação e qualificação de profissionais para a produção de tecnologia que seja nossa. Essas medidas devem ser desenvolvidas, aplicadas e monitoradas pelas mãos do Estado, especificamente pelo Ministério da Economia, garantindo assim o desenvolvimento, de fato, completo do Brasil.