Como disse Josué de Castro: “O subdesenvolvimento é um produto ou um subproduto do desenvolvimento, uma derivação inevitável da exploração econômica colonial ou neocolonial”, desta forma pode-se entender o subdesenvolvimento brasileiro como uma herança da exploração colonial que é atualmente agravado pela falta de investimentos públicos na criação e no crescimento de indústrias nacionais.
Diante desse cenário, é importante perceber que o Brasil foi vítima da exploração colonial por séculos, vários países europeus saquearam a riqueza nacional, usando-a para se transformarem em grandes potências, enquanto relegaram o Brasil a ocupar um lugar no capitalismo periférico. Tal fato pode ser explicado pela teoria do capitalismo dependente do autor Sampaio Júnior, que se caracteriza pela perpetuação dos mecanismos de acumulação primitiva de bens e difusão desigual do avanço técnico, no qual os produtores não utilizam a inovação como uma arma. Desse modo, a herança da exploração, o capitalismo dependente, torna-se especialmente nocivo no século XXI, pois na economia do conhecimento, a falta de inovação condena o país a viver na posição subalterna do capitalismo mundial.
O crescimento da Coréia do Sul e do Brasil
Entretanto, a Coreia do Sul, que também foi colônia, hoje é um país desenvolvido, o que mostra que apenas a exploração colonial não explica o subdesenvolvimento brasileiro. A Coreia do Sul desenvolveu-se através de um amplo investimento público na criação e desenvolvimento de indústrias nacionais por meio dos planos.
Brasil teve um crescimento econômico parecido entre os anos de 1950 a 1980, nos quais o PIB alcançou o crescimento de até 10% ao ano, com o suporte da indústria que representava cerca de 40% do PIB. Contudo, recentemente, o Brasil assiste uma forte desindustrialização, no ano de 2019 a indústria representou apenas 11,3% do PIB, a menor taxa desde os anos 40. Essa desindustrialização coincide com a estagnação da economia brasileira, que há 16 anos cresce menos do que a média global, de acordo com uma pesquisa publicada pelo instituto FGV. Portanto, o Ministério da Economia, em parceria com o BNDES, deve fornecer subsídios e incentivos fiscais na intenção de incentivar o florescimento de indústrias brasileiras através de um projeto nacional de desenvolvimento, a fim de deixar o subdesenvolvimento apenas nos livros de história.