É imprescindível que o endodontista, bem como toda a sua equipe de saúde bucal faça uso do manuseio correto das normas e dos protocolos de biossegurança em seu consultório. Pois, assim, ajudará a coibir ou até mesmo evitar complicações durante o tratamento endodôntico, além de resguardar a vida de seus pacientes (CARDOSO et al., 2008).
O descuido do cirurgião-dentista e da sua equipe de saúde bucal durante a prática de irrigação endodôntica pode trazer uma série de danos para o paciente. Isso, porque a solução comumente utilizada para fazer a desinfecção do canal radicular é o hipoclorito de sódio (NaOCl) (Zaire, et al., 2008). Este por sua vez, possui um PH fortemente básico – aproximadamente 11 – e por conta disso quando em contato com tecidos orgânicos desenvolve complicações por oxidação proteica (American Association of Edodontistic, 2011).
Os pacientes que sofrem acidentes envolvendo o NaOCl podem apresentarem variações de sintomas. Nesse contexto, quando o indivíduo apresenta hipersensibilidade à solução, este pode manifestar sensações de ardência até dores mais acentuadas. Além disso, pode apresentar parestesia na região correspondente ao elemento dental em tratamento. Outros sintomas, como: falta de ar, hipotensão, inchaço no lábio e bochechas também podem se fazer presentes (FARAS et al., 2016).
Quando existe injeção de solução de NaOCl acidentalmente em tecidos vivos da cavidade oral – dependendo da quantidade da concentração aplicada – ocorre necrose tecidual ou queimaduras. No qual, são acompanhadas imediatamente por hematomas e esquimoses associados a uma sensação severa de dor (Guivarc’h et al., 2016).
Outra complicação que pode acontecer é a ingestão – quando o isolamento absoluto do dente é realizado de forma incorreta – ou à inalação do NaOCl. Por conseguinte, o paciente apresentará irritação da garganta, disfonia, salivação excessiva e em casos mais sérios, pode ter obstrução das vias áreas superiores, em decorrência da formação de edema de glote (MARION et al., 2013).
Ademais, um outro fator importante que deve ser seguido de acordo com as normas e protocolos de biossegurança são os passos de limpeza até a esterilização das limas endodônticas. Para HURT e ROSSMAN (1996) esses processos são determinantes, pois além de possibilitarem um sucesso no tratamento endodôntico, ajudam a controlar a infecção cruzada, quando seguido o protocolo da maneira correta. Por conseguinte, o paciente pode se contaminar com vírus HIV ou hepatites por exemplo, ou outras infecções contagiosas em decorrência da negligência ou da incorreta prática de limpeza e esterilização.