De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a doença de Chagas é representada por uma condição infecciosa podendo desenvolver fase crônica e aguda, porém é considerada uma das enfermidades negligenciadas pelo governo e entidades de saúde, visto que ela é abundante em regiões mais pobres e apresentando alta mortalidade principalmente nos países endêmicos, como o Brasil. Sua distribuição se dá largamente no continente americano, desde o Sul dos EUA à Argentina, ela é endêmica desse continente em 21 países, em razão da classificação de mais de 140 espécies do inseto (Triatominae, Hemiptera, Reduviidae) que é o vetor, também conhecido como “tripanossomíase americana”. Todavia, a doença vem se espalhando em locais considerados não endêmicos, através da locomoção constante que os indivíduos infectados fazem, também por outros meios de transmissão, resultado do processo das migrações no mundo globalizado (DIAS, 2015).
De acordo com Dias (2015), a doença de Chagas estava restrita a pequenos mamíferos existentes na América, esses animais, como tatus, gambás, e roedores já conviviam numa interação com o trypanosoma cruzi, micróbio descoberto por Carlos Chagas. No entanto, o desequilíbrio se deu a partir da colonização e dos desmatamentos, causando desequilíbrios ecológicos. A doença de Chagas humana espalhou-se por quase toda a América Latina no período pós-colombiano, a partir de focos da enzootia silvestre encontrados na primeira metade do século XX em focos isolados, tanto em ambientes habitáveis por humanos como também no continente. È fato que de acordo com a falta de uma estrutura adequada e o descontrole de migrações humana, é favorável que cada vez mais a degradação ambiental, áreas urbanas com excesso de população vai favorecer a precariedade econômica e com isso teremos uma educação de baixa qualidade, habitações ruins, à falta de saneamento, baixa renda entre outras situações deplorável. Inserem-se como determinantes e condicionantes sociais para a transmissão de T. cruzi ao homem (Dias, 2015).
Carlos Chagas em 1911 alertava as autoridades latino-americanas, logo após a sua descoberta, de que a vasta disseminação desta protozoose no Continente americano e para o seu alto custo médico-social, particularmente o da forma crônica cardíaca (CHAGAS, 1911). A doença foi analisada e levada a público pela primeira vez em 1909, pelo então, médico sanitarista e cientista brasileiro Carlos Chagas, após investigar casos acontecidos em Minas Gerais. Lá ele identificou o agente causador chamado Trypanosoma cruzi e seu vetor, Triatoma infestans, que posteriormente se chamaria doença de Chagas, em homenagem a seu descobridor.
Trypanosoma cruzi é transmitido pelo contato com as fezes dos insetos vetores, chamado no Brasil de “barbeiros”, que podem transmitir o Trypanosoma cruzi. Foram descobertas a existência de outras formas de se transmitir a doença, são elas: a transmissão oral, a ingestão de alimentos contaminados com os parasitas; a transmissão de mãe para filho ou forma congênita; por transfusões de sangue e transplante de órgãos; e por acidentes de laboratório (MFS, 2018). A doença de Chagas é detectada através de exame de sangue. Ainda não existe vacina contra ela, assim, a melhor maneira de combatê-la é a prevenção e o controle, enfrentando sistematicamente os vetores, com inseticidas eficazes, melhorando as construções e habitações a fim de torna-las incapazes de proliferar seus vetores, eliminando os animais domesticados infectados, controle e descarte do sangue contaminado pelo parasita e seus derivados (MS, 2019).