Com a implantação da ESF, identificou-se que os profissionais de saúde deveriam atuar de modo a contemplar não só o indivíduo e sua doença, mas um cuidado que visa promover à saúde de toda a família e comunidade, principalmente por meio da prevenção. Nesse contexto, dentre as atividades desenvolvidas pelos profissionais nas equipes de saúde da família, a educação em saúde ganha grande destaque.
Ressalta-se que a educação em saúde não deve se basear apenas nas orientações vinculadas principalmente às doenças, à prevenção dos agravos destas e à identificação de culpados pelo desequilíbrio da saúde ou pela doença, mas sim, buscar conscientizar a população, de modo geral, sobre todos os fatores que estão relacionados e podem ser os possíveis determinantes das enfermidades.
O trabalho inclui a orientação das pessoas para cuidar de sua saúde quando a doença já está instalada, mas não somente para que ela entenda as causas e as consequências do evento patológico, mas que os profissionais possam despertar nos indivíduos a consciência da importância do cuidado com a saúde, do conhecimento quanto às formas de cuidar de si e do entendimento pleno do processo saúde/doença.É essencial ao profissional de saúde utilizar-se da Educação em Saúde, quer seja na forma de educação popular, entre outras, para uma aproximação à realidade do usuário, de sua família e comunidade, contribuindo para mudanças no dia a dia dessas pessoas.
Atividades educativas na área de saúde
As ações educativas em saúde devem ser realizadas com o objetivo de integrar a comunidade nos serviços, demonstrando a ela a importância da sua participação efetiva nas decisões junto à equipe que possa determinar os objetivos e as propostas de trabalho para com a própria comunidade, visando à promoção da saúde. A educação em saúde, em especial na ESF, deve ser uma atividade de grande relevância, tanto para os profissionais quanto para a comunidade, pois os objetivos da ESF só serão alcançados mediante práticas educativas que visem à promoção da saúde dos indivíduos. Para isso, é necessário que a equipe planeje e organize com participação dos usuários atividades que englobem toda a população nos diversos ciclos de vida.
Desenvolvemos as ações de Educação em saúde em cada espaço onde temos oportunidade, e em diferentes ambientes de atuação da equipe em que se faz acontecer, intra e extramuros da unidade de saúde, seja na interação profissional-profissional, no atendimento individual, na visita domiciliar, nos espaços de reuniões e conselhos de saúde, no acolhimento ao usuário na unidade, nas reuniões de equipe.
Os agentes comunitários de saúde também desempenham papel fundamental dentro da equipe de saúde da família, por isso eles devem compreender suas atribuições e a constituição desta atividade, bem como sua contribuição para com a Equipe de saúde da família. O ACS é o agente mediador entre a população e os serviços de saúde. O envolvimento real com a comunidade e a sensibilização/capacitação do ACS com relação às necessidades de grupos populacionais específicos e para lidar com demandas sociais, para além da saúde básica, são estratégias fundamentais para efetivar a noção de responsabilidade territorial em saúde e ampliar o acesso à saúde para todos, indiscriminadamente. O processo de trabalho dos ACS, frente às demandas do território, pode ser ampliado por meio da educação em saúde, considerando que a efetividade do conhecimento adquirido deve ser contextualizada com relação ao cotidiano, às experiências e aos saberes destes profissionais também da comunidade.
Considero que na educação em saúde deve ser enfatizada a educação popular em saúde, que valoriza os saberes, o conhecimento prévio da população e não somente o conhecimento científico. Na educação na saúde deve ser enfatizada a educação permanente em saúde, visando buscar nas lacunas de conhecimento dos profissionais, ações direcionadas a qualificação dos processos de trabalho em saúde considerando as especificidades locais e as necessidades do trabalho real.