Em seu conceito, a obesidade é considerada uma condição patológica que se caracteriza com acumulo excessivo de gordura corporal. Um cão com ganho de peso acima de 15 do peso ideal corresponda à obesidade.
No contexto histórico sabe-se que, a evolução do cão se deu a partir de um ancestral selvagem, que buscava restos de alimentos nas aldeias humanas, e assim foram sendo selecionados os mais domesticáveis para serem incorporados nos vilarejos. Isso mostra que, a conexão do homem e do cão se baseia desde o início a partir da alimentação . Nesse viés, desde então, os cães durante um longo período vieram sofrendo processo de antropomorfização, como o sedentarismo associado a alimentação inadequada, fazendo com que estes animais perdessem as suas características iniciais .
Fatores dietéticos como a alta densidade energética, quantidade de alimento fornecido ao dia, número de refeições, entrega de petiscos e sobras de mesa também apresentam estreita relação com a gênese da obesidade. Dessa forma, tal como nos humanos, é possível observar que os caninos também apresentaram um significativo aumento no índice da obesidade, levando assim ao desenvolvimento de várias patologias, tais como, doenças metabólicas, doenças cardiovasculares, pulmonares, diabetes mellitus e locomotoras, prejudicando a saúde do animal e, por conseguinte, diminuindo sua expectativa de vida.
O efeito da obesidade em cães
Foi observado na publicação de dois estudos que a obesidade diminui a expectativa de vida dos cães. Nos dois estudos foram usados 24 Labradores Retrievers e então foi feito a avaliação dos efeitos na restrição de 25% em sua dieta em relação à média de vida dos indivíduos da amostra. Observou-se uma maior longevidade (1,8 anos) no grupo com restrição dietética que, simultaneamente, apresentou menores pesos corporais e porcentagem de massa gorda.
Apesar de ser considerada uma doença essencialmente nutricional, existem alguns fatores que contribuem para obesidade, elas são classificadas em três categorias: manejo reprodutivo, predisposição genética, manejo dietéticos e exercícios .
A castração é considerada como um fator de risco para obesidade. Vários estudos relacionam isso à redução na taxa metabólica após a castração. De acordo com Silva (2014) fêmeas castradas tem uma predisposição maior a entrarem em sobrepeso ou obesidade por apresentarem ausência de hormônios sexuais, o que facilita o balanço energético positivo.
Há alguns indícios que sugerem grande influência genética no desenvolvimento da obesidade, entretanto seus mecanismos ainda não foram esclarecidos. Sabe-se que, o controle do apetite e o comportamento alimentar sofrem também influência genética. Existe algumas evidências de que o componente genético atua sobre o gasto energético, em especial sobre a taxa metabólica basal (TMB), a qual é principalmente determinada pela quantidade de massa magra.
Nas últimas décadas devido a influência do homem, os cães passaram por mudanças nos hábitos alimentares; tornando-se comum acrescentar na alimentação desses animais petiscos e guloseimas .
Há uma propensão para obesidade em caninos de meia idade a velhos, sendo o intervalo de idade com maior prevalência entre 5 a 10 anos, que pode estar relacionada à diminuição do gasto energético, respectivo a diminuição de atividades e a alterações metabólicas do corpo em função da idade.
Avaliação do desempenho corporal
Dentre as raças existentes as com maior predisposição pode-se destacar, Beagle, Basset hound, Cavalier King Charles Spaniel, Dachshund, Labrador Retriever, Sheep Dog, Bullmastiff, Cocker Spaniel e Fila Brasileiro.
Na rotina das clinicas veterinária existem alguns métodos para identificação da obesidade, dentre eles o mais utilizado é a avaliação do escore corporal (AEC). Em geral, varia de 1-9 ou 1-5, indicando um animal extremamente magro a severamente obeso. Em uma escala de 5 pontos, o 1 representa o escore muito magro, 2 representa magro, 3 peso ideal, 4 sobrepeso e 5 obeso.
Desta forma, visando a importância do reconhecimento da obesidade em cães como uma patologia e as suas consequências na saúde animal adjunto a poucos estudos no país, este estudo teve como objetivo avaliar o perfil dos tutores em suas relações com os animais, afim de relacionar possíveis semelhanças no que se diz respeito aos hábitos alimentares e estilo de vida.