É de conhecimento comum que, embora a forma de aprender os conteúdos escolares tenha se tornado cada vez mais dinâmica e diversificada, na sala de aula, o processo de ensino e aprendizagem ganha especial significado por meio das ações do professor. Diante disso, a formação docente torna se tema de grande relevância, pois é justamente essa formação que irá, para bem ou para mal refletir na forma como o professor ensina os conteúdos e na efetividade da aprendizagem por parte dos alunos.
Para Perrenoud, um professor bem preparado desenvolve seu trabalho com maestria, racionalidade, apresenta objetivos claros e transpõe de maneira inteligente o conteúdo, propiciando ao estudante uma aprendizagem significativa e diversificada. Por si só a formação docente não resolverá ou eliminará todos os problemas relacionados ao aprendizado do aluno, mas sem dúvida alguma, um professor cuja formação se deu de maneira responsável e comprometida socialmente tem muito mais chances de contribuir com a qualidade do ensino ofertado à sociedade.
Segundo Perrenoud
Ao não encararem a ação pedagógica como sendo, em parte, uma ação espontânea improvisada ou, pelo contrário, uma ação baseada em rotinas à força de serem interiorizadas, os formadores correm um sério risco: não terem nenhuma compreensão real sobre o que determina uma boa parte dos atos profissionais.
Há que se ressaltar, portanto, a necessidade latente de se confrontar o modus operandi do fazer docente, o trabalho inconsciente e automatizado. Fazendo da formação continuada uma aliada na busca melhores e mais modernas práticas docentes. A prática docente realizada em modo automático limita as possibilidades de olhar diferente para situações semelhantes apresentadas no cotidiano da sala de aula, impedindo com isso aguçar no discente novas formas de aprender e tornar o aprendizado mais dinâmico e efetivo. Um professor cuja prática docente é estanque não consegue perceber e dar respostas adequadas, por exemplo, quando um desvio ou atitude passa dos limites. Não é capaz de perceber situações cotidianas como a indisciplina, a violência externa e internas as dificultam ou impedem o bom desenvolvimento de sua prática docente. Perrenoud observa que além da rotina, o professor tem uma outra razão para não saber ao certo o que está a fazer na sala de aula: é o pressentimento de que uma lucidez destruiria a sua autoestima.
Segundo esse autor, nenhum professor gosta de ter consciência dos seus truques para manipular os alunos, dos seus tiques, dos seus deslizes verbais, das suas cóleras, dos seus momentos de sadismo ou de pânico, das suas incoerências, das suas reações de defesa ou de embaraço, de stress ou de dúvida. Evidentemente numa profissão como o exercício do magistério, o profissional será inevitavelmente conduzido a desenvolver atividades das quais não esteja muito seguro ou que o deixe orgulhoso de seu feito. Desse modo, o professor estará sempre em conflito entre o ideal de maestria, de integridade, de coerência e de competência e uma realidade concreta com suas múltiplas faces. Além disso, a habitualidade que a prática docente pressupõe possibilita a articulação entre consciência e inconsciência, razão e outras motivações, decisões e rotinas, improvisações e singularidades.