nossa República, os militares têm-se envolvido diretamente com a política, tanto que os dois primeiros Presidentes eram marechais. Altos oficiais militares participaram na instauração do regime republicano em 1889, governando-o até 1894. O Presidente da República, marechal Floriano Peixoto, inspirou uma tendência republicana positivista, progressista e reformista, muito característica da classe média e bastante combativa, que traçou o início da plataforma da esquerda nacionalista no Brasil; contudo, a partir da posse de Prudente de Morais como
Presidente da República, em 1894, o mando dos marechais e generais positivistas foi substituído pelo dos grandes proprietários rurais, donos dos latifúndios e dos cafezais. Os militares voltaram a dirigir a Pátria de 1910 a 1914, com o marechal Hermes da Fonseca, em consequência de sua vitória eleitoral, mas logo implementaram ações armadas pontuais no intuito de resgatar “a pureza das instituições republicanas”.
Comumente, o Exército, a Marinha e a Força Aérea são segmentados em várias correntes de pensamento e com objetivos diferentes. Tal fragmentação se tornou explícita na década de 1920, quando os escalões mais baixos da oficialidade, especialmente tenentes e capitães, se tornaram, em significativa parte, revolucionários. O fato mais revelador da tendência revolucionária existente entre os segmentos mais baixos da oficialidade do Exército, naquela década, foi a Coluna Prestes.
É que, na década de 1920 e até meados da década de 1930, o Exército possuía diversos militares ávidos por um Brasil livre e soberano, o que os levou a ser protagonistas do movimento revolucionário de 1930, que retirou das oligarquias agroexportadoras do Sudeste o controle sobre o Governo Federal. Eles tiveram lugar na “Revolução” Constitucionalista de 1932 e na “Intentona Comunista” de 1935, ressaltando-se que, em 1935, o movimento comunista, sob a liderança da Aliança Libertadora Nacional, tinha forte presença de militares como foco de subversão no Exército.
O PCB foi, no Ocidente, o partido político que mais teve militares entre seus filiados, e, na década de 1930, o Comitê Central era constituído, majoritariamente, por membros da Caserna; para muitos deles, o Partido Comunista era o desaguadouro das ideias tenentistas, ademais, o capitão Luís Carlos Prestes era prestigiado pelos militares. Depois da vitória da URSS sobre a Alemanha, dezenas deles aderiram ao Partido, assim como muitos combatentes da Força Expedicionária Brasileira-FEB, no retorno da Guerra, e diversos militares de 1935 que voltaram da Guerra Civil Espanhola, ou do exílio, como heróis e que se reincorporaram ao PCB.
O golpe que instaurou a ditadura do Estado Novo, em 1937, foi traçado por oficiais de alto escalão, antiliberais, porém anticomunistas, simpatizantes da ideologia do corporativismo e, muitos, até do nazifascismo. Deve-se lembrar que, quando era Ministro da Guerra, o general Góes Monteiro implantou reformas fascistas no Exército que extirparam direitos adquiridos e criaram critérios racistas para a incorporação no Exército a partir da década de 40, contribuindo para o aumento dos preconceitos em relação à atuação dos militares na vida brasileira. As mudanças efetuadas por Góes Monteiro estabeleciam que os negros não poderiam entrar no Exército e vetavam que pessoas de origem operária ou filhos de pais separados não pudessem fazer parte da oficialidade.
Personalidades do generalato também participaram como candidatos a