Сonceito de linguagem

Сonceito de linguagem

Dentro dessa concepção de linguagem privilegia-se o uso da língua em situações concretas de uso e não atividades de pura descrição da estrutura da língua. A língua, nesse caso, passa a ser o reflexo das relações sociais, pois, de acordo com o contexto e com o objetivo específico da enunciação é que ocorre uma forma de expressão ou outra, uma variante ou outra.

Assim, entende-se que o usuário da língua constrói seu discurso de acordo com as suas necessidades enunciativas concretas, escolhendo formatos linguísticos que possibilita que seu discurso atinja seus objetivos. Sendo assim, o usuário leva em consideração o seu interlocutor, empenhando-se para que ele seja entendido num contexto concreto de uso para que se atinja o objetivo.

О autor enfatiza:“Na prática viva da língua, a consciência linguística do locutor e do receptor nada tem a ver com o sistema abstrato de formas normativas, mas apenas com a linguagem no sentido de conjunto dos contextos possíveis de uso de cada forma particular”.

Portanto, de acordo com este autor, não se pode retirar da linguagem seu viés ideológico, pois ela se constitui pelo fenômeno social da interação verbal, concretizada pela enunciação. Desse modo, é no acontecimento da interação verbal que a palavra se modifica e adquire diversos significados, de acordo com o contexto em que aparece.

А concepção de linguagem como um lugar de ação “é aquela que encara a linguagem como atividade, como forma de ação, como lugar de interação que possibilita aos membros de uma sociedade a prática dos mais diversos tipos de atos, que vão exigir dos semelhantes reações e ou comportamentos”.

Nessa concepção o ensino de língua precisa adquirir novas dimensões, primando por uma prática voltada para os usos e funções da língua, a fim de promover o desenvolvimento ativo da formação de leitores e escritores. Portanto, cabe à escola, mediante esta nova concepção de língua, potencializar o diálogo multicultural, trazendo para dentro de seus muros não somente a cultura valorizada, dominante, canônica, mas também as culturas locais e populares e a cultura de massa, para torná-las vozes de um diálogo, objetos de estudo e de crítica .

Еnsino na língua nativa

Assim, o aluno passa a ser considerado sujeito ativo que constrói suas habilidades e conhecimentos da linguagem oral e escrita em interação com os outros e com a própria língua, objeto do conhecimento, em determinadas circunstâncias de enunciação e no contexto das práticas discursivas do tempo e espaço em que vive (. Ensinar Língua Portuguesa, nessa dimensão, é (ou deveria ser) ensinar o aluno a ser um usuário desenvolto da língua oral e escrita, nas diversas situações de uso e registro. Nesse sentido, o pressuposto da existência de uma língua pronta e acabada, mas sim, de uma língua que é (co)produzida por sujeitos que interagem numa situação de interlocução. Ou seja, a língua, como produto essencialmente social e político, produz atitudes que não são neutras na prática social humana, seja ela discursiva ou performativa .

Considerando um ensino de língua materna mais dinâmico e real,  chama a atenção para dois papéis que a escola deve assumir além de ser agente principal de acesso à cultura letrada: “ser capaz de popularizar os impressos, e oportunizar o acesso a outros espaços valorizados de cultura (museus, bibliotecas, teatros, espetáculos) e a outras mídias (analógicas e digitais)” . Nesta perspectiva, a autora defende então que um dos “objetivos principais da escola é possibilitar que os alunos participem das práticas sociais que se utilizam da leitura e da escrita (letramentos) na vida da cidade, de maneira ética, crítica e democrática” .

Dessa forma, segundo a autora, é preciso que a linguagem dê conta das demandas da vida, da cidadania e do trabalho numa sociedade globalizada e de alta circulação de comunicação e informação, sem perda da ética plural e democrática, por meio do fortalecimento das identidades e da tolerância às diferenças. Para tal, é requerida uma visão situada de língua em uso, linguagem e texto e práticas didáticas plurais e multimodais . É preciso que o ensino de língua atenda às exigências que os multiletramentos no mundo contemporâneo vêm impondo pelos meios de comunicação e circulação da informação.

Nesse sentido, a escola parece continuar alheia a essas mudanças e “estar precisando de remodelações, de adequação, de reconfiguração de modo a realmente atender às novas demandas” da sociedade contemporânea . Considerando então a necessidade de ampliar o repertório de práticas para o desenvolvimento da linguagem oral e escrita a escola pode oferecer aos seus alunos um ambiente rico de estímulos de várias naturezas para propiciar o contato com as várias linguagens, e assim, promover um diálogo multicultural que leve em conta as diversas facetas da língua .

Multiletramento

Multiletramento é algo que ganha espaço com as mudanças sociais avindas do uso cada vez mais popularizado das tecnologias digitais. Este termo está ligado a multimodalidade e é mais aventado quando se fala mais a respeito disso, a partir da década de 1990. Daí o mundo passa a considerar mais a necessidade de preparação da população em geral para práticas que (já existentes) eram restritas a algumas pessoas detentoras de certos conhecimentos específicos ou acesso aos recursos de significação.

No entanto, a escola parece, ainda, não ter conseguido incorporar em suas práticas de ensino toda diversidade cultural presente nos diversos letramentos (multissemióticos, críticos e múltiplos). De acordo com , o insucesso da escola nas práticas de ensino é um reflexo da incompatibilidade entre a aprendizagem do cidadão dentro e fora da escola. Segundo esta autora, as práticas didáticas consolidadas apresentam sempre resistências, e o uso do texto como pretexto tem continuidade e vem a ser suplementado pela gramaticalização do texto. Segundo esta autora, parece que a escola, tanto pública como privada, está ensinando mais regras, normas e obediência a padrões linguísticos que o uso flexível e relacional de conceitos, a interpretação crítica e posicionada sobre os fatos e opiniões, a capacidade de defender posições e protagonizar soluções . Ressalta ainda que “nas práticas de produção, assim como nos materiais didáticos que circulam em sala de aula, o texto entra menos como produtor de sentidos e mais como suporte de análises gramáticas e textuais”.

Defende-se que a escola amplie o olhar para além de seus muros, pois, conforme ressalta “a imagem da escola como templo de saber irradiando sua influência sobre uma sociedade inculta já não tem sentido”. A aprendizagem não é separável da vida dos alunos, dos seus contextos sociais, dos seus processos de desenvolvimento, dos seus dilemas, ou seja, daquilo que lhes acontece na vida para além da escola . Enfim, a escola deve priorizar a abertura de “novas perspectivas que coloquem a aprendizagem, em toda sua riqueza, no centro das preocupações”. Nesse sentido, é importante a presença na escola de uma abordagem não meramente formal de textos, mas discursiva, localizando o texto em seu espaço histórico e ideológico e desvelando seus efeitos de sentido, replicando a ele e com ele dialogando . Entretanto, desconfia-se, que mesmo em meio a tantas propostas diferenciadas e sustentadas pelos estudos sobre língua e linguagem, ainda parece prevalecer o estudo da língua pela língua, baseado em normas gramaticais.

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