A afetividade nas relações interpessoais nas empresas

1 Introdução

Este estudo trata das influências da afetividade em uma empresa, focando no fator cultural, relacionamento interpessoal, espiritualidade dos colaboradores e líderes, como um sentimento que agrega ou desagrega para o bem de todos.

Assim, como a humanização no ambiente de trabalho que aponta as relações interpessoais, como um dos aspectos que contribuem para a formação do relacionamento ideal nas organizações, a afetividade entre os profissionais, é indispensável para melhores resultados tanto financeiros como de relacionamento com os clientes.

Isso justifica a relevância tema proposto para este artigo, ou seja, “A afetividade nas relações interpessoais nas empresas”, que está mais voltado para profissionais da área de recursos humanos e gestores de pessoas.

A partir dessa proposta, procuraremos responder o seguinte problema de pesquisa: quais os benefícios da afetividade para melhorar o relacionamento interpessoal e contribuir com os resultados empresariais?

Ao longo desta abordagem, entende-se que, o predomínio e elaboração de um ambiente organizacional em clima de bem estar, felicidade e cumplicidade, remete a resultados positivos, opostamente a de um clima de profissionais com problemas de sentimentos como, egoísmo, autoridade, desânimo, que remetem a relacionamentos negativos e baixa produtividade.

O objetivo geral deste artigo é mostrar que um ambiente de trabalho satisfatória, requer boas energias, empatia, pensamento coletivo e comprometimento, principalmente dos profissionais do RH, dos líderes e gestores, que devem possuir competências além das específicas de suas atividades de capacitação.
O trabalho está organizado em três tópicos de desenvolvimento do problema. O primeiro, voltado para fatores da cultura organizacional que podem influenciar nos relacionamentos entre as pessoas nas organizações.

O segundo, voltado para relacionamento interpessoal, entre empregados x empregados; empregados x gestão; empregados x empresa.

O terceiro, objetiva apresentar a afetividade e como a espiritualidade pode gerar benefícios e bem estar entre as pessoas e, consequentemente, melhores resultados organizacionais.

2 A cultura organizacional influenciando a afetividade entre as pessoas nas organizações

Cada ser humano carrega dentro de si bagagem desde de a sua infância até o decorrer da vida adulta, traz consigo percepções familiares, do círculo de amizades, das tecnologias que teve acesso, da sua religião, da sua vivência cotidiana. Dentro do contexto da empresa, as pessoas são influenciadas pela cultura da organização. Ribeiro (2008, p. 29) enfatiza que a “[…] cultura organizacional […] são os valores, crenças e atitudes da empresa que os empregados compartilham”.

Portanto, atitude da empresa e seus líderes influencia no comportamento de seus liderados, outrossim, Chiavenato (2010) revela que as empresas bem-sucedidas estão percebendo a importância de práticas gerenciais e culturas que privilegiam a participação dos funcionários, incentivando-os a ter valores e objetivos favoráveis a organização.

Diante da necessidade de mudança de paradigmas é fundamental entender os diferentes tipos de cultura, que conforme Barreto et al. (2013, p. 36-37, grifo dos autores) há quatro:
• Cultura clã – enfatiza o desenvolvimento das pessoas e valoriza a participação nas tomadas de decisões. A autoridade flui muito bem quando emana de membros comprometidos com o sistema há muito tempo. Os líderes tendem a assumir uma postura participativa, oferecendo suporte e facilitando a interação, a confiança e a lealdade.
• Cultura inovativa – é permeada por pressupostos de mudança e flexibilidade. Os fatores de motivação incluem crescimento, estímulo, diversificação e criatividade na tarefa. Os líderes tendem a ser empreendedores e idealistas. Apreciam correr riscos, gostam de prever o futuro e também se preocupam em obter recursos, suporte e imagem externa. A ênfase está voltada para a aquisição de novos conhecimentos em produtos e/ou serviços.
• Cultura de mercado – tem como orientação tendências de mercado e bases seguras de clientes. Os fatores de motivação incluem competição e consecução de resultados preestabelecidos. Os líderes tendem a ser diretivos, realizadores, competidores, orientados para o objetivo e estão constantemente fornecendo recursos e encorajando a produtividade. São severos e exigentes. O elemento que fundamenta a organização é a ênfase no vencedor.
• Cultura hierárquica – esta cultura é permeada por pressupostos de estabilidade e reflete os valores e normas associados à burocracia. Os empregados aceitam bem a autoridade que emana de papéis formalmente estabelecidos, de regras e regulamentos impostos. Os fatores de motivação incluem segurança e ordem. Os líderes tendem a ser conservadores em relação aos problemas de natureza técnica.

Partindo dessa descrição é fundamental que todos os envolvidos compreendam a cultura da empresa, seus processos, pois ela que traz a identidade da empresa. Não é possível conhecer plenamente uma organização se se desconhece a sua cultura.

3 Relacionamento interpessoal

O relacionamento interpessoal é um conceito da área da sociologia e psicologia que significa uma relação entre duas ou mais pessoas.No contexto do trabalho quanto melhor for a relação dos colaboradores na organização, mais produtiva será a sua convivência.As relações interpessoais tiveram como um de seus primeiros pesquisadores, o psicólogo Mailhiot (1976). Ao se referir a uma das pesquisas realizadas por esse psicólogo, sabe-se que ele chegou à constatação de que;A produtividade de um grupo e sua eficiência está estreitamente relacionada não somente com a competência de seus membros, mas, sobretudo com a solidariedade de suas relações interpessoais .

Trata de uma teoria das necessidades interpessoais: necessidade de ser aceito pelo grupo, necessidade de responsabilizar-se pela existência e manutenção do grupo, necessidade de ser valorizado pelo grupo. Tais necessidades formam a tríade de que fala Mailhiot (1976): necessidades de inclusão, controle e afeição, respectivamente

Segundo o psiquiatra austríaco Sigmund Freud, considerado o pai da psicanálise, o homem é, em sua essência, um ser relacional. Isso quer dizer que em todas as pessoas esta característica.

A importância da relação no campo empresarial para o alcance de sucesso, o quanto a comunicação é ponto primordial.Carnegie descreveu técnicas fundamentais para lidar com pessoas citando princípios: “não critique, não condene, não se queixe. Aprecie honesta e sinceramente; desperte o forte desejo na outra pessoa”. O autor acredita na habilidade de lidar com o próximo seja ele cliente, gestor, amigo ou familiar.Já Moscovici , chama a atenção para a importância das relações interpessoais no dia-a-dia, da seguinte forma:Pessoas convivem e trabalham com pessoas e portam-se como pessoas, isto é, reagem às outras pessoas com as quais entram em contato: comunicam-se, simpatizam e sentem atrações, antipatizam e sentem aversões, aproximam-se, afastam-se, entram em conflito, competem, colaboram, desenvolvem afeto. “Essas interferências ou reações, voluntárias ou involuntárias, intencionais ou não intencionais, constituem o processo de interação humana, em que cada pessoa, na presença de outra, não fica indiferente a essa situação de presença estimuladora.”

Chiavenato (2002) leva-nos a compreender que a qualidade de vida das pessoas pode aumentar através de sua constante capacitação e de seu crescente desenvolvimento profissional, pois pessoas treinadas e habilitadas trabalham com mais facilidade e confiabilidade, prazer e felicidade, além de melhorar na qualidade e produtividade dentro das organizações. Também deve haver relacionamentos interpessoais, pois o homem é um ser de relações, ninguém consegue ser autossuficiente e, saber se relacionar também é um aprendizado.O principio básico da filosofia de Carnegie é expressar interesse pelos outros é a melhor maneira de fazer com que eles se interessem por você, principio este importante para um líder no seu relacionamento diário.

Em um ambiente favorável com boas relações traz grandes benefícios para os lideres e liderados, consequentemente, para as organizações. Relacionamentos interpessoais éticos e gentis diminuem o individualismo, aumentam o comprometimento.Carnegie , a importância de um bom líder que tenha habilidade e entendimento da relação interpessoal citou:“Não se interesse apenas pelas pessoas aparentemente importantes de sua vida. É bem provável que elas já tenham atenção suficiente”.

Carvalho  “O relacionamento interpessoal entre o líder e os membros da equipe é um dos fatores mais relevantes na facilitação ou bloqueio de um clima de confiança, respeito e afeto, que possibilite relações de harmonia e cooperação”.

No livro como transformar as pessoas em ouro Kenneth Goode, diz: “pare por um minuto para comparar todo interesse que você tem por suas próprias questões com a leve preocupação que manifesta pelas demais coisas. Perceba, então que todas as demais pessoas do mundo sentem exatamente a mesma coisa! Então, juntamente com Lincoln e Roosevelt, você terá compreendido o único fundamento sólido dos relacionamentos interpessoais: que o sucesso ao lidar com as pessoas depende de uma compreensão simpática do ponto de vista delas”. Gawdat  descreve a fórmula da felicidade, ao demonstrar palavras, atitudes, pelas quais devemos agir para ser o que todo mundo deseja: ser feliz. Afirma que “o conhecimento verdadeiro é conhecer a extensão da própria ignorância” .

4 Benefícios da espiritualidade para uma melhor afetividade no trabalho

4.1 Afetividade

A afetividade, ao contrario do que pensa o senso comum, não é simplesmente o mesmo que amor e carinho, estamos falando das coisas que nos afetam. Todos somos afetados por coisas externas, como o olhar do outro, um objeto que chama atenção, mas também somos afetados por elementos internos, como a fome, as lembranças, então, a afetividade pode ser caracterizada por emoções positivas ou negativas, tanto por sensações internas como externas. É um dos conjuntos funcionais da pessoa e atua, juntamente com a cognição e o ato motor, no processo de desenvolvimento e construção do conhecimento.”O ser humano é organicamente social, e sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar” .

Wallon (ano) reconstruiu o seu modelo de análise ao pensar no desenvolvimento humano e, segundo ele, a afetividade e a cognição, estarão sempre em movimento, interacional, biológicas e sociais e, seu desenvolvimento permanece por toda a vida do indivíduo. Capacidade cognitiva é a aptidão que cada um tem individualmente de interpretar os estímulos do ambiente a sua volta e também de si mesmo para tomar as decisões. Permite avaliar o estímulo desencadeador de emoções negativas ou positivas e preparar um repertório individual flexível que faça com que possamos evitá-lo ou ativá-lo, em vez de reagir apenas automaticamente.

O ato motor nos remete ao pensamento dicotômico “mente/corpo”, ou seja, intenção de agir, pode ser demonstrada pelas expressões faciais, agitação corporal, e que ao longo dos anos vão diminuindo quando desenvolve outros recursos para se comunicar, como as palavras, elas definem o controle do ato motor.
Sendo assim, a teoria de Wallon (ano?), já se referenciava inconscientemente que o desenvolvimento de um ser, não era apenas a inteligência de raciocínios lógicos, até porque, estudos comprovam que o quociente de inteligência é representada por apenas 20% do cérebro. Desde criança já apresentamos retornos por atos afetivos e formação de personalidade, caráter, empatia, devido ao retorno das emoções, do mundo interno e externo e manter as relações interpessoais.
O livro Inteligência Emocional, relata que para termos bom convívio com as pessoas, temos que ter uma multiplicidade de expressões, sensibilidade emocional, empatia, auto controle, persistência, capacidade de alta motivação. Conhecer as próprias emoções é o primeiro passo para ter um bom relacionamento com as pessoas e essa qualidade faz toda diferença dentro de uma organização.

Sabemos que não é fácil lidar com as emoções, mas conseguir se recuperar rapidamente das perturbações da vida, diminui a ansiedade e a tristeza, que reflete em todo um departamento, em um ambiente empresarial. As pessoas são reflexos, remetendo aquilo que veem, ter equilíbrio emocional, ser positiva, elogiar, minimiza a tensão organizacional e estabiliza as emoções, da própria pessoa e de todos ao seu redor.
Motivação….. VOU COMPLEMENTAR BASEADO NO LIVRO INTELIGENCIA EMOCIONAL OK

4.2 Espiritualidade no trabalho

Espiritualidade no trabalho trata da saúde mental, não de religiosidade, é o clima no ambiente corporativo, a saúde espiritual, a paz de espírito.
Trabalhar com amor, pois o amor é combustível da vida, é o que move as pessoas, é o que as leva para frente, mesmo estando doente, impossibilitado, descapitalizado, o amor empurra, impulsiona, deve-se amar o que se faz e sempre ser agradecido e sentir gratidão pelos outros.O que melhora muito a espiritualidade no trabalho é exercer a gratidão, ela é uma ferramenta essencial.

Gratidão é se abrir para receber o amor do outro, as pessoas gratas tem características, uma dessas características é de que estas pessoas não estão “no piloto automático”, elas observam o que está ao seu redor, e conseguem sentir o que os outros estão sentindo, elas notam as outras pessoas.

Diante de acontecimentos, bons ou ruins, cada pessoa tem uma forma de autocontrole, ou ela pega a atitude ruim e ecoa em manifestação de ingratidão e de reclamação, ou ela vai paralisar ali, pois cada um tem autonomia para paralisar uma atitude, a forma mais inteligente é que diante das atitudes boas, deve-se ecoar, e das ruins deve-se dominar.

O maior ganho da espiritualidade no ambiente de trabalho, é trazer a gratidão como forma de conexão, trazer resoluções mais rápidas para os problemas, isso torna o ambiente de trabalho muito mais harmonioso, muito mais agradável, o fluxo das soluções acontece.O que mostra se uma organização é saudável, é a qualidade de seus vínculos, se os vínculos são tóxicos, tanto dentro, quanto fora da corporação, se o ambiente for tóxico, isso torna as pessoas ingratas. Se possuem vínculos que agregam, que acrescentam, que estimulam a gratidão nos colaboradores, faz com que eles sejam o seu melhor e, ampliando isso, o mundo também será muito melhor. Isso são vínculos saudáveis, isso faz com que os colaboradores colaborem e tornem o ambiente de trabalho mais saudável, se a pessoa está saudável, as pessoas estão com espiritualidade.

Como diagnosticar ambientes saudáveis ou não nas organizações? Um dos exemplos de ambiente não saudável, é o cancelamento de reuniões em cima da hora, e a sua remarcação, continuamente, isso cria um clima de tensão, pessoas que ficam ao celular enquanto o outro está falando com elas, e aquelas que não conversam olhando nos olhos, isso cria uma hostilidade, as pessoas subestimam isso pelo fato de ser pequenos gestos, pequenas atitudes, mas essas atitudes pesam no clima.

Quando se fala de amor e espiritualidade no trabalho não se está dizendo que se deve levar o mundo para casa, e também não se está falando de romance, esta falando de amor em vibrações e camadas, é incluir o outro, é trabalhar coletivamente.Um simples cumprimento de bom dia já muda o clima, é notar o próximo, fazer com que ele saiba que ele existe para os outros. Não se precisa ficar dando provas de amor, simplesmente tem que se importar verdadeiramente com o outro. Para a espiritualidade, deve-se usar o amor inteligente, ou seja, quando alguém faz algum mal, o outro deve elevar o grau de amor por aquela pessoa, não respondendo ou agindo da mesma forma que o outro. Ninguém pode mudar o jeito de ser e de agir dos outros, mas pode aliviar, diminuir a violência. Mais importante que amar, é permanecer no amor.

Uma boa ferramenta para a espiritualidade é a meditação, essa meditação é o momento de refletir, de se acomodar, de se tranquilizar. Na meditação, como a respiração, produtividade, capacidade de concentração, melhoram no relacionamento, além de tudo isso, ela vai trazer um tipo de consciência que o mundo imediatista rouba das pessoas, que é a grandeza de caminhar, o caminhar com calma, certo dos seus passos e calcular o impacto de das atitudes, ou seja, o processo é tão importante quanto o resultado.

Então, quando se chega ao que almeja dentro de uma organização, a pessoa vai ter feito a caminhada de uma forma saudável, não comprometendo seus relacionamentos, não corrompendo seus princípios éticos, e isso é muito importante.

A meditação também tem o beneficio de revelar a verdadeira identidade das pessoas, porque, quando se cala a voz interior, existe um aceitamento, e com o dia a dia, passa-se a aceitar o próximo também. A meditação elimina a solidão, pois ela faz com que a pessoa entenda ao que se pertence, e faz com que as pessoas se sintam bem a sua volta, ajuda a diminuir a raiva. Para exercer a meditação, tem que se procurar um lugar calmo, silencioso. É respirar fundo e devagar, eliminar todos os pensamentos, imaginar a expansão do corpo e observar o entorno.

Quando a pessoa encontra sua missão de vida, a felicidade, a prosperidade e a alegria encontram a pessoa também.

https://olhodetigre.com.br/cameron-quinn/
https://gaussconsulting.com.br/blog/clima-cultura-organizacional-o-que-e-fator-critico-de-sucesso-para-gerir-mudanca/

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