A dependência emocional em mulheres

1 Introdução

A proposta deste trabalho consiste no estudo sobre a dependência emocional em mulheres e a persistência em relacionamentos abusivos.
Portanto, é necessário investigar essa proposta a fim de averiguar o processo sócio histórico destas mulheres que vivem em um relacionamento abusivo, como também entender os dispositivos de fato disponíveis para o apoio emocional e a consolidação desta mulher enquanto autora de sua própria vida.

Diante desta problemática, parte-se da hipótese dos dilemas de ordem moral, social e psicológica, que contribuem para a dependência emocional, e, esta por sua vez, sucede na formação de comportamentos expostos a permanência da mulher em relacionamentos abusivo, progredindo para situações de violência.O objetivo deste trabalho é analisar a dependência emocional de mulheres e a possível influência em sua persistência em continuar nos relacionamentos abusivos. De tal forma que explore os principais atributos da dependência emocional de mulheres; averigua os aspectos que ocorrem em um relacionamento considerado abusivo e discuta a dependência emocional de mulheres e a persistência em relacionamentos abusivos.

Desse modo, é de pertinência deste tema também explorar o desenvolvimento do empoderamento feminino, de fazer com que a mulher busque formas de se relacionar e tenha a capacidade de sustentar sua autonomia.Esta é uma pesquisa bibliográfica e caracteriza-se pela consulta a materiais já publicados, sejam eles artigos, livros, entre outros, cujo o objetivo é analisar o conteúdo já exposto.

2 Desenvolvimento

2.1 Аmor e suas definições

“Amor”, palavra que vem do latim amare. É definido como “sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou
atracão; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa” (DICIONÁRIO DO AURÉLIO ONLINE, 2008 – 2016 apud MOTA 2018).
Os relacionamentos amorosos possuem relação com o bem-estar e a saúde mental do ser humano. Pouco se fala sobre o excesso de amor e suas consequências, quando o amor deixa de ser saudável e torna-se patológico.

2.2 Аmor patológico

O amor patológico (AP) é caracterizado pelo comportamento de consagrar cuidados e atenção ao parceiro de maneira continuada e desprovida de controle, em relacionamentos amorosos.
Segundo o DSM – IV,

“Os comportamentos dependentes e submissos visam obter
atenção e cuidados e surgem de uma percepção de si mesmo como incapaz de funcionar adequadamente sem o auxílio de outras pessoas […] Sua necessidade de manter um vínculo emocional importante frequentemente resulta em relacionamentos desequilibrados ou distorcidos” (DSM – IV – TR, 2002, p.674 apud MOTA 2018).

Alguns autores mais recentes apontam que a atitude de prender atenção e cuidados em relação ao companheiro é esperada em qualquer relacionamento amoroso saudável. Contudo, quando a falta de controle e de liberdade de escolha é exacerbada e passa a ser prioridade para o indivíduo, está caracterizado um problema chamado como amor patológico (AP), podendo estar manifesta em outros transtornos psiquiátricos, ligado a sintomas depressivos e ansiosos ou pode ocorrer isoladamente, em personalidade frágil, com baixa autoestima, sentimento de rejeição, abandono e de raiva. Além das características clínicas, alguns autores assemelham as características do AP e os critérios empregados no diagnostico na dependência de substancias psicoativas (Simon,1982; Norwoord,1985 apud Sophia.2018).

Estabelecemos 6 critérios de identificação e comparação de quem possui AP com os dependentes químicos (Sophia et al.,2007 apud Sophia,2018):

1) Sinais e sintomas de abstinência – quando o parceiro está distante (física ou emocionalmente) ou perante ameaça de abandono, podem ocorrer: insônia, taquicardia, tensão muscular, alternando períodos de letargia e intensa atividade;

2) o ato de cuidar do parceiro ocorre em maior quantidade do que o indivíduo
gostaria -o indivíduo costuma se queixar de manifestar atenção ao parceiro com maior frequência ou período mais longo do que pretendia de início;

3) atitudes para reduzir ou controlar o comportamento patológico são
malsucedidas – em geral, já ocorreram tentativas frustradas de diminuir ou interromper atenção despendida ao companheiro;

4) é despendido muito tempo para controlar as atividades do parceiro -a maior
parte da energia e do tempo do indivíduo são gastos com atitudes e pensamentos para manter o parceiro sob controle;

5) abandono de interesses e atividades antes valorizadas – como o indivíduo
passa a viver em função dos interesses do parceiro, as atividades propiciadoras da realização pessoal e profissional são deixadas, como cuidado com filhos, atividades profissionais, convívio com colegas. Entre outras.

6) o amor patológico é mantido, apesar dos problemas pessoais e familiares –
mesmo consciente dos danos advindos desse comportamento para sua qualidade.

Homens e mulheres com AP, apresentam características de personalidade semelhantes em relação ao relacionamento amoroso. Sendo mais comumente em mulheres.

2.3 Dependência emocional em mulheres

A dependência emocional acontece quando alguém acredita que depende do outro para ser feliz, se sentir amada e para tomar suas próprias decisões.
A personalidade dependente é tida como um transtorno psicológico, e é caracterizado pela necessidade excessiva de ser cuidado, que leva a um comportamento subalterno ao medo do rompimento de vínculos. A Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamentos – CID-10 (1993) mostra as seguintes características:
(a)encorajar ou permitir a outros tomarem a maioria das importantes decisões da vida do outro indivíduo;
(b) subordinação de suas próprias necessidades àquelas dos outros dos quais é dependente e aquiescência aos desejos desses;
(c) relutância em fazer exigência ainda que razoável às pessoas das quais depende;
(d) sentir-se inconfortável ou desamparado quando sozinho por causa de medos exagerados de incapacidade de se auto cuidar;
(e) preocupações com medos de ser abandonado por uma pessoa com a qual tem um relacionamento íntimo e de ser deixado para cuidar de si próprio;
(f) capacidade limitada de tomar decisões cotidiana sem um excesso de conselhos e reasseguramento pelos outros (CID10, 1993, p.202 apud Fabeni,et al; 2016).

Rodrigues e Chalhub (2009) Fabeni, et al; 2016, destacam que a dependência é embasada pela falta de reciprocidade. Essa dependência é adquirida por um vínculo deficientemente construído com a principal figura de apego na infância (mãe) provocando transtornos nos relacionamentos da vida adulta, onde a pessoa procura no outro, o amparo do afeto inexistente.

2.4 Violência domestica

A violência se caracteriza, pelas diferenças numa relação de desigualdade, a exploração e a opressão do outro, por meio de sua objetificação.
De acordo com Fonseca, Ribeiro e Leal (2012) apud Forti; et al (2018), existem cinco tipos de violência contra a mulher, sendo eles o físico, que é quando fere ou causa algum dano ao corpo da mulher; o patrimonial que referente à destruição de bens materiais, objetos e documentos que a mulher possui; a sexual que é quando o agressor força a vítima a manter ou participar de relação sexual sem o seu consentimento; a moral refere-se à quando o parceiro tenta denegrir a imagem da mulher e para isso adere meios como calunia, difamação e/ou injuria; e a violência psicológica ou emocional considerada para os autores a pior forma de agressão, pois esta é silenciosa e deixa marcas profundas, sendo definida por qualquer ato que suceda em dano emocional como baixa autoestima, humilhação, imposição, desrespeito e desprezo, ou seja, qualquer comportamento que viole os valores morais da vítima.

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