O Futuro Provável da Classe Trabalhadora

John Stuart Mill, estabeleceu duas teorias que tratam da posição social desejável para os trabalhadores: a teoria da dependência e da proteção e a teoria da autodeterminação.
Na primeira, discorre que a sorte dos mais pobres deve ser determinada para eles e não por eles. Não se deve encorajá-los a pensar por si nem a decidir o seu destino, evitando aquilo que os afete coletivamente. Sua sorte deveria ser pensada e decidida pelas classes mais altas. Na relação entre classes, os mais ricos deveriam demonstrar proteção carinhosa, enquanto a classe inferior, deveria demonstrar obediência grata e respeitosa. Os pobres deveriam assumir somente o seu serviço diário, com sua moral e religião, determinada por superiores. Estes também deveriam cuidar da moradia, alimentação, vestimentas, lazer e vida espiritual dos seus dependentes. A teoria envolve dominância e subordinação. Para Stuart Mill, nela repousa um ideal que nunca se realizou historicamente, pois as classes poderosas se muniram de egoísmo para se relacionar com seus inferiores, negando a esses o devido cuidado zeloso.

Já na segunda, Mill discorre que a partir do momento em que a classe trabalhadora aprende a ler, trabalhar socialmente e participar ativamente da política, esses tomam seus interesses próprios. Há uma reflexão acerca dos seus interesses, que faria com que percebessem uma não identificação entre eles e o interesse das classes superiores. Assim, gradativamente, passariam a rejeitar a moral e a religião, antes definidas. Tornam-se cada vez menos dependentes e seu bem-estar é criado a partir da justiça e do autogoverno. Nessa teoria, a chance de um futuro melhor residia no grau de racionalização dos trabalhadores. O espírito público seria despertado de diversas formas de conscientização, como debates políticos, conferências, instituições, circulação de jornais, sindicatos, entre outras formas que ajudariam a difundir a pluralidade de ideias nessa classe. Com o aperfeiçoamento intelectual da classe trabalhadora, essa dependeria menos das classes superiores, tomando suas próprias decisões e refutando a teoria da dependência e proteção. Outro benefício seria um decrescimento das taxas de aumento populacional e a independência das mulheres frente aos homens, podendo se dedicar a vida profissional e assumir outros papéis além da dedicação ao lar. No decurso dessa evolução, a relação entre patrões e empregados seria também substituída, havendo um menor contentamento com o trabalho assalariado e o desejo por novas formas de produção, que resultaria em associações entre trabalhadores e entre esses e capitalistas. Mill acredita, que essa primeira é a que vai prevalecer, ou seja, associação entre trabalhadores iguais, detentores coletivamente do capital empregado.

Concorrência da força de trabalho

As experiências com associações desse tipo, se limitavam a um escasso capital, com poucas ferramentas e uma pequena poupança, suas normas disciplinares eram mais rigorosas que das oficinas comuns, entretanto, eram obedecidas com mais rigor. A remuneração, se dava, inicialmente com um mínimo para a subsistência e posteriormente com a distribuição dos lucros com base na produção de cada trabalhador. Uma parcela desses lucros anuais era adicionada ao capital da organização, ou utilizada para quitação de empréstimos; outra parcela era utilizada para atender doentes e inválidos. Os administradores recebiam um salário mais bem remunerado, porém nunca visando o lucro, somente uma remuneração pela liderança.
Esses movimentos cooperativistas permitiam uma maior produtividade, devido ao estímulo ao trabalhador pelo adicional ao seu salário em face proporcional a sua produção. Mas não vingaram, pois a medida que cresciam, renunciaram aos princípios originais, transformando-se em sociedades anônimas com acionistas limitados.
Mill via nas sociedades cooperativas, o melhor futuro possível as classes trabalhadoras. Ele acreditava na extinção do assalariamento e a propagação desse estilo de remuneração, que reduziria desigualdades e divisões sociais. Ele também via a concorrência como um importante motor do progresso econômico, benéfica a classe trabalhadora por baratear os artigos de consumo. Somente a concorrência na oferta de mão-de-obra seria indesejada, pois reduziria os salários dos trabalhadores.

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