Política Internacional de Portugal em relação a Goa

Não somente envidou esforços diretos junto ao governo português, mas também colocou em prática uma estratégia internacional no âmbito multilateral das Nações Unidas e bilateral junto aos países parceiros. Sobretudo, como visto nos itens precedentes, o governo indiano apoiou os movimentos nacionalistas de corte indiano que atuavam desde Goa a Bombaim.

Há também aqui expressa uma reação da parte dos portugueses. A partir da independência da Índia, os movimentos nacionalistas passaram a ser o centro das preocupações de Portugal em Goa. Era o momento pós-Segunda Guerra, e Portugal vivia sob um regime ditatorial comandado por Antônio Salazar, presidente do Conselho de Ministros e grande dirigente do país. O governo foi marcado pela criação do Estado Novo – ditadura orientada por princípios conservadores. Sob essa salvaguarda, reprimiu oposicionistas, perseguiu comunistas, censurou os meios de comunicação e desenvolveu uma política de “propaganda” de governo. A sua administração recusou-se a realizar uma política de descolonização dos territórios das regiões que havia colonizado, à revelia dos movimentos de libertação organizados nas diversas colónias, das exortações feitas pela comunidade internacional e das resoluções da ONU.

Ataques internacionais da Índia

Outra preocupação de Portugal era defender-se das recorrentes investidas internacionais da Índia. Desse modo, o governo português decidiu mudar a sua tática de defesa sobre as suas possessões: alterou a Constituição em 1951 e passou a designar as colónias como províncias
ultramarinas, reforçando a ideia de nação pluricontinental. Pelas leis portuguesas, embora constituído por várias parcelas separadas geograficamente umas das outras, o
território do Estado era uno e regido por um só direito, sendo todos cidadãos portugueses.
Na década de 1950 até a liberação de Goa em 1961, o cenário geopolítico internacional estava conformado por três atores e duas preocupações: o bloco capitalista, liderado pelos EUA, o bloco comunista liderado pela URSS, e o bloco dos países afro-asiáticos não alinhados.

Os dois primeiros estavam presos numa disputa bipolar pela hegemonia global, e os últimos, preocupados com a descolonização e a reforma da ordem económica internacional atual.
Vários eventos concorreram para o advento da invasão de Goa pelo exército de Nehru em 1961. A impossibilidade de uma solução pacífica sobre a questão de Goa e do colonialismo no quadro das Nações Unidas; o recurso do uso da força para a libertação de Goa defendido pelos movimentos nacionalistas das colónias portuguesas e pela esquerda indiana; a liderança indiana
frente aos nãos alinhados; e a vitória nas eleições do Partido do Congresso na Índia foram motivos determinantes para a decisão de Nehru, que antes já tinha manifestado que a “política da Índia em relação a Goa não seria condicionada a uma postura teórica de não violência, mas sim por considerações práticas”.
É nesse contexto que, na madrugada do dia 18 de dezembro de 1961, um exército de 45 mil soldados indianos invadiu Goa e a anexou ao Estado indiano.

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