Semana da arte contemporânea

Os anos anteriores as datas da independência se apresentam sempre como anos de mudança, revolta e renovação. Na época de 1822, diversos grupos, de várias regiões, buscavam uma conjuração, uma independência, em relação ao acordo colonial. Marcado por muito sangue inocente derramado, o processo de independência de 1822, embora comemorado pela elite de (nos anos 1800) proprietários rurais, exportadores e traficantes de negros africanos, tem motivos para ser comemorado?

Passados 100 anos, a Semana da Arte Moderna de 1922 trouxe uma renovação para o ambiente artístico-cultural brasileiro, mostrando o que o país teria para oferecer na sua música, escultura, pintura, dança e literatura. Artistas como Oswald de Andrade, Anita Malfatti e Heitor Villa-Lobos, entre outros, foram para o Theatro Municipal de São Paulo entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, para mostrar que, assim como na Independência de 1822 (porém do ponto de vista artístico, do ponto de vista cultural), surge uma nova necessidade de mudança, quebrando os padrões vigentes e tecendo altas críticas as antigas estéticas. Atualmente, um ano antes do bicentenário da Independência, o Brasil passa por mais uma grande mudança… Um genocídio de 469 mil pessoas encabeçado pela negligência de um governo que, ao invés de exercer seu papel e governar, se sensibilizando com o sofrimento do país por inteiro, por várias vezes negou as possíveis soluções para o problema. Assim sendo, há motivos para comemorar? Perante 469 mil mortes negligenciadas pelo atual presidente, há motivos para comemorar?

Da mesma forma que houve sangue inocente derramado na Independência de 1822, houveram protestos e mudanças na Semana de Arte Moderna, e há, hoje em dia, uma guerra contra um inimigo invisível que acomete a população e demonstra uma situação problema pois, quando o povo vê a necessidade de ir pra rua, se expondo ao vírus, durante uma séria pandemia como a da COVID-19, fica evidente outro tipo de vírus, algo que não merece algum tipo de aclamação por se tratar, assim como a Emancipação brasileira de 1822, de um período violento e mortal.

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