Achados radiológicos de tuberculose na infância na tomografia de tórax

INTRODUÇÃO

A tuberculose é considerada um sério problema de saúde pública mundial. Segundo dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde, é a doença infecciosa que mais mata no mundo.

São cerca de 10.000.000 de casos novos de tuberculose por ano no mundo, e mais de 1.000.000 de mortes por ano em consequência da doença. No Brasil foram 73.864 casos novos em 2019, o que corresponde a um coeficiente de incidência de 35,0 casos/100 mil habitantes.

O agente etiológico da tuberculose é o M. tuberculosis que é transmitido, na maioria dos casos, por via respiratória. Pacientes adultos bacilíferos, ao tossir, espalham no ar aerossol que contém partículas infectantes, conhecidas como partículas de Wels, geralmente contendo poucos bacilos em suspensão. As partículas de Wels aspiradas alcançam as porções terminais da árvore respiratória, chegando aos alvéolos.
A primo-infecção tuberculosa ocorre quando um indivíduo virgem de infecção passa a abrigar a carga bacilar, em geral pequena.

No entanto, em algumas situações onde ocorre a convivência prolongada com doentes muito bacilíferos, o número de bacilos aspirados pode ser grande e levar a múltiplos focos de inoculação nos pulmões. Sendo assim conclui-se que a maior parte das crianças infectam-se em seus domicílios após contato com pais ou cuidadores com doença ativa.

Em indivíduos sem contato prévio com o bacilo, a infecção primária pode evoluir de forma subclínica. Esta infecção primária é chamada de tuberculose primária quando se manifesta como uma doença. A maioria dos casos de tuberculose pulmonar em crianças é primária.

Devido a dificuldade em encontrar bacilos em amostras coletados de crianças, o diagnóstico é frequentemente baseado na prova tuberculínica e evidências epidemiológicas, clínicas e radiológicas.

Diagnóstico de tuberculose em crianças

O diagnóstico de tuberculose na infância é desafiador pois frequentemente os achados clínicos são inespecíficos(65–95% casos). Sendo assim, o diagnóstico de tuberculose em crianças necessita de uma boa anamnese, uma busca completa de contatos e da contribuição de imagens radiológicas. Mesmo na ausência de prova tuberculínica positiva, a Organização Mundial da Saúde recomenda que a tuberculose seja diagnosticada por história de contato e radiografia. No entanto, as radiografias de tórax não são um bom indicador de tuberculose em crianças, pois sua sensibilidade é de apenas 40%.

A tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) mostrou-se superior à radiografia simples e à tomografia convencional de tórax na avaliação da presença e extensão das alterações parenquimatosas, já que permite a localização da doença ao nível do lóbulo pulmonar secundário.

Este método pode distinguir lesões residuais de lesões recentes, avaliar precocemente nódulos miliares e lesões centrolobulares, estas últimas caracterizando a disseminação broncogênica, mostrar a presença de pequenas cavitações, as opacidades em vidro fosco e o espessamento dos septos interlobulares, sendo especialmente útil nos pacientes com baciloscopia negativa, já que pode determinar a instituição de antibioticoterapia antes dos resultados da culturа.

A TC também é o exame de escolha para detectar gânglios linfáticos mediastinais e peri-hilares, comuns na tuberculose infantil, mesmo quando são pequenos. A TC mostra linfonodomegalias em 60% dos casos de tuberculose em que as radiografias de tórax são normais.

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