EPISIOTOMIA E A FALTA DE INFORMAÇÃO À GESTANTE

A atuação dos profissionais de enfermagem está relacionada diretamente com o incentivo ao protagonismo da mulher e a redução de intervenções, como por exemplo, a episiotomia, que acompanhou a maior incidência de partos hospitalares e, se tornou o procedimento mais realizado no mundo todo. O objetivo desta pesquisa foi identificar e analisar artigos científicos que discutam o conhecimento da gestante em pré-natal a respeito do procedimento episiotomia. Trata-se de uma revisão integrativa que recorreu a Biblioteca Virtual em Saúde com utilização do descritor “episiotomia”. Foram encontrados 2.201 artigos, após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, dentre eles, ano de publicação, autor, idioma e temática que respondesse ao objetivo do trabalho, a amostra para análise se compôs de 12 artigos. O estudo evidenciou que a gestante não tem sido orientada sobre o procedimento episiotomia no pré-natal. A consequência deste desconhecimento leva a mulher a submeter-se a intervenção cirúrgica não autorizada e que pode trazer riscos à sua saúde. O profissional, e aqui em destaque, o(a) enfermeiro(a), deve contribuir para a preservação da autonomia e do protagonismo da mulher estabelecendo vínculo com a gestante e priorizando o diálogo pautado em evidências cientificas para que a mulher possa ter participação efetiva, decidindo, juntamente com a equipe, sobre as possíveis intervenções em seu parto. Este conhecimento possibilita que a mulher faça as escolhas, evitando a realização de práticas impostas sem o seu consentimento.
Palavras-chave: Episiotomia, episiotomy, episiotomia.

1. INTRODUÇÃO
O parto normal é uma das experiências mais singulares e transformadoras que uma mulher pode vivenciar, carregando consigo valores sociais, culturais e emocionais que variam de gestante para gestante (PITANGUI et al., 2014). Por esse motivo, a prática da assistência obstétrica humanizada, baseada em evidências científicas, é de extrema relevância, podendo influenciar positiva ou negativamente no processo (SILVA et al., 2017).
A atuação dos profissionais de enfermagem está relacionada diretamente com o aumento do protagonismo da mulher e a redução de intervenções, como por exemplo, a episiotomia, que, após o aumento da incidência de partos hospitalares, se tornou o procedimento mais realizado no mundo todo, sob a justificativa de prevenir lesões perineais (ROCHA et al., 2018).
A episiotomia é um procedimento cirúrgico utilizado no período expulsivo, no qual é feita uma incisão na região perineal para ampliar o canal de parto (GUIMARÃES et al., 2018). Esta incisão pode ser classificada de acordo com a sua localização, de forma que pode ser identificada como lateral, médio-lateral e mediana, sendo a médio-lateral a mais utilizada e recomendada pelo Ministério da Saúde por meio das Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal de 2017 (MINISTÉRIO DA SÁUDE, 2017).
Este procedimento foi introduzido por Sir Fielding Ould, um obstetra irlandês em meados do século XVIII, com o preceito de auxiliar o nascimento em casos de partos complicados e para evitar lacerações graves no períneo (VIANA et al., 2011).
Em 1920 DeLee lançou um tratado (The ProphylacticForcepsOperation) no qual era recomenda a episiotomia de rotina como forma de profilaxia para evitar lacerações perineais, além do fórceps de alivio em todas as primíparas. A partir desta época a prática passou a ser utilizada rotineiramente pelos profissionais de saúde (DE LEE, 1920).
Na cartilha “Diretrizes Nacionais para a Assistência do Parto Normal”, publicada no ano de 2017 pelo Ministério da Saúde brasileiro, contrariando o que era preconizado até aquele momento, foi recomendado que a episiotomia não fosse realizada de forma indiscriminada, como rotina, mas somente em casos essenciais, a partir da avaliação criteriosa e baseada em evidências, por parte do profissional que acompanha o processo (MINISTÉRIO DA SÁUDE, 2017).
Dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher mostraram que no ano de 2006 a taxa de realização de episiotomia no Brasil foi de (71,6%) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006), índice incompatível com a recomendação da Organização Mundial de Saúde que orientava uma taxa de indicações em 10% a 15% dos casos. A assistência prestada no parto revela que a medicalização e as intervenções comprometem o modelo humanizado (OMS, 1996).
Um estudo realizado numa maternidade no sul do Brasil (DENGO et al., 2017) mostrou que as mulheres receberam pouca ou nenhuma informação sobre a possibilidade de serem submetidas a tal procedimento, o que reforça a deficiência das informações prestadas nos atendimentos de pré-natal por parte dos profissionais de saúde.
A humanização da assistência requer que os profissionais de saúde executem atendimento de forma individualizada, com informações esclarecidas e que permitam a tomada de decisão, pela mulher, sobre o seu parto (MINISTÉRIO DA SÁUDE, 2017). As mulheres devem estar envolvidas com o processo e ter chance não só de opinar, como também, mudar de opinião (MARQUE; DIAS e AZEVEDO, 2016).
O alto índice de realizações de episiotomia levantou o seguinte questionamento: O que as gestantes sabem sobre episiotomia e quais informações elas recebem a respeito por parte dos profissionais durante o pré-natal? A partir dessas indagações, o estudo teve como objetivo identificar e analisar os artigos que apresentavam discussões sobre o conhecimento da gestante em pré-natal a respeito do procedimento episiotomia.

2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo do tipo revisão integrativa da literatura, um método que permite a busca, avaliação crítica e a síntese de evidências disponíveis sobre o tema pesquisado, com o objetivo de conhecer e identificar a assistência prestada no pré-natal em relação as orientações sobre a episiotomia.
Foi realizada uma pesquisa por meio do descritor “episiotomia” na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Na seleção dos artigos, os critérios de inclusão foram: artigos contendo a expressão “episiotomia” no título; publicados em português; estudos com humanos; indexados nas bases de dados da (SciELO), Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e publicados no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2018.
Os critérios de exclusão foram: artigos escritos em outras línguas, artigos que não apresentassem a episiotomia como foco central da pesquisa, capítulos de livros, teses de mestrado e doutorado.

https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702018000401155

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